terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Petição Pela permanência do Museu Nacional de Arqueologia no Mosteiro dos Jerónimos

Em: http://www.peticao.com.pt/museu-nacional-de-arqueologia

Está esta petição:
Petição Pela permanência do Museu Nacional de Arqueologia no Mosteiro dos Jerónimos

Petição: Pela permanência do Museu Nacional de Arqueologia no Mosteiro dos Jerónimos

Ex.mo Senhor Presidente da República
Ex.mo Senhor Presidente da Assembleia da República
Ex.mo Senhor Primeiro-ministro
Ex.mo Senhor Ministro da Cultura

Excelências,
Tendo por base as preocupantes notícias publicadas na comunicação social que dão como certa a transferência do Museu Nacional de Arqueologia do Mosteiro dos Jerónimos para a Cordoaria Nacional, ficando o Museu de Marinha a ocupar a totalidade do Mosteiro, consideram os abaixo assinados o seguinte:
- O actual Museu Nacional de Arqueologia (designado à data da sua fundação por Museu Etnográfico Português) foi criado em 1893 por decreto de Bernardino Machado e foi instalado no complexo monumental do Mosteiro dos Jerónimos em 1903, quando a obra dos Jerónimos (ala Sul) ficou concluída, tendo reaberto ao público em 1906;

- A ligação do Museu Nacional de Arqueologia à ala sul do Mosteiro dos Jerónimos é secular e constitui um marco histórico que dignifica ainda mais o seu acervo que se assume como o único repositório de todos os povos e culturas do território português, desde as origens até à fundação da nacionalidade. As suas colecções constituem, em vários domínios, um dos mais importantes acervos arqueológicos da Europa. A recente inclusão na lista dos “Tesouros Nacionais” de largas centenas de peças do MNA confirma plenamente estas avaliações.

-Todavia, a maior parte das peças mais notáveis encontra-se permanentemente em reserva por falta de espaço expositivo. Não obstante a intensa actividade que tem desenvolvido, a excelência dos serviços que presta e a qualidade das exposições temporárias que promove, o MNA não possui sequer uma galeria permanente que dê a conhecer as suas colecções de referência a nacionais e a estrangeiros.

- Sucessivos Governos, nas pessoas dos ministros da Cultura e dos primeiros-ministros, têm desde 1995 prometido solenemente a realização de obras de remodelação e ampliação do Museu no complexo dos Jerónimos. Este objectivo foi considerado prioritário e incluído em programas eleitorais e de governação. Chegou a ter financiamento inscrito no Programa Operacional da Cultura que está agora a chegar ao fim. Mas os anos correm sem que se vejam resultados.

- O projecto de revitalização da zona de Belém, recentemente divulgado, apenas assinala a intenção de infra-estruturar sumariamente o pátio comum com o Museu de Marinha, nada dizendo sobre a prometida obra de fundo do MNA – que, no entanto, foi objecto de sucessivos projectos arquitectónicos muito qualificados, encomendados e pagos por dinheiros públicos, visando não só alargar significativamente as áreas expositivas do Museu como qualificar zonas importantes dos Jerónimos do século XIX.

- As notícias agora tornadas públicas dão conta de uma negociação entre o Ministério da Defesa e o Ministério da Cultura para a ampliação do Museu de Marinha para o espaço onde se encontra o Museu Nacional de Arqueologia. É de referir que a opção do poder político do Estado Novo pela instalação do Museu de Marinha nos Jerónimos (para onde se transferiu em 1962), fortemente incentivada pelo Almirante Américo Tomás, veio alterar o planeamento estratégico anterior, conduzindo a que esse museu viesse a ocupar as alas poente e norte, assim como o rés-do-chão da extremidade poente da ala sul, local que passou a servir de entrada do dito Museu de Marinha, mas por onde se fazia inicialmente (antes de concluída a reconstrução da torre central) a entrada no Museu Etnológico Português. Pelas mesmas razões o monumental pátio interno foi fechado e no lugar do que deveria ser a ala nascente, foi construído um edifico em cimento armado (verdadeiro atentado ao espírito do lugar), onde se instalou e ainda hoje se encontra a Biblioteca Central de Marinha.


Pelo exposto consideram os signatários que:

- O Museu Nacional de Arqueologia tem necessidade de ampliar o seu espaço expositivo assim como o Museu de Marinha. As principais diferenças residem no facto de o acervo do Museu Nacional de Arqueologia se situar na ordem dos milhares de artefactos e o MNA apenas querer ampliar o espaço expositivo na ala que já ocupa. O Museu de Marinha tem outras hipóteses de expansão, nomeadamente todo o espaço que lhe pertence entre o pavilhão das galeotas até à Rua Dom Lourenço de Almeida, ou o edifício da Cordoaria Nacional, visto que esta é já propriedade do Ministério da Defesa, se necessitarem de uma área muito maior.
- O Museu Nacional de Arqueologia, apesar da sua falta de espaço e de grandes exposições internacionais, tem vindo a aumentar significativamente o número de visitantes, constituindo-se como o segundo museu nacional mais visitado da Rede nacional de Museus com mais de 130 mil visitantes.
- Existem condições de coexistência no complexo dos Jerónimos, do Museu Nacional de Arqueologia e do Museu de Marinha, pois foi inclusivamente apresentado um plano que previa a gestão global do espaço e dos fluxos de visitantes do espaço envolvente funcionando o pátio como uma plataforma de comunicação que permitisse a passagem do Museu de Marinha para o MNA, e vice-versa, através do dito pátio.
- Tal como apresentado e justificado à tutela considera-se fundamental a obra de ampliação do MNA que servirá igualmente, em maior escala, para benefício da zona de Belém, requalificando áreas importantes do complexo monumental dos Jerónimos, hoje inexplicavelmente abandonadas, e ganhando para a cidade e para o turismo novos espaços, que têm todas as condições de passar a constituir um novo centro de actividades de animação cultural, as mais diversas.

Por tudo isto, os signatários sentem-se no dever e no direito de perguntar o que se passa. De saber porque não são levados à prática os compromissos dos governantes e se anunciam outros cuja pertinência e prioridade muito ganhariam em ser previamente discutidos com os especialistas e sujeitos a escrutínio público, tendo em conta a coerência global da oferta museológica portuguesa.

Concluindo, os signatários consideram que o Museu Nacional de Arqueologia tem uma relação histórica secular com o complexo dos Jerónimos e não faz sentido retirar o museu deste espaço monumental, não fazendo igualmente sentido transferi-lo para edifícios que não fazem parte do Ministério da Cultura. Solicitam assim uma reavaliação da situação para que o MNA continue no complexo dos Jerónimos e que este sofra obras de melhoramento a fim de dignificar ainda mais o Património que é de todos nós.

Os Peticionários

Eu já assinei. Assine você também!
Tenho 61 anos. Desde os 4 que visito aquele museu, ou seja, há mais de meio século.

VOJ

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