sexta-feira, 1 de maio de 2009

visões de irene



Quando os morangos pousavam
Nas taças, vindos da luz

Quando as ondas estalavam
No sol, vindas do céu

Quando as mesas se enchiam
Da tua presença, vinda do frio

Eu misturava tudo num batido
E os sumos pousavam nos copos

A tua presença era fugidia
Como o dorso da onda quando estala

A tua duração era a da frescura
Dos morangos, acabados de trincar

Dos sumos acabados de pousar
Nas suas cores, tão em volta dos lábios

Tão em volta das narinas, da exactidão
De cada linha do rosto

Quando o sol estalava mesmo dentro de casa
No centro da sala

E os cilindros se iluminavam,
As naturezas mortas começavam uma dança

E as flores iam pousar nos sítios certos
E as tuas visões fugitivas

Recortavam por toda a casa
O sabor dos morangos frescos, doces

Eu misturava tudo num batido
E bebia, bebia, essa presença inexplicável
De verso em verso, sem me poder conter



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Foto de Irene
Texto voj Porto 2009

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