Está bem de ver quem é a pessoa, de longe, de muito longe, que tem capacidade para continuar a ser (com todos os erros e defeitos que se podem sempre apontar a qualquer actuação política, e evidentemente à dele em particular) o primeiro ministro deste país, e que expõe com clareza para onde quer ir (estejamos ou não de acordo com ele). O actual maior partido da oposição não tem um programa explícito claro, e não dispõe de liderança carismática. Não tem fôlego. Isso é mesmo algo de muito lamentável, porque é tão importante a oposição como a governação para o destino do país.
Fiquei também satisfeito ao ouvir o anúncio de que haverá novos ministros, porque, em certas pastas, o desgaste é evidente.
Mas a população dirá no dia 27. E a população, muito sensível a estes debates que hoje constituem o espaço público, não é estúpida. É pragmática e é desse pragmatismo que se vive no sistema político em que nos inserimos, objectivamente, quer gostemos quer não.
Na situação a que se chegou, segundo as sondagens, está claro que a abstenção, o voto em branco ou mesmo o voto em pequenos partidos é um gesto que contribui para enfraquecer o único partido com liderança capaz de nos governar, votos esses que na minha opinião e do meu ponto de vista são um erro crasso.
Temos de pôr (digo para mim) o interesse do país acima das nossas opções teóricas ou de emoções utópicas. Mas cada eleitor(a) é livre, claro,e senhor(a) dos seus actos.
É evidente que o tipo de sociedade com que sonhei não é esta. Bem ao contrário. Mas aqui tem de se ter a lucidez de se estar bem acordado, e o pragmatismo daí resultante.
Assumo naturalmente esta posição como muito subjectiva, ela é (apenas) a minha opinião.
Estas eleições são muito importantes.É preciso votar com a cabeça fria. E fazer justiça a quem, de facto, tem conseguido apesar de tudo alguns avanços num contexto dificílimo, e que concretamente foi preparado para este debate, além de ter capacidade comunicativa e televisiva, o que é hoje em dia absolutamente crucial.
Digo isto com a serenidade de quem está "out" da vida política, mas não da sua responsabilidade como cidadão - isso, não, como é óbvio.
13 comentários:
HÁ MAIS DE DOIS ANOS, MUITO ANTES DA FAMOSA CRISE, QUE PENSO QUE O PARTIDO SOCIALISTA DEVERIA MUDAR DE LÍDER. PARA BEM DO PARTIDO E DA ESQUERDA. E DA GOVERNABILIDADE DO PAÍS.
HÁ MAIS DE DOIS ANOS, MUITO ANTES DA FAMOSA CRISE, QUE PENSO QUE O PARTIDO SOCIALISTA DEVERIA MUDAR DE LÍDER. PARA BEM DO PARTIDO E DA ESQUERDA. E DA GOVERNABILIDADE DO PAÍS.
O argumento da cabeça fria é interessante. Lembra-me um episódio de violência (por exemplo um polícia que bate num transeunte, ou um conjugue que agride o outro) em que a seguir é pedido à vítima que tenha calma, que não se exalte, que não se queixe, que não se indigne.
É acompanhado do exercício da bipolarização como único destino.
Podemos discordar? Podemos exercer o nosso direito em democracia, nomeadamente o direito à rejeição de certo tipo de políticas? Ou somos condenados a suportar tudo perante a ameaça do Outro? (sabe que o agitar o fantasma do Outro costuma ser comum em certos tipo de regimes - não será isso um sintoma?)
Claro que felizmente podemos dizer e escrever muita coisa,fazer é que já é mais difícil... o que escrevi, escrevi para mim antes de mais, não para conselhos a ninguém,neste caso, o que não faz sentido. Não acho que ontem tenha havido um empate técnico, c' est tout. Isso não é verdade nem é justo. Quanto à governação, sou uma pessoa de esquerda, sempre fui. Sonho com uma sociedade onde não haja as disparidades horríveis que infelizmente existem no mundo em que vivemos. Não por bondade pessoal, mas por um pricípio de comunidade: não podemos nunca ser felizes ao lado de desgraçados e de frustrados. O seu fel acaba sempre por nos atingir. Por isso a coesão social tem de se manter e tem de se alargar sempre as oportunidades PARA TODOS. Nenhum partido real me consegue dar essa garantia, mas o mal menor é por onde eu vou... é aí que está a minha única possibilidade de escolha, tal como de outro qualquer cidadão. Não me alongo mais na análise de cada partido concorrente. Nenhum me leva à certa, claro, e só a esquerda me interessa. Mas topo qual a estratégia dos pequenos partidos dessa banda, cada um com a sua. E se eles crescerem, podemos ter a chamada direita no poder de novo, um autêntico cheque em branco, porque se é o PSD o programa apresentado serve para tudo, se é coligado com o CDS, muito obrigado mas não compro. Terei de gramar se ganharem, como qualquer outro cidadão, é claro.
