quarta-feira, 10 de junho de 2009

a noite do sexo


"A sociedade que se desenvolve no séc. XVIII (...) não opõs ao sexo uma recusa fundamental a reconhecê-lo; pelo contrário, pôs em acção todo um aparelho para produzir sobre ele discursos verdadeiros. Não só falou muito dele e obrigou cada um a falar dele, como pretendeu formular a sua verdade regulada como se suspeitasse nele de um segredo capital. Como se precisasse dessa produção de verdade. Como se lhe fosse essencial que o sexo fosse inscrito, não apenas numa economia do prazer, mas num regime ordenado de saber. Assim, ele tornou-se a pouco e pouco o objecto da grande suspeita; o sentido geral e inquietante que atravessa, sem darmos por isso, os nossos comportamentos e as nossas existências; o ponto de fragilidade por onde nos vêm ameaças do mal;  fragmento de noite que cada um de nós traz em si."

Michel Foucault
"A Vontade de Saber" (História da Sexualidade, vol. I), 
Lisboa, Relógio d' Água, 1997 (original francês de 1976), p. 73


agradeço à SOJ ter-me chamado a atenção para este passo, absolutamente exemplar do pensamento sublime deste grande génio do séc. XX que foi Foucault. A ler sempre e a reler!



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