segunda-feira, 30 de junho de 2008

Letrário

O Letrário, empresa de consultoria em Língua Portuguesa, acaba de lançar a primeira editora on-line, exclusivamente dedicada à publicação de contos originais e inéditos. Na Letrário Editora, o acesso aos contos publicados é totalmente livre.



Ana Carolina Carvalho, Casimiro de Brito, Fernando Esteves Pinto, João Camilo, Laís Chaffe, Luís Ene, Paulo Kellerman, Rogério Castanheira, Urbano Tavares Rodrigues, Wilson Gorges são os escritores com que a Editora acaba de se lançar.



A Letrário Editora, cuja criação foi inspirada no projecto de responsabilidade social do Letrário (O Nosso Coração é Vegetal), tem três objectivos:

. promover a leitura em suporte digital, de modo a evitar o abate de árvores para fabricação de papel,

. promover a criação de novos textos em Língua Portuguesa,

. fomentar a leitura de textos em Língua Portuguesa, divulgando novos talentos e talentos já reconhecidos.



Votos de boas leituras.

A equipa do Letrário


T.: + 351 21 711 20 20

F.: + 351 21 711 20 29



equipa@letrario.pt


WAC 6 - 08 Dublin- World Archaeological Congress




Our friend and colleague, Gabriel O'Cooney, academic secretary of the congress, speaking.





A full room!


Our Portuguese colleague and friend, Luiz Oosterbeek, Secretary General of the UISPP, speaking.


First photos sent by Gonçalo Leite Velho. Unfortunately, too much work here forced me not to attend this important meeting - I have been in the WAC 1 in Southampton with Susana O. Jorge and others !!!


domingo, 29 de junho de 2008

reflexos de azul eléctrico





Uma das pessoas que pensa coisas interessantes, cá em Portugal,

é o Prof. José Bragança de Miranda.

Hoje descobri este site dele, que vale a pena consultar:

http://pwp.netcabo.pt/jbmiranda/default.htm

ver também:
http://www.rae.com.pt






anatomie de l'enfer-anatomy of hell





amira casar & rocco siffredi in a film by catherine breillat. inextricably linked to global debate on censorship, feminism, and studies of sadomasohism in film.

Source: http://youtube.com/watch?v=dNgHy7bCEXY

a propósito de...feminismo

Encontro num texto que me submeteram a seguinte transcrição de uma obra que não conheço ("Women Writing Culture", ed. por Ruth Behar e Deborah Gordon, publicada pela University of California Press, Berkeley/London, 1995); trata-se de uma série de questões levantadas por Ruth Behar (p. XI):

"What does it mean to be a woman writer in anthropology, a discipline deeply rooted in the narrative of the male quest? How does it change the history of anthropology to truly take seriously the writing of women anthropologists? Is there an ethnographic practice that is uniquely feminist?"

Gostaria, mais uma vez apressadamente, como a vida exige, de fazer a propósito alguns (magros) comentários.

- uma mulher a trabalhar e a produzir obra em antropologia significa mesmo isso, uma mulher a trabalhar e a produzir obra em antropologia.
Como porém "uma mulher" é uma abstracção redutora, e "antropologia" um campo convencional de investigação, a coisa complica-se.
De facto, o que é ser uma mulher? Cada mulher é diferente de outras, e é diferente de si mesma, na medida em que cada ser humano é muitos, é sobretudo o olhar de todos os outros (suposto ou imaginado) sobre ele. De modo que nem chega a ser, excepto como fantasia. Assim uma mulher é um ser humano que não só foi "socialmente construído" como mulher, mas que se fantasia como tal. Ora, sendo as fantasias voláteis e extremamente "íntimas", quer dizer, da ordem do desejo e dos seus fantasmas, não sei o que cada mulher, em cada momento (por exemplo, quando se assume como antropóloga) projecta na sua própria imagem. Não sei, nem posso saber, o que significa a pergunta que ela a si própria se põe. Nem ela mesma. Cada ser humano foi "performado" naquilo que não sabe que é...
Trata-se portanto de um enigma, se quisermos fugir dos lugares-comuns já muito batidos da sexualidade, dos estudos de género, da revolta contra as etiquetas das chamadas opções sexuais/sentimentais, etc. Este é um campo armadilhado. Mas há algum domínio que o não seja? Só se for o dos condomínios fechados, dos transatlânticos em cruzeiro (coisa tão foleira) e os das estâncias turísticas standard de tipo "Méditerranée".
Sem dúvida que a antropologia foi sobretudo um trabalho de indivíduos ditos "masculinos". Sem dúvida que a multivocalidade é essencial nesta disciplina, como em todas as outras. Sem dúvida que o que seria importante seria, por uma vez, ouvir directamente a voz dos antropologizados (mulheres, homens, o que fosse), em vez dos seus antropologizadores (dos seus "tradutores", ou seja, dos seus "traidores"). Mas, passando essas vozes para o lado da antropologia, já não estarão a falar do lado de cá, como elites educadas pela cultura escrita, quer dizer, formatadas pelo nosso modo de pensar? Claro que sim... de modo que a coisa (esta problemática) não é de facto fácil. Às vezes uma forma muito "prá frente" de postura é apenas um modo de legitimação, no mundo académico ocidental, e de aí encontrar um nicho... um tanto exótico... um nicho ainda não preenchido, um lugar que "vende"... e logo estando na modo o etno, o alternativo, tudo isso.


Claro que a história da antropologia tende a ser cada vez mais inclusiva. Ninguém aliás que escreva uma história da antropologia como as já existentes consegue editor. O feminismo, a par de toda a sua enorme pertinência, vende. É o que está a dar, sobretudo em países como Portugal onde não há tradição séria destes estudos. É evidente que os movimentos feministas modificaram o curso da história, e temos todos de os estudar e de lhes estar grato(a)s, porque mesmo quando muitas(os) activistas erraram no alvo, "puxaram as coisas para a frente", visibilizaram o reprimido, o oculto, a obscena hipocrisia patriarcalista. A emergência da "mulher" (passe a abstracção simplista) é a maior revolução do fim do século XX e irá continuar por todo o século XXI, esperando-se que práticas ancestrais de domínio e de absoluta objectivação dos seres e de manipulação dos seus corpos terminem no hemisfério sul. Sou contra todas as tradições que perpectuem horrores, contra todos os actos que, em nome dessa obsessão da autenticidade cultural (?) perpetram crimes contra o nosso semelhante e mesmo contra o nosso dissemelhante. Um direito internacional continua a fazer muita falta, e sabemos muito bem por que é que os senhores deste mundo pouco se preocupam com isso.

