Interacções na cena coreográfica: duetos, solos, grupos*
Com Maria José Fazenda
Datas | 13, 14 e 15 Fevereiro
Horário | Dias 13 e 14 :: 18h - 20h / Dia 15 :: 15h30 - 17h30
Local | Espaço NEC- Fábrica Social - Fundação Escultor José Rodrigues
Rua da Fábrica Social, s/n - Porto
Inscrição | 25 euros (3 conferências) :: 10 euros (por conferência)
Associados e Amigos NEC (desconto de 30%) | 17,50 (3 conferências) :: 7 euros (por conferência)
Nota:: Inscrições até ao dia 06 de Fevereiro
Desistências após dia 10 de Fevereiro implicam a devolução de apenas 50% do valor pago.
Desistências no dia das Conferências não implicam qualquer tipo de devolução.
Amigo NEC :: A inscrição como amigo NEC permite usufruir de um desconto de 20% nas aulas, ateliers, aluguer de equipamento e utilização de espaço (mediante disponibilidade) e 30% nos workshops, durante o período de um ano, a partir da data de inscrição.
Para ser amigo NEC deverá enviar-nos os seguintes dados: nome, data de nascimento, morada, e-mail, telefone, nº de contribuinte e área de formação / profissão, juntamente com o valor da inscrição de 45 Euros.
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Por Maria José Fazenda
Na dança, criadores e intérpretes estabelecem modelos de interacção através dos quais exprimem a forma como se vêem a si próprios na sua relação com os outros. Pela forma como se dispõem espacialmente e interagem, confrontando-se ou distanciando-se, tocando-se ou afastando-se, eles reproduzem ou criticam os modos de organização intergrupal ou interpessoal no mundo exterior à própria dança e os valores e ideias que resultam dessa organização. Para além das modalidades de exploração espacial e de interacção entre os indivíduos, são ainda determinantes na definição coreográfica da visão do mundo que o artista deliberadamente constrói em cena as linguagens de movimento a que recorre como meio de reflexão, de expressão e de comunicação.Tornar explícitos os significados de “onde se dança”, “com quem se dança” e “como se dança” é o objectivo destas três sessões. Concentrar-nos-emos em composições para solos, duetos e grupos de vários coreógrafos contemporâneos, como Bill T. Jones, Boris Charmatz, Francisco Camacho, Mathilde Monnier, Merce Cunningham e Paulo Ribeiro, entre outros. Que ideias sobre os corpos feminino e masculino emergem quando uma pessoa dança com outra? Que concepções do “eu” adquirem visibilidade quando um só intérprete se revela em cena? Como se relaciona o indivíduo com o grupo e que valor lhe é atribuído no seu seio? Estas são algumas das questões a que nos propomos responder.
Duetos :: 13 de Fevereiro
Que ideias sobre os corpos feminino e masculino emergem quando uma pessoa dança com outra?
O dueto — a situação física e relacional de dois corpos, de sexo diferente ou do mesmo sexo, colocados lado a lado, face a face, tocando-se, apoiando-se ou segurando-se mutuamente, ou relacionando-se, mas sem estabelecerem contacto físico — é uma figura coreográfica através da qual são actualizadas ideias sobre os géneros, sobre as modalidades de interacção entre os corpos femininos e os masculinos e sobre as concepções de amor e de sexualidade. Nesta sessão, dedicada ao dueto, estabelecer-se-á uma distinção entre o pas de deux, presente sobretudo na tradição do ballet e da dança neo-clássica, e as várias modalidades de relação entre os elementos dos pares na dança contemporânea. Mais do que uma diferença ao nível formal, esta distinção comporta importantes significados sobre as representações coreográficas do que significa ser mulher e ser homem.
A conversa em torno dos duetos é precedida de uma introdução ao conjunto das três sessões cujo objectivo é acompanhar as imagens que os agentes artísticos constroem sobre si próprios e sobre a sua relação com os outros, seja numa situação a solo, num dueto ou em grupo. Os significados implícitos em cada uma destas modalidades de composição em dança são analisados tendo em consideração uma mudança de paradigma na representação do indivíduo, dos géneros e dos grupos, que ocorre na passagem do século XIX para o XX, e que, histórica e esteticamente, corresponde à passagem da linguagem e da poética românticas para as linguagens e poéticas da dança contemporânea.
