sexta-feira, 16 de março de 2007

ápice


segurei-me aos teus pés
no momento
em que iniciaste a subida
para o mais alto cume;

e vi-te trepar,

cindida, mastro acima;


mas por mais que a atmosfera
se abrisse aos pulmões,
e os êmbolos trabalhassem

para o alto mar,


as velas continuavam
a pedir mais azul,
e a casa das máquinas,

labaredas.


assim antevi perder

a própria direcção
do teu olhar
,
quando quase chegava

à abrasão do lume;


e assisti à tua boca,
saltando sempre para a frente,
a cada batida
de nova vaga.

jogos fortes
de espuma e quilha,
rasgões de astros, e de estrelas,
no suor do casco,

energia voltada
para novos continentes


onde pressenti,

sem ter disso a certeza,

que mais tarde de mim

te perderias.

e hoje consultamos mapas,
notícias de naufrágios,
histórias trágico-marítimas,

à procura do grito,
de um nome de praia,
das aves que vinham de terrra,
do odor de algas
e de esponjas

e do que entretanto
pelo meio, cindido de si,
se terá apagado.

voj 2007

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