Claro que hoje - acho - já ninguém poria a questão de uma "prática etnográfica" especificamente feminina. Não há uma essência feminina, a mulher foi uma projecção do seu "criador", o homem... e não vou entrar na complexa problemática, por exemplo, da discussão lacaniana sobre isso, e das muitas feministas lacaninas e pós-lacaninas...
Naturalmente que, junto de certas comunidades, ser "homem" (para voltar aos estereótipos) ou ser "mulher", não permite ter acesso ao mesmo tipo de vivência e de universos, que estão muito separados (por exemplo, no mundo islâmico, como todos sabemos), e portanto de "informações". Daí que hoje, na continuação dos orientalismos, dessa mitologia, proliferem os livros-testemunho das mulheres do "Oriente" que conseguiram sair da miséria e da escravatura e "revelar" ao Ocidente todo babado as suas aventuras e desventuras. E isso vende.
Não, temos de ter uma postura mais séria e mais complexa nestes domínios. Em nome de tantos biliões de seres "femininos" que já sofreram e morreram. Haja dignidade, uma ética do silêncio.
Por isso sou arqueólogo. As mulheres da Pré-história, tal como as de Auschwitz, já não se podem queixar. Nem as crianças. Nem todos os explorados, os infortunados, os sacrificiados. E eu, que me dou ao luxo de os pensar, e que me abeiro deles, não quereria desrespeitá-los. Silêncio, pois. Um pouco de respeito nas perguntas que se fazem.




Questionação breve a Boaventura S. S.


Em "Um Discurso sobre as Ciências", Porto, Ed. Afrontamento, 1990, p. 52) afirma a determinado passo Boaventura Sousa Santos:

"A ciência moderna não é a única explicação possível da realidade e não há sequer qualquer razão científica para a considerar melhor que as explicações da metafísica, da religião, da arte ou da poesia. A razão por que privilegiamos hoje uma forma de conhecimento assente na previsão e no controlo dos fenómenos nada tem de científico. É um juízo de valor."

É claro que um trecho retirado (por acaso de leitura minha) de um contexto é sempre muito redutor em relação à totalidade da obra e do pensamento riquíssimos, de um autor da reconhecidíssima envergadura de BSS.

Gostava só de deixar um brevíssimo e fugaz apontamento, sob a forma de tópicos de reflexão:
- claro que explicações possíveis da realidade existem ou existiram milhentas, incontáveis, e muitas (a maior parte) terão sido extintas sem nunca passarem a escrito ou ficarem registadas. Assim, as "culturas" com escrita tenderam a impor as suas explicações às outras, e, entre elas, a nossa, ocidental, expansionista, de um ponto de vista económico, político, militar. A antropologia registou muitos "outros pontos de vista" mas traduziu-os para o nosso, pela escrita, pelo uso da nossa língua, pelo uso dos protocolos da disciplina, mesmo quando procurou o maior esforço de "neutralidade", dita "objectividade", possível (e às vezes precisamente em função desse esforço ainda nos deu uma visão mais centrada em nós). Há assim sob a crosta das explicações conhecidas (das ontologias, das filosofias, das cosmovisões, das cosmologias, etc.) uma enorme lava perdida e jamais recuperável. É muito importante fazer o luto do irrecuperável, ou seja, abandonar a nostalgia de um mítico todo e habituarmo-nos a conviver com a precaridade, com a perda, quer dizer, construir um pensamento para a vida humana e não para a vida eterna, uma assumida "ideologia", em vez de uma definitiva "teologia".
- a questão de uma explicação ser melhor que outra é puramente circunstancial, quer dizer, não há um critério absoluto de valor, transversal a todos os domínios de saber/experiência e de épocas, que nos permita a priori valorar uma explicação em relação a outra. Em cada campo somos conduzidos pelas regras desse campo, regras essas que nem são estanques, nem são obviamente imutáveis - tudo ao contrário.
- a ciência, como campo da actividade humana entre muitos outros, pode obviamente em cada circunstância decidir o que é melhor para determinado saber, de acordo com a comunidade de produtores desse saber. O mais comum é não estarem todos de acordo, como em qualquer actividade humana. Mas é também essencial que, pelo menos localmente, circunstancialmente, uma comunidade científica estabilize um conjunto de procedimentos por forma a poder dar continuidade a um processo de produção que envolve investimentos (nunca ingénuos nem movidos pela curiosidade, já sabemos, não estamos aqui em estado de virginal inocência) enormes, e arrasta/atrai interesses económicos e estratégios decisivos. Quer dizer, é de esperar que em ciência, sobretudo naquela que implica tecnologia cara, as pessoas se ponham de acordo, pelo menos em cada equipa (realidade que hoje está globalizada - uma equipa pode estar espalhada por todo o planeta, graças à net), por forma a validar um conjunto de normas de procedimento, que começam logo com a própria decisão de quais são os temas que se vão pesquisar e quais os orçamentos inerentes a tal processo. Isto é muito diferente do que pode acontecer com um artista plástico, trabalhando sozinho ou em equipa, quando decide fazer uma instalação ou pintar um quadro... como é evidente.
- uma decisão científica vale o que vale: é uma decisão humana como qualquer outra. Não é atestado de qualidade em si. Não existe tal, qualidade em si, nem selo em si, nem o zelador dos selos de qualidade em si, seja ele o Estado, ou Deus, ou qualquer outra entidade que a imaginação possa criar. Temos de viver com a precaridade e com a circunstancialidade de tudo, isto é, com o carácter político (quer dizer, gestor de interesses, e portanto valorizando sempre umas coisas em detrimento de outras) de qualquer decisão. Pode e deve - deveria - ser essa decisão avaliada, confirmada, não apenas pelos seus técnicos, não apenas pelos políticos, mas idealmente pelos cidadãos cientes, capazes de fazer tal. É aqui que a nossa sociedade contemporânea falha, porque a maior parte dos cidadãos não pode objectivamente ter aqui voz. Não há competência, não há massa crítica, não há tempo, não há ocasião, não há meios objectivos dos cidadãos comuns entrarem no "laboratório" ou no "ministério" da ciência, e de dizerem: se me permitem, tem mais valor irem por aqui ou por ali. Aqui põe-se o problema da representação em democracia formal, que é a que temos hoje. Quem representa quem, quem valida quem, e em nome de que interesses?... não estamos num mundo maravilhoso de anjos, mas num mundo de interesses e,evidentemente, de negócios. O "otium" deixou de estar ligado ao saber que rende, que rende dinheiro. E isso é que conta. Dinheiro e luta pelo prestígio internacional (o prestígio nacional em países como o nosso é um valor de relativa baixa cotação, à excepção das equipas/laboratórios de elite, que gerem os magros recursos), que é de novo dinheiro, capital simbólico facilmente transformável noutras formas de capital.
- portanto é óbvio que não há razões científicas para privilegiar a ciência, ou as suas decisões/conclusões, a não ser as que a própria ciência estabelece para si própria, em circuito até certo ponto fechado. O contraditório existe, mas é entre pares. Fora deles, e devido à alta tecnicidade existente, inerente à ciência moderna, é impossível a um indivíduo de fora ter uma opinião minimamente consistente. Vejo isso pela minha própria área de especialidade. Estamos sempre a falar de inter e transdisciplinaridade, mas até trememos quando algiém, de outra área, vem querer abordar o nosso campo. A primeira reacção é de defesa ou de precaução quase instintiva: lá vem este tipo falar do que não sabe... ou entra mosca ou sai asneira... e pomo-nos numa posição delicada de extrema atenção e complacência, desejosos de que a pessoa não diga algo de que temos mesmo de discordar, porque cai mal em muitas circunstâncias sociais, que se fazem de um ritual de partilha. É uma chatice discordar, ou emendar outra pessoa, sobretudo se ela é um grande vulto na sua área, e até mostra abertura para com a nossa. Parece mal. Assim, os equívocos da (in)comunicação proliferam. Porque a discordância seria o mais esperável, e o mais interessante...
- a ciência não é apenas previsão e controlo dos fenómenos, tanto quanto me parece. É evidentemente muito mais que isso, como bem sabe BSS. É um sistema de vivência e de produção de conhecimentos que desconfia das intuições, improvisações, crenças espontâneas, e cria protocolos para, pela intermediação tecnológica, proceder a análises que permitam elaborar modelos e teorias partilháveis, ou seja, intuições e crenças suficientemente avalizáveis por parte dos poderes públicos para que eles continuem a investir nelas, baseados nos resultados objectivos conseguidos na vida prática (produção de mais máquinas, tratamento de doenças, intervenção qualificada em todas as esferas de decisão, o chamado desenvolvimento, etc.). Os políticos precisam dos cientistas - como aliás de todos os outros produtores de formas de vivência, inclusive religiosa... - guardando-se o direito, que delegámos neles (nós que não temos tempo nem outras condições para governar, de administrar) de tomar as decisões finais, para bem ou para mal... há aqui uma questão de confiança, que é inerente à democracia. Evidentemente que quando olhamos para muitos chefes de Estado, mesmo europeus, ou membros das oposições concorrentes, vemos por que é que essa condição constitutiva da ideologia democrática está em crise.
- é preciso, creio, vermos a ciência como uma esfera imprescindível da actividade humana, mas, tal como a arte, a religião, a filosofia, o que se queira, eivada de interesses e de circunstancialismos, uma realidade histórica como qualquer outra. Há muitas formas de racionalidade, e uma delas é a científica. Chamar irracional a outra forma de racionalidade é evidentemente uma atitude política e ideológica, como o é tratar como crença a visão do outro, erigindo-me em decisor (de um ponto de vista superior, portanto) da inferioridade do outro. Um decisor por vezes benevolente, tolerante, o que é a ideologia do neoliberalismo. Todos podem coexistir desde que isso dê lucro e não perturbe o sistema. Este, quando verdadeiramente ameaçado, instaura logo restrições à democracia, porque essas restrições (por exemplo, o famoso estado de excepção que Agamben discute) são inerentes a todo o poder, mesmo o democrático. Um poder não o seria se não pudesse ultrapassar-se, demarcar as condições do seu exercício, mudar as fronteiras de onde até pode ir. Este ponto é fundamental. Não há nunca poder sem abuso de poder, sem privilegiados e sem excluídos. Não é pelo poder ser "mau": é porque sem excluídos, sem fronteiras, sem ameaças, o poder não serviria para nada, e seria então utopicamente preferível a an-arquia, quer dizer, a ausência de poder formal, ou seja, a perda do fundamento, dos arcontes e dos arquivos, da legitimação pela representação. A democracia está ligada ideologicamente a uma metafísica da representação.
- o que distingue então basicamente uma obra de arte de uma obra de ciência? A resposta seria, como se compreende, longa. São duas formas de produção de constructos que se baseiam no rigor, num rigor contra-intuitivo. Mas enquanto que na obra de arte a legitimação daquilo que ela propõe se faz a posteriori, pela aceitação social dos seus fruidores e críticos, na obra de ciência a legitimação tem de ser feita de algum modo a priori, devido às condições concretas do processo de produção, a que acima aludi. Isso implica um conjunto de regras partilhadas, perfeitamente convencionais na base (uma axiomática), mas que "funcionam", desembocam em efeitos, que deveriam ser úteis, partilhados, e menos dirigidos à guerra e à sofisticação crescente dos meios de controlo dos indivíduos, dos povos, e da destruição da heterogeneidade que existe no nosso planeta. Infelizmente não é esse o caminho acelerado que as coisas levam. Desde que comecei a escrever esta postagem, quantas desgraças aconteceram no mundo em nome do desenvolvimento ou de qualquer outro princípio legitimado, e portanto em última análise da ciência? Não podemos ter desta uma visão inocente, mas diabolizá-la pode parecer que estamos a voltar, ou a querer nostalgicamente voltar, a formas de vivência e de saber que fazem parte do passado. Não é isso. Relativizar a ciência através de uma distanciação crítica não é querer voltar a qualquer forma de bruxaria ou de xamanismo, como fazem certas seitas contemporâneas, que representam uma forma de exclusão carnavalizada.

