domingo, 6 de setembro de 2009

rejubilava



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às vezes aproximava-se do seu próprio canto, e perguntava-se:

quem está cantando?

e os claustros vazios respondiam-lhe.

e o tocador de alaúde segredava-lhe.

e o som de um fio de água escorrendo dizia-lhe.

e uma mulher, nas suas cores todas, voltejava no ar.

então enchia o peito de ar e, sob o sol,

perdido como os demais no meio de tanta secura,

dizia para si próprio: talvez no meio da minha garganta haja uma fonte,

talvez Deus me tenha concedido alguma qualidade,

talvez haja alguma nobreza neste som,

talvez haja dentro de mim um pátio cheio de sol

e o pé desnudo da mulher, uma laranjeira toda vermelha de frutos.



e rejubilava com esse sentimento,

com essa simples possibilidade.




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texto voj set. 2009 porto
foto voj jordânia (mar morto) set. 2009

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