Transferência "(...) A PSICANÁLISE INVENTOU DE FACTO UMA NOVA FORMA DE AMOR CHAMADA TRANSFERÊNCIA." JACQUES-ALAIN MILLER (Lacan Dot Com)
sábado, 5 de setembro de 2009
o poeta
Um poeta deve apresentar-se com os pés nus diante de Deus.
Quem é Ele, esse Deus?
O Grande Nada, o Grande Tudo.
Aquele abismo de que o poeta necessita para perante ele poder cantar.
Cantar o quê?
O seu Espanto Absoluto perante o que Existe e o que Inexiste.
O poeta, quando se aproxima do abismo absoluto, tem de levar nas mãos as cores do incenso e da mirra: ele é o mais nobre e puro dos homens, o que se debruça sozinho.
O poeta canta a impossibilidade de cantar, o ruído que vem do fundo do silêncio.
O poeta canta para um Deus que inexiste na sua existência, ou, se se quiser, que existe na sua inalcançável inexistência.
Aqueles que dizem que o conhecem e que falam com Ele ou em nome d' Ele pronunciam apenas blasfémias: são o símbolo do orgulho, da suprema sobranceria. O Desconhecido, o Nada, jamais se dará a conhecer.
O poeta aproxima-se do Abismo com os instrumentos artesanais da sua sublime impotência.
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Foto acima: palmeiral nas imediações do Mar Morto, Jordânia.
Foto de voj 3.9.09
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