- há que des-sacralizar a ciência ao mesmo título que há que des-sacralizar tudo o resto... e para quê? Para que a nossa existência possa re-sacralizar constantemente o mundo, em todos os seus aspectos, inventando novas formas de inserir nos templos da canonização, da autoridade, não apenas uma pequena parcela da experiência humana, mas parcelas maiores, em nome da heterogeneidade e da solidariedade, que é sempre um modo de nos protegermos contra a incerteza do futuro, a violência e a agressividade do outro. Incluindo a atmosfera que nos permite respirar, viver.


Hei-de voltar a estes assuntos...

a "aceitação" leva tempo


Uma obra inovadora (no sentido da obra geral de um autor, ou de um conjunto de autores) não tem um público; ela tem de o formar, de o criar


Alain Robbe-Grillet

mentor principal do "Novo Romance", a propósito da reacção de recusa que inicialmente os livros dele e dos seus "compagnons de route" suscitaram (na palestra postada neste blogue, ontem), pressupondo que todo o leitor espera sempre algo de "novo", mas de re-conhecível segundo os padrões a que se habituou. Quando uma obra é verdadeiramente inesperada, diferente, provoca ruptura quase abusiva é ou aparentemente "disfuncional", absurda, a primeira reacção é de indiferença ou rejeição, à excepção de uma muito pequena minoria.
A canonização, a dar-se, chega mais tarde, às vezes muito mais tarde.
É por isso que Lobo Antunes uma vez disse na televisão que não escrevia para agora, mas para daqui a quinhentos anos; a afirmação, que poderia parecer petulante (pressupondo uma celebridade durável para a sua obra) refere-se a essa irritação dos artistas com a temporalidade dos media e do público comum, que desejam saber logo, perceber logo, absorver logo, numa (quase) canibalesca atitude de devoração


Dadi Assad: Ai Que Saudade D'ocê



Source: http://youtube.com/watch?v=CBMe9foIuR0

sábado, 28 de junho de 2008

Alain Robbe-Grillet's lecture - part 1 of 10



Source: http://youtube.com/watch?v=vYhfREWj-hg&feature=related

Alain Robbe-Grillet's lecture - part 2 of 10



Source: http://youtube.com/watch?v=GrhZjY7T07E

Alain Robbe-Grillet's lecture - part 3 of 10



Source: http://youtube.com/watch?v=lotjVybW6BU

Alain Robbe-Grillet's lecture - part 4 of 10



Source: http://youtube.com/watch?v=LzUBVBRsxo4

Alain Robbe-Grillet's lecture - part 5 of 10



Source: http://youtube.com/watch?v=hldH3EkaQjw

Alain Robbe-Grillet's lecture - part 6 of 10



Source: http://youtube.com/watch?v=Y8H9reKa05k

Alain Robbe-Grillet's lecture - part 7 of 10



Source: http://youtube.com/watch?v=xqF5_c2GpBM

Alain Robbe-Grillet's lecture - part 8 of 10



Source: http://youtube.com/watch?v=dYV44UBVP6A

Alain Robbe-Grillet's lecture - part 9 of 10



Source: http://youtube.com/watch?v=ZC8ZKbe6ujc

Alain Robbe-Grillet's lecture - part 10 of 10



Alain Robbe-Grillet has given a lecture at San Francisco University in April 1989.

