Quando há uma reportagem de televisão que entrevista crianças - como por exemplo hoje, por causa dos exames - as respostas são sempre irritantemente lacónicas.
Então, correu-te bem o exame, pergunta o pobre jornalista. Sim, responde a criança. Era fácil? Era, responde novo a criança para irritação também já do espectador. Então, não te sentiste nervoso? Não, senti-me bem... e assim por diante.
Meu deus, esta coisa dos media terem de cobrir toda a realidade (para servir de écrã aos verdadeiros problemas, está claro, pois as pessoas "precisam de se distrair") tem por vezes momentos de particular penúria, em que estamos todos já a fazer um frete excessivo, em torno do nada.
Muitas crianças não dispõem ainda do dispositivo fundamental da conotação, que consiste em desenvolver. Estão na pura denotação, e reduzida por vezes ao sim e não. São como computadores. Isso também diz muito do que é provavelmente o seu ambiente familiar, e do que é de certo modo igualmente a intrusão dos media nma área que é a da vda banal, sem notícia, porque quem efectua a reportagem não tem ocasião nem tempo para fazer da banalidade uma notícia, em cima do acontecimento.
O pior é quando muitos alunos chegam ao 1º ano das universidades e ainda estão neste regime "embuchado". Não desenvolvem, santos deuses! Empanturraram-se de consumo, de denotações, e não desenvolveram a conotação, a metáfora, a imaginação. Estão colados contra a realidade, como nas fotografias que postam nos blogues.
2 comentários:
A 13 de Maio, mas sem ser na Cova de Iria. Zizek fala sobre paralax e arquitectura: http://www.abc.net.au/rn/bydesign/stories/2009/2567788.htm
Obrigado. É interessante, porque se percebe perfeitamente o que entende por paralaxe.
Um abraço
Vitor
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