A Relógio d' Água publicou este ano uma boa edição de "A Interpretação dos Sonhos", de Freud (de que salvo erro antes - e, note-se, em termos de qualidade - só havia uma edição brasileira).
Há dias, eu estava na Feira do Livro (Porto), no stand da editora, e apareceu uma senhora, a perguntar: este aqui (referia-se ao livro) explica os sonhos? Sim, disse a funcionária; sim, disse eu, é bom para isso...
Entretanto distraí-me com as compras que estava a fazer, e logo ouço a referida senhora dizer, desiludida, afastando o livro como não interessante para ela: "ah, tem muitas palavras..."
Eu e a funcionária cruzámos olhares, estupefactos ou não.
A curiosidade existe, mas tem de passar por códigos para os quais as pessoas não têm pachorra nem preparação... estão amputadas de coisas fundamentais do ser humano, como as palavras...
E o Evangelho a dizer que no princípio era o Verbo. Aquela senhora, tipicamente popular, neste sentido ainda não principiou... ou estarei errado? Se estiver, é radicalmente, porque põe toda a minha vida em causa, eu que sempre me quis destacar do povo neste sentido de adquirir uma competência... toda feita (quase só) de palavras...
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