Source: http://youtube.com/watch?v=shF86TSxzIM&feature=related

Advertência...


Vou postar a seguir uma palestra informal de Alain Robbe-Grillet, romancista e cineasta francês nascido na Bretanha, a qual, como sempre acontece no You tube, está dividida em parcelas numeradas. O autor só começa a falar na segunda. Robbe-Grillet acentua o aspecto auto-biográfico de toda a obra autoral, o que me parece extremamente interessante numa época em que muitos são atraídos por um modelo maquínico e tecnocrático de ciência, e por extensão de indivíduo, que não é mais do que uma degenerescência perversa da ciência - no que ela tem de humano, de emocional e portanto sempre de periclitante e de "fabricado", de político - e uma castração do indivíduo num discurso inócuo, repetitivo e cansativo. Robbe-Grillet, que vem de uma formação desse tipo, abandona-a a certo momento da sua vida para tentar perceber o que é o mundo e o que faz aqui - por muito insensata e ambiciosa que seja a pergunta, ela é irreprimível: a vontade de dar sentido retrospectivo à fragmentação da vida.
Belíssimo a esse respeito o que diz do livro de Marguerite Duras, L'Amant. Por exemplo...

glissements progressifs du plaisir




extrait du film glissements progressifs du plaisir (1974) de alain robbe-grillet


Source: http://www.youtube.com/watch?v=qszHoS0e_hE&NR=1

Alain Robbe-Grillet : Je ne suis pas un cinéphile !



Alain Robbe-Grillet est décédé le 18 février 2008. Pour lui rendre hommage, voici une petite vidéo dans laquelle de sa belle voix grave il nous parle de cinéma, et prend ses distances avec la "cinéphilie" (Cahiers du Cinéma).

Source: http://youtube.com/watch?v=MKI-LnCKu1I


Quand j' étais très jeune j' ai assisté à Lisbonne à une conférence de cet auteur, et ses livres m'ont fasciné énormément. Ses atmosphères évidées de personnages et de narratives s' approchaient étrangement de mon intérêt pour l' archéologie.

L'année dernière à Marienbad (A. Resnais)



Source: http://youtube.com/watch?v=mJuSx5L1EKg&feature=related


Un des films de ma vie, une poétique de la description, de la répétition, de l'objectual venant remplir sans lâche le vide de l' existence - une expérience qui m'a accompagné depuis ma jeunesse.

Alain Resnais: ANNÉE DERNIÈRE À MARIENBAD



Source: http://youtube.com/watch?v=38LnAFcORxQ

Jean-Luc Godard's Alphaville



Source: http://youtube.com/watch?v=zx8ohP7qro4&feature=related

4 Months, 3 Weeks and 2 Days - Golden Palm Winner at Cannes




This film has won the Golden Palm at 2007 Cannes Film festival.

Source: http://youtube.com/watch?v=dbAYPt1mpgI&feature=related

Soko - I will never love you more



Source: http://youtube.com/watch?v=yfDvxCPjJBQ&feature=related

Soko - I'll kill her



Source: http://youtube.com/watch?v=25AsfkriHQc

poesia em Lisboa


A DiVersos na Casa Fernando Pessoa

Rua Coelho da Rocha, 16 - a Campo de Ourique
em Lisboa


CONVITE / INFORMAÇÃO

Apresentação de Duas Colecções de Poesia

Quinta-Feira, 3 de Julho, às 18:00


As Edições Sempre-em-Pé e a Casa Fernando Pessoa têm o prazer de
convidar V. Exa para uma sessão em que serão apresentadas as duas
séries de poesia actualmente publicadas pela editora referida: a
série DiVersos - Poesia e Tradução, que se publica desde 1996, e a
colecção de poesia UniVersos, iniciada em 2005.

Além de outros números recentes, estará disponível o n.º 13 da
DiVersos, acabado de publicar em Junho. Serão lidos poemas por alguns
poetas (Cristino Cortes, João Miguel Henriques, J. T. Parreira e Ruy
Ventura) e tradutores (Ana Maria Carvalho, José Lima e Manuel
Resende) que já colaboraram com a DiVersos.

Dos quatro títulos publicados na colecção UniVersos, os dois últimos
serão abordados com mais vagar: Rio Abaixo, Rio Acima, do poeta
alemão Tobias Burghardt, numa edição bilingue com tradução portuguesa
de Maria de Nazaré Sanches, e Gloria Victis, do poeta Carlos Garcia
de Castro, com a presença e apresentação pelo Autor e comentário
crítico do Dr. Rui Cardoso Martins, do Jornal Público.

A sessão será coordenada por José Carlos Costa Marques, um dos
coordenadores de DiVersos e editor de ambas as séries. A entrada é
livre.

Lauryn Hill - I Gotta Find Peace Of Mind [MTV Unplugged]



Source: http://youtube.com/watch?v=EyOhUXsGqak

Roman Polanski - Wanted and Desired Trailer



Source: http://youtube.com/watch?v=6UlKFgjhZJI

SUNDANCE '08 - INTERVIEW: ROMAN POLANSKI: WANTED AND DESIRED



An interview at 2008 Sundance Film Festival with Marina Zenovich, Director of ROMAN POLANSKI: WANTED AND DESIRED.

Source: http://youtube.com/watch?v=IaONz9n08hU

Karen Dalton - Blues On The Ceiling



Source: http://youtube.com/watch?v=wvQoJFx8KLA&feature=related

Karen Dalton - In A Station



Source: http://youtube.com/watch?v=__rmFI-990E&feature=related

Karen Dalton, God Bless the Child



Source: http://youtube.com/watch?v=jlw6S-IYSmE

Karen Dalton, It Hurts Me Too



Greenwich Village folk singer (and big Dylan influence) Karen Dalton performing her version of "It Hurts Me Too", originally made popular by Elmore James. From a French documentary filmed in NYC, 1969.

