domingo, 14 de junho de 2009

O problema da representação


É o problema por excelência da nossa cultura, qualquer que seja o ponto de vista por que se encare. Representação no sentido de relação entre o original e a cópia, a verdade e a sua tradução em enunciado(s) ou imagens, simulacros; representação no sentido performativo, teatral, de uma artificialidade total (encenada) que é (ou pode ser) mais verdadeira do que a própria verdade, na medida em que re-apresenta, isto é, torna actual (no sentido reforçador do rito em relação ao mito) algo que estava apenas na memória colectiva mais ou menos difusa, sendo catártico. Representar no sentido político, de delegação, no sentido de que eu delego em representantes que elejo "democraticamente", pelo voto, a minha vontade e o meu desejo. Representar no sentido de voltar a apresentar algo que se não pode vivenciar directamente, tal como fazemos através dos protocolos (regras) da ciência, da arte, etc, algo que se reporta a uma realidade de que eu "procuro dar uma ideia" tão certa, tão perfeita, tão rigorosa quanto possível. 
É isso que me acontece quando tento uma explicação ou compreensão seja do que for, incluindo a explicação, ou as múltiplas formas de explicação, convocadas pela arquelogia: representar (no sentido de mise en scène, de encenar) o passado...
Como diz Rancière: "[a representação] diz respeito à mimesis, enquanto relação entre dois termos: uma poiesis e uma aisthesis, quer dizer, uma maneira de fazer e uma economia dos afectos." (S' il y a de l' irreprésentable, "L' Art et la Mémoire dea Camps" - vol. referido em postagem recente - "representação" - Paris, Seuil, 2001, p. 84).
Isto implica um desenvolvimento. É para apreender esta problemática que vou a Zagreb no próximo dia 23. Intuo que é básica. Voltarei pois ao assunto...


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