Solos :: 14 de Fevereiro
Que concepções do “eu” adquirem visibilidade quando um só intérprete se revela em cena?
Na dança, a partir do século XX, as múltiplas possibilidades de expressão do indivíduo, cuja expansão está associada a um entendimento do sujeito enquanto “projecto reflexivo”, são bastante contrastantes com os solos nos ballets do século XIX, que funcionavam, pelo recurso a uma linguagem extraordinária, pela interpretação virtuosa e pela posição social das personagens representadas, como forma de afirmação do poder de um líder. No século XX, o solo, que é a expressão de uma forma particular de o sujeito se ver a si próprio e na sua relação com o mundo, não tem, do ponto de vista técnico ou estilístico, que seguir modelos pré-existentes; pelo contrário, cada solo corresponde também à criação de uma linguagem e de um estilo de movimento próprios, no quadro de um alargamento bastante significativo das linguagens da dança e dos meios de expressão coreográfica.
Grupos :: 15 de Fevereiro
Como se relaciona o indivíduo com o grupo e que valor lhe é atribuído no seu seio?
A massa anónima de pessoas representada pelos corpos de baile nos ballets do século XIX, cuja função coreográfica era a de sublinhar e atribuir realce aos papéis e performances dos bailarinos solistas, cede o lugar, na dança do século XX, aos grupos em que a singularidade de cada pessoa é colocada em destaque. A dança do século XX exalta o sentido democrático de participação dos indivíduos no grupo, estabelecendo entre eles relações de igualdade, de modo a que cada um possa exprimir com autonomia as suas diferentes características e potencialidades, respeitando as dos restantes, e valoriza a expressão da identidade individual.
O modo de representação do grupo está também intimamente relacionado com a concepção do espaço que o coreógrafo define — a dança é movimento no tempo e no espaço. A distribuição dos indivíduos no espaço e a forma de o coreógrafo os colocar em relação estabelecem-se, na dança do século XX, ou em função dos significados e potencial comunicativo atribuídos às suas diferentes partes ou em função de uma des-hierarquização total do espaço e consequente valorização de todos os seus pontos e direcções.
* Conferências originalmente apresentadas na Culturgest, em Lisboa, em Janeiro de 2008, a convite desta instituição.
Maria José Fazenda
É Professora Adjunta na Escola Superior de Dança do Instituto Politécnico de Lisboa. É Doutorada em Antropologia pelo ISCTE e membro do CRIA - Centro em Rede de Investigação em Antropologia. Fez o Curso de Dança da Escola de Dança do Conservatório Nacional. Organizou a antologia Movimentos Presentes: Aspectos da Dança Independente em Portugal (Cotovia e Danças na Cidade, 1997) e é autora do livro Dança Teatral: Ideias, Experiências, Acções (Celta, 2007).
O NEC é uma estrutura financiada pelo MC/ DGArtes

Na dança, criadores e intérpretes estabelecem modelos de interacção através dos quais exprimem a forma como se vêem a si próprios na sua relação com os outros. Pela forma como se dispõem espacialmente e interagem, confrontando-se ou distanciando-se, tocando-se ou afastando-se, eles reproduzem ou criticam os modos de organização intergrupal ou interpessoal no mundo exterior à própria dança e os valores e ideias que resultam dessa organização. Para além das modalidades de exploração espacial e de interacção entre os indivíduos, são ainda determinantes na definição coreográfica da visão do mundo que o artista deliberadamente constrói em cena as linguagens de movimento a que recorre como meio de reflexão, de expressão e de comunicação.Tornar explícitos os significados de “onde se dança”, “com quem se dança” e “como se dança” é o objectivo destas três sessões. Concentrar-nos-emos em composições para solos, duetos e grupos de vários coreógrafos contemporâneos, como Bill T. Jones, Boris Charmatz, Francisco Camacho, Mathilde Monnier, Merce Cunningham e Paulo Ribeiro, entre outros. Que ideias sobre os corpos feminino e masculino emergem quando uma pessoa dança com outra? Que concepções do “eu” adquirem visibilidade quando um só intérprete se revela em cena? Como se relaciona o indivíduo com o grupo e que valor lhe é atribuído no seu seio? Estas são algumas das questões a que nos propomos responder.
Duetos :: 13 de Fevereiro
Que ideias sobre os corpos feminino e masculino emergem quando uma pessoa dança com outra?