Source: http://youtube.com/watch?v=y-BIKjypNsE

Nneka - No Longer at ease - Official Trailer



Source: http://youtube.com/watch?v=RBS5_DtVxO4

Nneka: The Uncomfortable Truth



Source: http://youtube.com/watch?v=QHoQFWF3bEg

NNEKA - Africans



Source: http://youtube.com/watch?v=kXMTtOS-oKg

Cinema e poesia: a imagem fulgurante

Manuel Gusmão em entrevista ao Público (suplemento Ípsilon de ontem, 27.6.08, p. 30):

"(...) Interessa-me a relação possível entre a imagem literária e a cinematográfica. Não é evidente à partida*, mas pode encontrar-se do ponto de vista da alucinação. Não enquanto percepção de algo que não está lá, mas como algo que constrói uma presença que não se diria que está lá traduzida. Há um surrealista belga, Paul Nougé, que a propósito do Magritte, diz que as metáforas são figuras de coisas que o artista quer que existam. Acontece muito na poesia contemporânea. Se pensarmos a que é que aquilo diz respeito, qual é o sentido literal oculto**, estragamos tudo, porque não se trata disso. O que interessa é a evidência figural que aquilo contrói, o objecto que passa a existir com aquela criação. A imagem poética pode aproximar-se aqui da cinematográfica, que tem um certo poder de insistir no lado alucinado da imagem. Há uma fulguração, uma evidência do desenho da imagem, que vem da situação típica do cinema, a sala escura, que não é a experiência que tendemos a ter hoje, com os DVD. Mas na sala escura é ainda mais evidente esse fenómeno de intensificação do fulgor da imagem."


_________
Os sublinhados a vermelho são meus.
_________
* comentário: para mim, é. VOJ
** também não acredito muito em sentidos literais ocultos... VOJ

Nellie McKay



Source: http://youtube.com/watch?v=YJZY-Czcp2E

Curso, na Estremadura espanhola, sobre arquitectura de terra


(clique na imagem para ampliar e ver contacto onde pode obter mais informações)

film's grants


"In the wake of reportedly lively discussion of the Indiana Jones franchise throughout the archaeological community, ideally the following will stimulate some serious constructive afterthought:

Through the TFI Sloan Filmmaker Fund, in 2008 the Tribeca Film Institute will award multiple annual grants ranging from $10,000–$40,000 in 2008, totaling $140,000.

They seek exceptional narrative work of all genres (except science fiction or fantasy) with scientifically accurate themes or characters. The fund’s purpose is “to ensure that the great untold stories and wonderful characters from science and technology reach the wider movie-going audience.”

Projects should be feature-length narratives that creatively question the role of science and technology in everyday lives, and depict the lives of scientists, engineers and mathematicians in new ways.

They can be at any stage of development, production or post-production: treatments, finished screenplays, works-in-progress (films that have commenced production), as well as completed films seeking distribution will be considered.

Note: Funding is NOT available for short films or documentaries. But beginning filmmakers of demonstrated ability will be considered.

For details and application information see
http://www.tribecafilminstitute.org/sloan/fund/17388354.html

Carole Lazio
55 West 55th St-#11(PHS)
New York, NY 10019 USA"

(Source: Wac list)

sexta-feira, 27 de junho de 2008

lápide


ALGUMA COISA NAQUILO QUE LEVIANAMENTE
PASSA ÀS VEZES POR IMAGEM PORNOGRÁFICA
É AINDA A ÚLTIMA TEOFANIA POSSÍVEL

A INSCRIÇÃO NO CORPO ESTIRADO
DA PRESENÇA DO ABSOLUTO.

POR ISSO, HIPÓCRITA, PERVERSO(A), OU RECALCADO(A),
NÃO ACUSES TÃO RAPIDAMENTE
AQUILO QUE DE FACTO, DESDE AS VÍSCERAS,
TE PRENDE TÃO TOTALMENTE A ATENÇÃO.



turismo


uma vez, uma mulher, cujo rosto - e particularmente talvez o olhar - sempre me interessou, mas deixei de ver durante longos anos, encontrou-se comigo.
e disse-me:

"não sou uma intelectual.
gozo o mundo.
ganho um bocado de dinheiro, e vou gastá-lo numa viagem.
os meus pais deram-me carro e casa, estou bem."

nesse momento percebi.
eu preparava-me para me tornar em mais um dos seus produtos de consumo.

Acabada a conversa, nunca mais a procurei.
E isto tem-se passado com bastantes pessoas.

De repente abre-se uma falésia por onde caem;

e regressa-se a casa sem remorsos, aliviado,
reconciliado com a solidão,
desejoso de um livro que se possa ler, sobre uma mesa redonda,
com um único candeeiro de abat-jour redondo como a mais terna
das companhias.


fim


é preciso é que os vizinhos não notem
é preciso é que algum pingo
seja limpo do chão

não é necessário escândalo
nem emoção

um a mais ou a menos
problema de estatística
e de algum movimento
na escada

um dia há-de ser
mesmo a sério
voltar a entrar
na ampola láctea

e pela primeira vez poder sorrir
aquele sorrido adiado
de quem se despede mesmo

silêncio na escada
trabalho perfeito
imersão no peito

junção no mamilo
onde todas as perguntas
se esgotam
por uma razão puramente de horário:

é que chegou o momento.
e o filme pode encher o ecrã
com a mais gloriosa palavra
que dá sentido à história:

fim.


voj 2008

From Berg's catalogue October 2008-March 2009


Source of the image above and of the text below: http://www.amazon.co.uk/Art-Porn-History-Seeing-Touching/
dp/1847880673/ref=sr_1_1?ie=
UTF8&s=books&qid=1214583248&sr=1-1


(Click on the image to read)

Art/Porn. A history of Seeing and Touching
by Kelly Dennis, Univ. of Connecticut, Storrs.

"Synopsis
Do we really know pornography when we see it? Pornography is condemned for being 'too close' whilst erotica is defended as 'leaving room for the imagination'. And the art of the nude is treated as something much more special, located even further away from the potential of arousal. "Art/Porn" argues that these distinctions are based on an age-old antithesis between sight and touch, an antithesis created and maintained for centuries by art criticism. Art has always elicited a struggle between the senses, between something to be viewed and something to be touched, between visual and visceral pleasure.Images compel the senses in ways that are both taboo and intrinsic to art. Contemporary responses to images of the nude embody this long-standing tension. Our fears about the materiality of art when in close proximity to our own bodies exist alongside a regulation of sensory response which dates back to Antiquity. "Art/Porn" reveals how - from fondling statues in antiquity to point-and-click Internet pornography - the worlds of art and pornography are much closer than we think."

Available March 2009

to be published by Berg


Goth Culture
Gender, Sexuality and Style

Dunja Brill


Goth Culture explores Goths' expressive practices of dress, fashion, style and the body, in relation to issues of identity and representation.

The book shares vivid accounts of the author's experiences exploring gender and sexuality and doing fieldwork in the Gothic subculture. Through the voices of Goths from the UK, US and Germany, it draws the reader into the gender-bending and heavily gendered world of Goth. It reassesses the significance of the dress of both male and female Goths, examining these striking and often highly creative subcultural fashion displays.

