A MORTE DE D. JOãO I. Um Tema de Propaganda Dinástica
ARMINDO DE SOUSA
Editora: Fio da palavra
Publicação Abril 2009
Páginas 106
«Há na História de Portugal um sem-número de acontecimentos cuja
cronologia parece definitivamente adquirida e sobejamente divulgada de
tal forma que bulir-lhe assume foros de ousadia. Figura entre eles o
da morte de D. João I, datado, como é sabido, de 14 de Agosto de
1433». Partindo de uma recôndita declaração do Infante D. Pedro a um
texto de cariz legislativo, que antecipa este acontecimento em um dia,
Armindo de Sousa percorre e reavalia sucessivamente os testemunhos
conhecidos, desde as crónicas de Rui de Pina e de Gomes Eanes de
Zurara até ao Livro dos Conselhos de D. Duarte, passando pelo próprio
epitáfio do Mestre de Avis. Num exercício magistral de crítica
histórica, o autor fornece-nos as várias chaves de leitura que
permitem descodificar os textos analisados e perceber os mecanismos
através dos quais a morte do rei foi convertida num motivo de
legitimidade para a nova dinastia.
«Num dos estudos mais marcantes da renovação historiográfica
portuguesa dos anos 80, Armindo de Sousa faz, de um testemunho
documental que contradiz a unânime afirmação dos cronistas do século
XV, o indício de um complexo acto de propaganda política, e
reconstitui os pressupostos ideológicos e mentais que lhe dão
significado. Com notável erudição, grande sensibilidade aos textos
medievais e excepcionais capacidades de análise e de sentido crítico,
o autor soube fazer de um pormenor aparentemente insignificante o
indício de um complexo feixe de motivações históricas.» José Mattoso.
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Armindo de Sousa nasceu em Lustosa (Lousada), em 1941. Foi professor
de História Medieval da Faculdade de Letras da Universidade do
Porto, onde regeu a cadeira Cultura e Mentalidades na Época Medieval
(da licenciatura em História) e as disciplinas Crítica Textual e
Assembleias Representativas Medievas (do mestrado em História
Medieval), entre outras. Doutorou-se em 1987, com uma tese sobre As
Cortes Medievais Portuguesas (1385-1490) (2 vols., 1990). A sua
investigação centra-se no estudo do Parlamento Medieval Português,
embora se alargue a domínios tão diversos como o poder local, as
instituições eclesiásticas, a cronística e as atitudes colectivas na
Idade Média tardia. A sua obra destaca-se pela profundidade da
análise, servida por uma cultura invulgar e pela capacidade de
convocar disciplinas tão diversas como a teologia ou a psicologia
social. A originalidade dos temas que investigou, abrindo caminhos que
continuam ainda por trilhar, e o cuidado e a sofisticação que
caracterizam a sua escrita fazem dos trabalhos de Armindo de Sousa um
caso notável da historiografia portuguesa, a merecer uma atenta
(re)leitura. Faleceu em 1998.
Fonte:
http://bloguilibri.wordpress.com/2009/05/14/a-morte-de-d-joao-i-armindo-de-sousa-2/
lista: histport
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