Grandes expectativas, talvez mesmo demasiado grandes para serem realistas. Sobrtudo esta construção hagiologica que estão a fazer do Obama. Esquecem que os limites do Obama são o próprio sistema em que ele está inserido. Tem um problema gigantesco pela frente, que é a dívida externa dos EUA e do qual depende a resolução da maior parte dos outros. Na política externa a escolha duma série de gente do antigo gabinete de Clinton também não augura nada de bom. Não serão de esperar grandes mudanças na política externa tradicional,mas desde que não nos meta em outros aventureirismos já não será mau de todo.
Sem dúvida, mas se nos lembrarmos de que é o primeiro presidente "negro" dos Estados Unidos, país onde ainda há tanto racismo, ele é um símbolo...que desde já só por si muda algo. A história é feita assim, também, de pequenos passos...
O Obama é já um excelente pregador! Se ele conseguir, daqui para a frente, galvanizar as pessoas, se ele levar as pessoas a acreditar que é POSSÍVEL FAZER , que é possível... ELAS...as pessoas todas, em conjunto, FAZEREM, com sentido de missão, Obama ficará para a história! O resto... é a vidinha: as crises, as guerras, as mortes, as torturas, as misérias humanas! Também existem algumas coisas boas..é a vidinha. Obama não vai poder virar o mundo. De Obama espera-se que nos ajude a saber sobre-viver.
Curioso como um país como Estados Unidos, supostamente na linha da frente em ciências como a biologia ou a antropologia, continua tão agarrado aos velhos mitos rácicos. Até inventam novas sub-raças como os "latinos" ou "hispânicos" que são considerados intermédios entre "brancos" e "negros". Presumo que seja nesta "raça" que se encaixam os portugueses.
Os EU é um grande caldo...no meio do nada (para um europeu) surgem universidades e centros muito interessantes, ou seja, aquilo é outro mundo (só lá fui duas vezes) onde há do mais horrível ao mais interessante. Claro que é o Império e como tal está ali o César, poderoso e cheio de gajos à volta para o apunhalar. Não há paraísos...o que mais me choca é a profunda união do Estado à religião, sempre a invocarem que Deus abençoe a América. Mas também em Inglaterra e em geral em todos os países onde há uma monarquia nos choca todo aquele espavento e gasto em torno dos símbolos. Todavia, vá-se a Fátima ou Lourdes e veja-se o que é aquilo. E Cristo que expulsou os vendilhões do templo!... O melhor mesmo é continuar a visitar o Kafka e não crer em nada senão no nosso humor, enquanto pudermos rir da loucura do mundo. Uma gargalhada é hoje em dia o maior luxo.
O Zé...tem este "mood" sarcástico..meio desalentado. Ó Zé: depois do Bush, do BUSH!!!, o Obama surge não apenas como "qualquer presidente que vier a seguir é melhor..". O Obama é um marco histórico incontornável na história americana! Não é só porque é preto. É porque ele escolheu a meio da sua vida...ser culturalmente preto! E..com essa identidade... avançar para um lugar de grande risco, um LUGAR IMPROVÁVEL! O que acontecer a seguir não elimina o que... AGORA... já é indesmentível: que somos todos contemporâneos dum momento histórico que virou a história! Isto vai trazer consequências imprevisíveis no mundo. Quem não percebe isto...não tem percepção de que a histórica se faz sobretudo com acontecimentos simbólicos! Chamam-lhe "simbólicos"...em tom desvalorativo. Eu acho que são acontecimentos como estes que conduzem muito pragmaticamente o mundo. O resto é a vidinha!
Cara Susana: Não desvalorizo os acontecimentos simbólicos, antespelo contrário. A política feita para ser vista/ouvida pelo público é essencialmente um conjunto de actos/frases simbólicas. Mas se o simbólico não tiver consequências práticas será, como dizia S. Paulo, semelhante à Fé sem obras. Ou de forma mais prosaica, aquelas cerimónias lançamento da primeira pedra mas onde nunca se chega a deitar a segunda.
Apenas queria alertar que quanto maior é a expectativa maior é a decepção.
Caro Zé: a tua fé em S. Paulo é sempre reconfortante! Mas eu não me terei feito entender.
Eu não acho que existe o simbólico....e... a vida prática! Eu acho o simbólico..a única coisa prática!
O Gandhi passou a vida a fazer do "simbólico"..uma arma de arremesso. O que é o simbólico? Um poder. O poder. Se ele existe..é "prático". A oratória- ruidosa ou silenciosa- é uma arma de propaganda bem antiga. Duma eficácia prática temível!