Using a wide range of methods and sources, from ethnography to critical examination of music, literature, social theory and different types of popular media, Goth Culture offers an original and accessible analysis of the fashion, media and counterculture of the Gothic world.
About the author

Dunja Brill is at Humboldt University, Berlin.
Contents

1. Setting the Scene
2. Subverting Gender, Gendering Subculture
3. Style and Status
4. Female Style and Subjectivity
5. Masculinity in Style
6. Gender Relations
7. Queer Sexualities
8. Goth Music and Media
9. The Death of Utopia


Paperback
Series:
Dress, Body, Culture
Nov 2008
224pp, bibliog, index, 20 bw illus
9781845207687

Source: http://www.bergpublishers.com/?tabid=4013

Seminário em Serralves, no próximo Outono/Inverno

VIDA E ARQUIVO
Sentidos possíveis de um “património cultural”

14 OUT-2 DEZ 2008

Terças-feiras; 21h30 – 23h30

Orientação: Prof. Doutor Vítor Oliveira Jorge

CASA DE SERRALVES, Porto

_________

A nossa “cultura” tem características próprias, que se têm vindo a tornar mais nítidas à medida que os estudos antropológicos, históricos, sociológicos, e, em geral, as ciências sociais e a filosofia, nos “descobrem”, literalmente, como seres exóticos, no conjunto dos seres humanos, passados e presentes. Ficamos assim totalmente descentrados, num processo que a modernidade (a partir dos sécs. XVIII e XIX) acentuou, mas que como é evidente vem da nossa tradição greco-latina, passando pela Renascença e pelo racionalismo cartesiano, até à actual “globalização” em todas as suas “nuances”.
Se esta “exótica” maneira de proceder e de pensar, obcecada pela “fixação” e pelos binarismos (matéria e espírito, natureza e cultura, texto e performance, criação cultural e “património”, etc.) nos “abriu o mundo” – e nos permitiu, aparentemente e até mais ver, dominá-lo -, é capaz de “se ver” ao espelho, de que situação mais geral é essa atitude sintoma? Como se tem revelado em “actividades”/esferas tão variadas como a musealização do mundo, as artes performativas, as imagens que já não só nos olham mas nos incluem, o turismo como uma forma de estar, como o modo supremo de consumo e de afirmação do indivíduo, o esbatimento das fronteiras entre “real” e “virtual”?
Este seminário procurará esboçar linhas de conexão entre todas estas “tendências”, sabendo que não há um “fora do sistema” de onde obter um ponto de vista ideal ou “olhar de Deus” sobre o conjunto dele, mas antes um processo de desvelamento constante na vida de cada um e de todos. Desguarnecidos de dogmas, olhando com alguma ironia e inquietude para a aceleração do mundo e exasperação dos seres, nele vamos tentando criar, improvisando no fluxo da vida, um princípio de estabilidade e de reequilíbrio, forçosamente tensional, mas não necessariamente sofredor.
Podemos hoje usufruir, apesar de tudo, de um imenso “património” para a felicidade; e esperar que o futuro não elitize essas oportunidades, mas as vá generalizando.

__________

PROGRAMA

14 OUT 2008
Criatividade e improvisação “cultural”

21 OUT 2008
A “cultura ocidental” como uma “cultura exótica”

28 OUT 2008
A modernidade e seus paradoxos: inovar e conservar

4 NOV 2008
O Outro: conhecer para absorver

11 NOV 2008
Museu: da obra de arte à vida toda

18 NOV 2008
Teatro: do texto dramatúrgico ao actor, e deste ao performer

25 NOV 2008
Fotografia, morte e nostalgia

2 DEZ 2008
Fixar o passado e narrar as origens : arqueologia e turismo


____________
Nota: este "anúncio" é feito, como é evidente, a título pessoal, neste meu blogue.
O anúncio "oficial" bem como todas as informações necessárias serão da responsabilidade da Fundação de Serralves, e atempadamente divulgadas.

Aretha Franklin - R E S P E C T



Source: http://youtube.com/watch?v=-xALiBgzPzE

Comunica a lista WAC (World Archaeological Congress)


Archaeology Matters: Action Archaeology in the Modern World
by
Jeremy Sabloff

March 2008, 128 pages, $21.95 cloth

"This book is an archaeological activist’s primer, full of good arguments for enjoining the intellectual battle for a less rapacious society and more sustainable development. Jerry has rightly aimed it at the young (the book is ‘intended for students on introductory archaeological courses’) who are idealistic enough to want to see their archaeology having an impact on contemporary issues, but he does not underestimate how difficult it will be to get some of these messages across, noting wryly that the best known ‘archaeologist’ in America is an unrepentant looter called Indiana Jones – not exactly the role model archaeologists would choose for their caring profession."
- Christopher Catling, SALON - the Society of Antiquaries of London Online Newsletter

"Archaeology matters to Jeremy Sabloff, and he convincingly argues that archaeology should matter to the general public, policy makers, and students. In a very clear and accessible way, Sabloff demonstrates how archaeology has important contributions to make to present-day issues and problems. I hope that this book will become standard fare in introduction to archaeology courses. Our discipline and our students will be improved when it does. "
- Randall McGuire, SUNY Binghamton

"What matters in Jeremy Sabloff 's ‘Archaeology Matters’ is his call that archaeology be political, practical, and located inside and within communities. I have known Jerry Sabloff over 40 years and never has his archeology been so fresh, pertinent, skillful, and inviting. He writes to us all as a senior professional who could say he has done enough, but proves here that we have more to do, particularly as citizens."
- Mark Leone, University of Maryland

How could archaeology matter in the modern world? Archaeology studies the people of long ago and far away. Former SAA President Jeremy Sabloff points to ways in which archaeology is also relevant to the understanding and amelioration of modern problems. Though archaeologists have commonly been associated with efforts to uncover cultural identity, restore the past of underrepresented peoples, and preserve historical sites, their knowledge and skills can be used in many other ways. Archaeologists help Peruvian farmers increase crop yields, aid city planners in reducing landfills, and guide local communities in tourism development and water management. This brief volume challenges the field to go beyond merely understanding the past and actively engage in making a difference in the modern world.

To order, visit our website at:
http://lcoastpress.com/book.php?id=137
ISBN: 978-1-59874-088-2 (c), 978-1-59874-089-9 (p)

PRICE:
$21.95 U.S./Canadian, £11.99 (Paperback)
$59.00 U.S./Canadian, £32.99 (Cloth)
For more information, contact Caryn Berg at archaeology@LCoastPress.com

No Museu da Água


(Clique na imagem para ampliar)

quinta-feira, 26 de junho de 2008

atenção



Uma das maiores contradições da sociedade em que vivemos: por um lado, há uma exigência de concentração da atenção, dada a complexidade dos sistemas e a imposição de responder em curto prazo (os horários para tudo são uma das maiores formas de arregimentação dos indivíduos, de castração dos sujeitos, que se poderia imaginar); por outro lado, sempre que uma pessoa procura concentrar-se em algo, é interrompida logo por uma urgência. O ser fica desterritorializado dentro de uma paisagem de absoluto nonsense, muito pior do que o turista incauto perdido no deserto: é que o real é mesmo o deserto (como escreve Zizek no título de um dos seus livros). Há uma perturbação total da ordem simbólica, uma proletarização de cada indivíduo. Como diz Stiegler, a proletarização não é já só dos trabalhadores, é geral, é de todos nós como consumidores, consumidos por tanta regra, por tanta concentração e distracção, por tanta contradição, por tanta consumação de uma realidade de nós mesmos que nos foi criada por um sistema sem centro e sem responsáveis directos. Estamos sós e sem ninguém a quem recorrer. Como cães velhos entre flores, lindíssimo título do livro do Abelaira.
As pessoas estão a tornar-se um bem escasso, as que de facto têm capacidade de algum modo se centrarem e de assim terem disponibilidade para os outros. Há um enlouquecimento geral, e este não é, não pode admitir-se que seja, uma fatalidade.
Mas é difícil encontrar o way out. Implica concentrar a atenção nas formas de diagnosticar a complexa teia de causas desta loucura, impulsionada pelas tecnologias de aceleração.

