Há aquela célebre história do Kafka sobre o porteiro à porta da Lei (ver "Wedding Preparations in the Country and Other Stories", Harmondsworth, Penguin, 1978)... muito resumidamente, pois toda a gente conhece:
Está um porteiro à porta aberta da Lei, de um dos seus lados. Lá chega um sujeito do campo que pede autorização para entrar. Mas o porteiro diz que de momento a não pode dar, só mais tarde. O homenzinho faz menção de entrar. O porteiro diz-lhe a rir que se quiser entre, desobedecendo-lhe; mas lembra que é poderoso, e que há muitos outros porteiros, ainda mais poderosos que ele...Perante tal, o homem assusta-se e pensa que o melhor que tem a fazer é esperar do outro lado , junto à porta. Duram muitos anos, e o homem olha sempre atentamente para o porteiro, à espera de um sinal. Até que, acercando-se o provável momento da morte, o homem se arrasta para o porteiro, e põe a pergunta que já o intriga. Se toda a gente procura a Lei, como diabo é que nunca ninguém mais senão eu chegou aqui a pedir para entrar também? O porteiro responde-lhe então ao ouvido, para que ele, já velho e degradado de tanto esperar, perceba bem: mais ninguém poderia ter entrado neste portão, pois ele foi concebido só para ti. E eu agora vou fechá-lo.
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Se em vez de "Lei" colocarem "Condições Institucionais de Trabalho Digno em Investigação Arqueológica Merecedora de tal Nome" e em vez do homem do campo o arqueólogo que cada um de nós é (ou tenta ser) descobrem uma coisa maravilhosa: VIVEMOS DENTRO DE UMA HISTÓRIA DO KAFKA.
É um frisson, um prazer danado, especial e naturalmente para masoquistas requintados (ou requentados, é o mesmo).
Hoje inaugurei um ciclo novo neste blogue: o de me rir, rir disto tudo, rir para não enlouquecer de tanta loucura que campeia neste mundo em que vivo. Não quero mais sair de dentro de uma história do Kafka.
Está um porteiro à porta aberta da Lei, de um dos seus lados. Lá chega um sujeito do campo que pede autorização para entrar. Mas o porteiro diz que de momento a não pode dar, só mais tarde. O homenzinho faz menção de entrar. O porteiro diz-lhe a rir que se quiser entre, desobedecendo-lhe; mas lembra que é poderoso, e que há muitos outros porteiros, ainda mais poderosos que ele...Perante tal, o homem assusta-se e pensa que o melhor que tem a fazer é esperar do outro lado , junto à porta. Duram muitos anos, e o homem olha sempre atentamente para o porteiro, à espera de um sinal. Até que, acercando-se o provável momento da morte, o homem se arrasta para o porteiro, e põe a pergunta que já o intriga. Se toda a gente procura a Lei, como diabo é que nunca ninguém mais senão eu chegou aqui a pedir para entrar também? O porteiro responde-lhe então ao ouvido, para que ele, já velho e degradado de tanto esperar, perceba bem: mais ninguém poderia ter entrado neste portão, pois ele foi concebido só para ti. E eu agora vou fechá-lo.
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Se em vez de "Lei" colocarem "Condições Institucionais de Trabalho Digno em Investigação Arqueológica Merecedora de tal Nome" e em vez do homem do campo o arqueólogo que cada um de nós é (ou tenta ser) descobrem uma coisa maravilhosa: VIVEMOS DENTRO DE UMA HISTÓRIA DO KAFKA.
É um frisson, um prazer danado, especial e naturalmente para masoquistas requintados (ou requentados, é o mesmo).
Hoje inaugurei um ciclo novo neste blogue: o de me rir, rir disto tudo, rir para não enlouquecer de tanta loucura que campeia neste mundo em que vivo. Não quero mais sair de dentro de uma história do Kafka.
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