8 comentários:
Grandes expectativas, talvez mesmo demasiado grandes para serem realistas. Sobrtudo esta construção hagiologica que estão a fazer do Obama. Esquecem que os limites do Obama são o próprio sistema em que ele está inserido. Tem um problema gigantesco pela frente, que é a dívida externa dos EUA e do qual depende a resolução da maior parte dos outros. Na política externa a escolha duma série de gente do antigo gabinete de Clinton também não augura nada de bom. Não serão de esperar grandes mudanças na política externa tradicional,mas desde que não nos meta em outros aventureirismos já não será mau de todo.
Sem dúvida, mas se nos lembrarmos de que é o primeiro presidente "negro" dos Estados Unidos, país onde ainda há tanto racismo, ele é um símbolo...que desde já só por si muda algo. A história é feita assim, também, de pequenos passos...
O Obama é já um excelente pregador! Se ele conseguir, daqui para a frente, galvanizar as pessoas, se ele levar as pessoas a acreditar que é POSSÍVEL FAZER , que é possível... ELAS...as pessoas todas, em conjunto,
FAZEREM, com sentido de missão, Obama ficará para a história! O resto... é a vidinha: as crises, as guerras, as mortes, as torturas, as misérias humanas! Também existem algumas coisas boas..é a vidinha. Obama não vai poder virar o mundo. De Obama espera-se que nos ajude a saber sobre-viver.
Curioso como um país como Estados Unidos, supostamente na linha da frente em ciências como a biologia ou a antropologia, continua tão agarrado aos velhos mitos rácicos. Até inventam novas sub-raças como os "latinos" ou "hispânicos" que são considerados intermédios entre "brancos" e "negros". Presumo que seja nesta "raça" que se encaixam os portugueses.
Os EU é um grande caldo...no meio do nada (para um europeu) surgem universidades e centros muito interessantes, ou seja, aquilo é outro mundo (só lá fui duas vezes) onde há do mais horrível ao mais interessante. Claro que é o Império e como tal está ali o César, poderoso e cheio de gajos à volta para o apunhalar. Não há paraísos...o que mais me choca é a profunda união do Estado à religião, sempre a invocarem que Deus abençoe a América. Mas também em Inglaterra e em geral em todos os países onde há uma monarquia nos choca todo aquele espavento e gasto em torno dos símbolos. Todavia, vá-se a Fátima ou Lourdes e veja-se o que é aquilo. E Cristo que expulsou os vendilhões do templo!... O melhor mesmo é continuar a visitar o Kafka e não crer em nada senão no nosso humor, enquanto pudermos rir da loucura do mundo. Uma gargalhada é hoje em dia o maior luxo.
O Zé...tem este "mood" sarcástico..meio desalentado. Ó Zé: depois do Bush, do BUSH!!!, o Obama surge não apenas como "qualquer presidente que vier a seguir é melhor..". O Obama é um marco histórico incontornável na história americana! Não é só porque é preto. É porque ele escolheu a meio da sua vida...ser culturalmente preto! E..com essa identidade... avançar para um lugar de grande risco, um LUGAR IMPROVÁVEL! O que acontecer a seguir não elimina o que... AGORA... já é indesmentível: que somos todos contemporâneos dum momento histórico que virou a história! Isto vai trazer consequências imprevisíveis no mundo. Quem não percebe isto...não tem percepção de que a histórica se faz sobretudo com acontecimentos simbólicos! Chamam-lhe "simbólicos"...em tom desvalorativo. Eu acho que são acontecimentos como estes que conduzem muito pragmaticamente o mundo. O
resto é a vidinha!
Cara Susana: Não desvalorizo os acontecimentos simbólicos, antespelo contrário. A política feita para ser vista/ouvida pelo público é essencialmente um conjunto de actos/frases simbólicas. Mas se o simbólico não tiver consequências práticas será, como dizia S. Paulo, semelhante à Fé sem obras. Ou de forma mais prosaica, aquelas cerimónias lançamento da primeira pedra mas onde nunca se chega a deitar a segunda.
Apenas queria alertar que quanto maior é a expectativa maior é a decepção.
Caro Zé: a tua fé em S. Paulo é sempre reconfortante! Mas eu não me terei feito entender.
Eu não acho que existe o simbólico....e... a vida prática! Eu acho o simbólico..a única coisa prática!
O Gandhi passou a vida a fazer do "simbólico"..uma arma de arremesso. O que é o simbólico? Um poder. O poder. Se ele existe..é "prático". A oratória- ruidosa ou silenciosa- é uma arma de propaganda bem antiga. Duma eficácia prática temível!
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