Bem, vou a Serralves refrescar um pouco...

Comunica a Archport

Nos próximos dias 4 e 5 de Julho, o arqueólogo português Prof. João Zilhão estará em Cascais para uma conferência e mesa-redonda integrados no Tema 2 - "Migrações: das células aos cientistas" dos XV Cursos Internacionais de Verão de Cascais, que decorrem até 5 de Julho, no Centro Cultural de Cascais.
Este tema, coordenado pela Prof.ª Maria de Sousa, discutirá de forma abrangente os movimentos de migração em campos tão diversos como a Medicina, Biologia, Genética, Arqueologia ou mesmo dos próprios êxodos demográficos.


A conferência do Prof. João Zilhão, no dia 4, será dedicada à Migração de Homens na Pré-História, tomando por base algumas questões que têm vindo a surgir desde a descoberta do "Menino do Lapedo".

No dia 5, aquele arqueólogo, que actualmente lecciona na Universidade de Bristol, no Reino Unido, será um dos participantes na mesa-redonda "Investigadores portugueses no estrangeiro", na qual marcarão também presença Benedita Rocha e António Freitas, do Institut Necker (França), Tiago Outeiro, do Instituto de Medicina Molecular da Universidade de Lisboa e Rui Costa, do National Institutes of Health (EUA).

As duas sessões têm lugar no Centro Cultural de Cascais, às 17h00, no dia 4, e às 16h00, no dia 5.

no limite mesmo


não sei porquê
associo-te a uma menina
de paula rego,
dessas meninas adultas

que se lançam à dança
em saias de xadrês

e fazem esquecer no baile
o enigma de se estar aqui,
entre balões e concertinas.

à beira das arribas
dançamos este trágico sítio
onde havíamos de ter nascido;

onde as areias vêm até aos bancos;
e os bancos até aos lampiões;

e há um vácuo enorme
dentro da dança,
nos vultos dos velhos

no pressentimento
de que nos abeiramos
de um desfecho.

este sítio, este país impossível
é esse pressentimento
em que o mar bate há milénios,
adiando qualquer coisa

cada vez que a música recomeça
e o teu corpo trémulo
permite que a dança continue ainda
por um certo tempo

no limite mesmo da arriba



voj 2008

antes e depois


mesmo no último dia
há mais um dia

uma falésia azul
frente ao mar cinzento

e tu estás lá em cima
e eu peço-te:
salta,
salta de muito alto;

une a falésia e o mar,
confunde as cores.

risca a linha do sentimento,
a sua violência,
a sua segurança,
no trajecto do teu voo.

eu salvo-te pela cintura;

e entramos com o joelho direito no mar,
simétricos,
penetramos nesta horizontalidade
onde as cores emocionais se mesclam à tona.

preciso da mansidão
dessa planura arenosa
em que os corpos se exaurem

nem que seja só naquele dia
que está sempre antes e depois
do último dia.

mar de sempre
falésia de sempre
quadro desde sempre


mas à tua espera




voj 2008

Subjetividades coletivas, criatividade social e processos de modernização

Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa

conferência



Subjetividades coletivas, criatividade social e processos de modernização


José Maurício Domingues
(IUPERJ)


Sala Polivalente


4 julho 2008

17,30h – 19,00h



ICS - UL
Avª. Prof. Aníbal de Bettencourt, Nº 9 - 1600-189 Lisboa
Tel: 351-21-7804700 Fax: 351-21-7940274 /
e-mail:
instituto.ciencias.sociais@ics.ul.pt
URL: http://www.ics.ul.pt

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Não perca amanhã quinta às 21,30 h. em Serralves: a última sessão do ciclo A ECOLOGIA


Coordenada pela Prof. Marina Lencastre, da UCP

A oradora é Catherine Larrère,
Professora de filosofia na Univ. de Paris I
Leia, por exemplo, desta autora:
"DO BOM USO DA NATUREZA
Para Uma Filosofia do Meio Ambiente"
Lisboa, Instituto Piaget, 2000
ISBN: 9727712746

_____________

de: http://www.ivry.inra.fr/tsv/cv-chercheurs/catherine-larrere.html

Permito-me transcrever:

"Catherine Larrère - Chercheur associée

Née en 1944. Ancienne élève de l’École normale supérieure (Ulm-Sèvres), agrégée de philosophie, docteur es-lettres, elle est professeur à l'Université de Bordeaux III, actuellement (2002-2004) en détachement à l’INRA (Département d’économie et de sociologie rurale. TSV/Ivry sur Seine). Elle a développé ses recherches dans deux directions.


Spécialiste de philosophie morale et politique à l’époque moderne, elle a consacré sa thèse à l’émergence des catégories économiques au XVIIIe siècle, et à son effet sur les catégories politiques : il s’agit de montrer comment l’économie politique prolonge la réflexion juridique (théories de la sociabilité naturelle) et est une théorie politique à part entière. Elle travaille actuellement à l’annotation de la nouvelle édition critique des Œuvres Complètes de Montesquieu (à la Voltaire Foundation).

Depuis 1992, elle s’intéresse aux problèmes éthiques et politiques liés à la crise environnementale, au point de rencontre des philosophies de la nature et des philosophies de la technique. Cela l’a conduite à étudier les éthiques environnementales, telles qu’elles se sont développées principalement dans les pays anglophones, et à rechercher la façon dont les conceptions scientifiques de la nature informent nos rapports à la nature. Ces travaux sont orientés par l’ambition de dépasser les deux principales oppositions dans lesquelles s’enlise la réflexion sur ces questions : celle de l’anthropocentrisme et du biocentrisme, au niveau éthique, d’une part, celle de la dualité d’une approche des problèmes environnementaux en termes de philosophie de la nature et en termes de philosophie de la technique, d’autre part. C’est dans cet objectif (développer une philosophie de la technique qui ne soit pas oublieuse de la nature) qu’elle a rejoint les travaux de l’unité TSV, et pris la responsabilité d’un projet collectif financé par le ministère de la Recherche visant à reconsidérer la distinction entre nature et artifice à partir d’une étude des nouvelles technologies (biotechnologies, nanotechnologies, NBIC).

