domingo, 26 de maio de 2013

Vemos claro


O capital e a camarilha que o serve estão hoje expostos, nus, nas suas intenções, na sua pornografia de máquinas frias, que não deveriam enganar mais os inocentes. Ou seja, por debaixo de tanta retórica a sua nudez está hoje exposta à luz crua do dia, visível e não disfarçada. Única vantagem da situação extrema a que se chegou: só não vê quem não quer ou não deseja, por fazer parte dessa camarilha.
Desejam - capital e seus capatazes - tão só reproduzir-se como minoria privilegiada e sem oposição à custa da população em geral, transformando os antigos cidadãos em proletários (num sentido novo, que se aproxima do que Agamben descreveu como a vida do "homo sacer" na antiga lei romana).A comunidade, a sociedade, desapareceram (não era a malfadada Tatcher que dizia nunca ter visto a sociedade, só indivíduos?), dando lugar a mafias aparentemente desconcertadas, mas que radicalizam de forma sofisticada e "polite" os piores desígnios da direita. Aparentemente desconcertadas, pós-modernas, mas quando necessário em rede que passa despercebida, fluidas, sem centro, dispondo da mais avançada tecnologia e tendo entre os seus sequazes os melhores pensadores, técnicos e cientistas que podem contratar, irão liquidar a mais ou menos breve trecho tudo o que se lhes oponha. O que se lhes opõe, o que se opõe ao capital e seus servidores, é a própria humanidade, é a população.Ser um ser humano, querer viver, querer desejar, querer ser feliz, querer manter a dignidade sua e do próximo tornar-se-á (se já não é) impossível ou totalmente espúrio.Trata-se de uma "transfusão de sangue" à escala mundial, europeia e nacional - como jamais visto na história - , de uma transfusão de energia das pessoas para o capital.Os seus primeiros beneficiários e os seus lacaios, beneficiários servis de segunda escala, estão em toda a parte, perfeitamente coerentes e tranquilos, provavelmente são bons pais ou mães de família, cultos, e foram eleitos pelo voto "livre" dos inocentes.São máquinas, estão expostas no seu desígnio indecente. Não dispõem do sentimento da vergonha nem do remorso. São eficientes.