Quando toda a gente desaparecer
Desdobrar-se-ão finalmente os mantos
Verticais:
Os mantos vermelhos,
As grandes araras monocolores,
Cegas; dir-se-ia:
Reduzidas ao seu manto,
Ao seu dorso aristocrático.
Desdobrando-se de alto a baixo,
Quando as figuras miseráveis fugirem
Na sua vulgar humanidade de vultos negros.
Poderá então preponderar
Sobre cada um dos cantos da vista a cortina,
A pelagem nobre
Das grandes araras vermelhas.
Dizem que são cegas, desprovidas da parte da frente;
Apenas reduzidas ao seu reposteiro, ao manto
De que já foram suporte, e que agora
Aparece por elas com um esplendor vermelho.
E as garras fechadas sobre os olhos cegos
E os punhos agarrando as baterias do sangue
E as retinas raiadas de vermelho
E então as araras aristocraticamente
Gritarão de novo:
Revolução!
Sim, as dobras da revolução virão
Como mantos celestes que pousam, que se estendem,
Como mares que sobem sobre outros mares
Como universos ainda desconhecidos
E incontroláveis
E hão-de estender o seu manto enorme
Sobre toda a terra,
Num som que estoirará os tímpanos
Dos que não querem sequer ouvir a palavra:
Comunismo!
E celebrar-se-á a boda prometida
E as figuras do bronze e do ferro voltarão
Para verem a magnificência das araras
A perfeita sobreposição;
Cada pessoa querendo chegar primeiro!
Cada vulto humano querendo dançar com o seu próximo.
Ah, o grande arraial das araras.
Ah, o grande campo dos mantos.
Ah, o triunfo das aves, das aves cegas do Futuro.
O vermelho estendido ao alto,
Em toda a sua glória...
A parte detrás da história que esperou, cega.
1 comentário:
O artista agradece.
Bjs
Vitor
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