Depuis 2004 (fin de détachement), elle est professeur à l'UFR de philosophie de l'Université de Paris I où elle enseigne la philosophie politique et l'éthique appliquée."

Alguns livros:

"Ouvrages

Larrère, C. (1992) : L'Invention de l'économie. Du droit naturel à la physiocratie (384 p.) Paris, Presses Universitaires de France (collection Léviathan)

Larrère, C. (1997) Les philosophies de l’environnement, PUF (collection Philosophies.) (traduction en grec, 1999).

Larrère, C., Larrère, R (1997) : Du bon usage de la nature. Pour une philosophie de l'environnement, Paris, Aubier (collection Alto),1997. (traduction en portugais, 1998)

Larrère, C. (1999) : Actualité de Montesquieu, Paris, Presses de Sciences Po (collection La bibliothèque du citoyen.

Ouvrages collectifs

Larrère, C. , Klotz, G. (eds) : Économie et politique, numéro spécial de la revue Dix-Huitième siècle, n° 26, 1994.

Larrère, C. Théories de la libre république du Quattracento aux Lumières, articles réunis et présentés en collaboration avec P.F. Moreau, n° spécial de la Revue de Synthèse, 1997, 2-3.

Larrère, C., Larrère, R (eds) (1997) : La crise environnementale, Paris, éditions de l’INRA, 1997.

Larrère, C., Volpilhac-Auger, C. (eds) (1999) : 1748 : année de L'Esprit des lois, Champion, 1999.

Larrère, C., Mondot, J. (eds) (2000) : Lumières et commerce. L’exemple bordelais, Jean Mondot et Catherine Larrère (dir.), Bern, Berlin, Bruxelles, Peter Lang ed.

Larrère, C., (ed) (2000) Nature vive, Paris Muséum d’histoire naturelle-Nathan.

Larrère, C. (éd.), (2005) Montesquieu, oeuvre ouverte ? (1748-1755) Napoli (ITA) : Liguori Editore, 2005, 304 p. - (Cahiers Montesquieu ; 9)"

______________________
Pertence à Unité:

Transformations Sociales et Politiques liées au Vivant (TSV)

"L’Unité TSV a été créée par l’INRA en janvier 2003. Elle compte une quinzaine de chercheurs, post-doctorants et doctorants de différentes disciplines des sciences sociales (étude des sciences et des techniques, sociologie, histoire, philosophie).

L’objectif est d’analyser l’évolution des régimes de production des connaissances dans les sciences du vivant, ainsi que certaines transformations qui leur sont liées:

Les nouvelles formes de gouvernementalité de l’innovation et des risques, les rapports entre sciences, techniques, éthique et démocratie, saisies notamment à partir de l’étude de l’expertise et des formes de débat public ;
Les nouvelles formes d’imbrication des logiques marchandes et étatiques, saisies à partir de l’étude de la construction et de la mise en œuvre des normes (normes de qualité, normes sanitaires ou normes environnementales).
L’Unité TSV est laboratoire d’accueil de l’EHESS. Elle participe au Réseau d’Excellence Européen PRIME et elle est associée à l’Institut Fédératif « Recherche, Innovation, Société » (IFRIS). "

Fonte: http://www.ivry.inra.fr/tsv/index.html

__________
Fonte da foto acima: http://www.serralves.pt/catalogo/detalhes_produto.php?id=985


CASA DAS MÁQUINAS

(Clique na imagem para aumentar)

Meu novo livro de poemas, vai ser lançado em Julho próximo em Vila Nova de Foz Côa (Centro Cultural).
A edição é da Papiro editora, Porto, que assegurará naturalmente a distribuição.
Contém cerca de 100 textos, cuja versão inicial apareceu neste blogue.

Apoie a poesia e os poetas portugueses!

______________
Esta obra contou com o suporte financeiro da Câmara Municipal de Vila Nova de Foz Côa e da empresa Adriano Ramos Pinto - Vinhos.

Curiosa editora !

Ver: http://www.apenas-livros.com

A Dra Fernanda Frazão apresenta-a assim:

"Dirijo a mais pequena das editoras portuguesas, a Apenas Livros. Fazemos quase exclusivamente folhetos em A5, com um cordel (chamamos-lhe «a nova literatura de cordel»). Se se consultar o nosso site, poderá verificar-se que temos 20 e tal colecções e cerca de 300 obras publicadas em 10 anos (95 por cento em livros de cordel). A ideia inicial era tentar levar livros baratos ao leitor e arranjar um local onde os investigadores pudessem publicar. As edições são pequenas e os livros vão sendo impressos à medida das necessidades. Alguns vão, no entanto, em 5º edição...
A verdade é que o nosso trabalho tem sido reconhecido em muitas áreas e até temos já colecções dirigidas por gente de fora do país, como é o caso do Brasil (onde começamos agora a publicar em simultâneo) e de Espanha/Itália."



Felicidades é o que posso desejar para uma iniciativa como esta!

Skhole: Communiqué d' Ars Industrialis


Bonjour,


Ars Industrialis souhaite vous informer de la naissance du site skhole.fr
Présentation par Julien Gautier et Guillaume Vergne, les fondateurs du site :


http://skhole.fr

En cette période où le baccalauréat est au cœur de l'actualité, mais où l'on s'interroge bien peu sur sa finalité, skhole.fr espère d'abord contribuer à remettre cette question des fins au cœur du débat sur l'école. Et cela, en prenant un certain recul, une distance vis à vis des manières convenues et souvent stériles de poser les problèmes — ou de ne pas les poser — et des différentes prises de positions largement tactiques ou idéologiques.

Et si nous avons choisi pour ce site le mot grec de « skholè », qui est à l'origine du mot « école » et qui signifie aussi « loisir » ou « temps libre », c'est qu'il s'agit en effet pour nous de prendre le temps de réfléchir à l'école, et ceci en tant que l'école fut d'abord et longtemps comprise elle-même comme un lieu et un temps de libre développement de l'esprit.

Pour nous, éduquer et instruire un enfant c'est avant tout le rendre adulte et « majeur », c'est-à-dire en faire un individu libre et maître de soi-même : et c'est de cette finalité formatrice, trop souvent perdue de vue par l'institution scolaire elle-même, que nous voulons partir pour penser et repenser à nouveaux frais l'école.

Comme tout homme a à être tour à tour éduqué et éducateur, nous invitons chacun d'entre vous — citoyen, élève, professeur, parent, étudiant, chercheur, etc. — à participer à skhole.fr et à faire de ce site le lieu d'animation et de questionnement qu'il espère être. Bref, nous invitons tous ceux qui considèrent que l'école est une chose trop sérieuse pour la laisser aux seules mains des "spécialistes" à venir nous rendre visite sur http://skhole.fr, et à faire connaître ce site.

Très cordialement,


Guillaume Vergne et Julien Gautier,
professeurs de philosophie et fondateurs de skhole.fr .
http://skhole.fr - penser et repenser l'école

____________
Le souligné en rouge est de ma responsabilité.
VOJ