sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

sempre



amor,

por que é que quando vem a noite
ela nunca se apaga toda,
e parece que para existir
tem de haver sempre clarões,
estes lampejos de dia.

estes rasgões de luz
que não me deixam adormecer
estes orifícios
por onde parece passar
de um dia para outro
uma palavra toda esticada

que pergunta, amor,
por que é que de um dia para outro
o dia nunca se apaga todo

e tem de permanecer
nestas luzes, nestes avisos
eternamente acesos

assim, dizer que quereria reclinar
o meu rosto cansado
no teu peito de bruma
e deixar-me enroscar
nas suas volutas,
não é suficiente

as luzes permanentes
cansam-me a vista

e a imaginação

e entre um dia e outro
passam os teus lábios,
passas tu toda, de ombro
a ombro, doçura que percorre
as palmas das mãos
a nudez dos pés

esgueirando-se
na imagem que fica entre,
na alumiação que brilha sobre,
no silêncio que demora sempre.












texto e fotos voj 2009 porto

5 comentários:

isabel mendes ferreira disse...

a beleza mora aqui.


sempre.




o meu abraço.

Vitor Oliveira Jorge disse...

Gracias!

Anónimo disse...

está lindo prof.

Teresa Lobato disse...

Poucas coisas me emocionam :) à excepção de um belo poema de amor. Que é o caso.

Aprecio a clareza do seu blogue, a luz do dia que lhe imprime, o real, a escrita, também ela clara. Fico sua leitora.

Vitor Oliveira Jorge disse...

E "seguidora", por que não?...
Obrigado
V.