O dueto — a situação física e relacional de dois corpos, de sexo diferente ou do mesmo sexo, colocados lado a lado, face a face, tocando-se, apoiando-se ou segurando-se mutuamente, ou relacionando-se, mas sem estabelecerem contacto físico — é uma figura coreográfica através da qual são actualizadas ideias sobre os géneros, sobre as modalidades de interacção entre os corpos femininos e os masculinos e sobre as concepções de amor e de sexualidade. Nesta sessão, dedicada ao dueto, estabelecer-se-á uma distinção entre o pas de deux, presente sobretudo na tradição do ballet e da dança neo-clássica, e as várias modalidades de relação entre os elementos dos pares na dança contemporânea. Mais do que uma diferença ao nível formal, esta distinção comporta importantes significados sobre as representações coreográficas do que significa ser mulher e ser homem.
A conversa em torno dos duetos é precedida de uma introdução ao conjunto das três sessões cujo objectivo é acompanhar as imagens que os agentes artísticos constroem sobre si próprios e sobre a sua relação com os outros, seja numa situação a solo, num dueto ou em grupo. Os significados implícitos em cada uma destas modalidades de composição em dança são analisados tendo em consideração uma mudança de paradigma na representação do indivíduo, dos géneros e dos grupos, que ocorre na passagem do século XIX para o XX, e que, histórica e esteticamente, corresponde à passagem da linguagem e da poética românticas para as linguagens e poéticas da dança contemporânea.
Solos :: 14 de Fevereiro
Que concepções do “eu” adquirem visibilidade quando um só intérprete se revela em cena?
Na dança, a partir do século XX, as múltiplas possibilidades de expressão do indivíduo, cuja expansão está associada a um entendimento do sujeito enquanto “projecto reflexivo”, são bastante contrastantes com os solos nos ballets do século XIX, que funcionavam, pelo recurso a uma linguagem extraordinária, pela interpretação virtuosa e pela posição social das personagens representadas, como forma de afirmação do poder de um líder. No século XX, o solo, que é a expressão de uma forma particular de o sujeito se ver a si próprio e na sua relação com o mundo, não tem, do ponto de vista técnico ou estilístico, que seguir modelos pré-existentes; pelo contrário, cada solo corresponde também à criação de uma linguagem e de um estilo de movimento próprios, no quadro de um alargamento bastante significativo das linguagens da dança e dos meios de expressão coreográfica.
Grupos :: 15 de Fevereiro
Como se relaciona o indivíduo com o grupo e que valor lhe é atribuído no seu seio?
A massa anónima de pessoas representada pelos corpos de baile nos ballets do século XIX, cuja função coreográfica era a de sublinhar e atribuir realce aos papéis e performances dos bailarinos solistas, cede o lugar, na dança do século XX, aos grupos em que a singularidade de cada pessoa é colocada em destaque. A dança do século XX exalta o sentido democrático de participação dos indivíduos no grupo, estabelecendo entre eles relações de igualdade, de modo a que cada um possa exprimir com autonomia as suas diferentes características e potencialidades, respeitando as dos restantes, e valoriza a expressão da identidade individual.
O modo de representação do grupo está também intimamente relacionado com a concepção do espaço que o coreógrafo define — a dança é movimento no tempo e no espaço. A distribuição dos indivíduos no espaço e a forma de o coreógrafo os colocar em relação estabelecem-se, na dança do século XX, ou em função dos significados e potencial comunicativo atribuídos às suas diferentes partes ou em função de uma des-hierarquização total do espaço e consequente valorização de todos os seus pontos e direcções.
* Conferências originalmente apresentadas na Culturgest, em Lisboa, em Janeiro de 2008, a convite desta instituição.
Maria José Fazenda
É Professora Adjunta na Escola Superior de Dança do Instituto Politécnico de Lisboa. É Doutorada em Antropologia pelo ISCTE e membro do CRIA - Centro em Rede de Investigação em Antropologia. Fez o Curso de Dança da Escola de Dança do Conservatório Nacional. Organizou a antologia Movimentos Presentes: Aspectos da Dança Independente em Portugal (Cotovia e Danças na Cidade, 1997) e é autora do livro Dança Teatral: Ideias, Experiências, Acções (Celta, 2007).
O NEC é uma estrutura financiada pelo MC/ DGArtes

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