sábado, 17 de janeiro de 2009

gozar


já que o mundo anda a gozar connosco (colectiva e individualmente, isto está tudo maluco e é o salve-se quem puder...) o melhor é cada um gozar alguma coisinha também.
pra não se sentir tão indigente. quand même.
por exemplo, eu exemplifico:
esteticizar a tal ponto a vida, que se vai até à cozinha com o mesmo passo com que se andaria pelo palácio de Versalhes.
erotizar a tal ponto a vida, que se começa a ver a cara da Marylin Monroe a olhar para nós como se fôssemos um dos Kennedys, mesmo quando se olha para o copo das canetas.
maravilhar a tal ponto a vida, que se começa a ver a Floresta Negra quando se mira as árvores para lá da janela.
alterar de tal modo a imaginação, que quando se está no palácio de Versalhes se tem saudades da nossa cozinha, e de ir a caminhar para ela.
que se diz à Marylin Monroe que vá dar uma curva, e mande entrar a Nicole Kidman, que ainda está a Naomi Watts à espera.
que quando se está na Floresta Negra o que nos apetece horrivelmente é estar no conforto da casa, da cadeira, precisamente onde estou agora. com um arrepio de prazer por poder ver as árvores do lado de lá da janela.
quer dizer: gozar é o resultado de uma longa aprendizagem.
meu deus, estou farto de andar práqui a escrever coisas evidentes. tenho mas é de ler coisas difíceis, assim que a conjuntivite me ajude neste transe, e os deuses pagãos me perdoem.
pensando melhor, que deus me perdoe, que desse modo é mais rápido.
o monoteísmo tem vantagens. é a síntese, e a gente despacha-se.

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