Apesar de ser um PS tecnocrático o que está no poder, prefiro este PS a qualquer outro partido no governo. É com esta família que tenho mais afinidades, e assumo o aspecto objectivo disso. Portanto, o meu sintoma é o de uma atitude muito pragmática: gostava de comer um bom bife à antiga portuguesa, mas no restaurante só há 5 pratos, e não incluem o bife. Paciência, a fome existe, escolho o que me desagrada menos. É só isto. Não vou em demagogias de momento nem em exaltações salvíficas. Quero o que me desconsole menos do bife que já sei que não vou ter- nem mesmo é possível neste restaurante.
queria dizer na mensagem anterior: "e assumo o aspecto subjectivo disso"
E CHEGÁMOS ASSIM A ESTE MOMENTO..DOS MAIS CONFRANGEDORES PARA O CIDADÃO COMUM DE ESQUERDA...A ESTE MOMENTO.... DEPOIS DE 74...A UNS DIAS DE IR VOTAR....E SABER QUE NÃO HÁ VOTO ÚTIL. QUE A GUERRILHA ESTÁ INSTALADA. QUE NÃO HÁ FUGA PRAGMÁTICA QUE NÃO SUBVERTA A FOME NUM SUFOCO.
Creio que existe algo que está no (in)consciente de várias pessoas:
- Existe hoje uma clara maioria de esquerda (é tão mais clara quanto a consideração do PS de Socrates ser mais à esquerda ou à direita)
- A direita não tem qualquer possibilidade de formar um governo
Dentro deste quadro existem várias pessoas que acreditam que o governo de 3ª Via de Sócrates deve ser penalizado, de modo a forçar a que o país rume à esquerda. Porque existe a oportunidade única de mostrar a força da esquerda em Portugal, sem que com isso resulte uma vitória da direita.
Por aí aliás se compreende apelos como o de SjsVls em relação à mudança de líder no Partido Socialista. Essa mudança de líder e de direcção política é fundamental para que se possa abrir o futuro.
Basta ver um sintoma chamado Bloco de Esquerda e o seu apelo à formação de um grande partido de esquerda (atraindo sobretudo aqueles que se afastam da actual liderança do PS). O Bloco de Esquerda pretende sobretudo capitalizar o descontentamento forçando a que a sua agenda política seja observada. Através deste jogo vão lentamente conquistando o poder. Dentro desse quadro a minha escolha é simples e liga-se com aquela velha piada "tea or cofee: yes please". No caso: mais esquerda? Sim, p.f. Mas esquerda mesmo, não descafeinado.
A chantagem do voto útil desta vez não passa..
Já que esta discussão está animada aqui vai também o meu modesto contributo:
O voto útil é o mais inútil de todos, porque apenas serve (e muito a quem o recebe) mas é inútil paraa quem o concede. Só seria realmente útil se servisse para escapar à ressaca e à azia de quem acabou de engolir um sapo. Mas quem vai pelo voto "util" vai embalado pela doce ilusão de que ainda existem diferenças entre os partidos do centrão e que tudo o que se passou nos últimos quatro anos pode ser apagado carregando num "reset" mental e imaginado um novo recomeço. E contudo o que vai acontecer a esse individuo é que irá acordar e pensar "não foi para isto que votei nestes tipos".
Como naqueles casos patológicos de violência doméstica em que o agressor depois de espancar a vítima lhe pede desculpa e jura que nuca mais lhe bate. Até à próxima vez... É isto o mecanismo do rotativismo e do pseudo voto útil.
O voto realmente útil é aquele que não dá lugar a esse tipo de frustração.
Se um partido transformado num culto da personalidade unipessoal como é actualmente o PS já garantiu que vai manter o mesmo rumo porque é que quem discorda e/ou foi prejudicado por esse rumo lhe dará o seu voto de confiança?
Reduzir toda a complexidade destes assuntos a uma disputa bipolar é reduzir a política à sua caricatura mais absurda.
A questão para mim é simples. Na prática, só dois partidos (de acordo com as sondagens) podem vir a conduzir a política do país. Há diferenças significativas entre eles. Um é um partido de direita, com uma líder que pode ter muitos valores mas não para o cargo de primeira-ministra; outro é um partido que de esquerda tem já pouco - a pergunta seria o que é a esquerda e que política se pode praticar no quadro da União Europeia - mas que apesar de tudo é muito diferente do PSD. Este, coligado com o CDS, é a evitar absolutamente. Assim, não nos resta muita escolha. Identifico-me com muitas das iniciativas e intenções do PC, mas é óbvio que não vai governar, nem sequer em coligação com o PS. O PC é excelente para as autarquias, por exemplo. A sua ideologia geral teria de ser reformada com um neo-marximo muito complexo que o PC sempre desconheceu. É preciso voltar a Marx, sim, e isso nunca deixou de acontecer, mas cá não há debate sobre isso, nem o líder do PC tem essa visão. Do ponto de vista do debate teórico, é claro que o que diz o Bloco é atractivo. Mas por detrás das afirmações é preciso intuir as pessoas. O "desejo" do Bloco não se identifica comigo, e no quadro actual não há condições para se coligar com ninguém. Portanto, temos apenas duas opções, nós os de esquerda (porque há de facto uma linha de fractura entre os dois partidos do chamado "centro"):
- a do voto que derrota a direita, que é o voto no PS
- a do voto de convicção, que é no PC ou no Bloco, que dão muita satisfação ao votante convicto, está no seu direito, inclusivamente no seu direito de assim eleger a direita. Neste jogo (viciado, ia a dizer) não interessam angelicais intenções e coerências puras, interessa derrotar a direita. Eu nasci e mnorrerei a detestar a direita, por mais "humana" que seja a sua face. Governar o país num quadro de crise internacional como esta, numa União Europeia como esta, dominada pelo eixo nórdico RU-França-Alemanha, governar o país real no curto prazo, não nos permite idealismos, utopias, aventuras. Ficamos pior. Neste quadro qualquer governo ter de ter ma posição relativamente "central" para não afugentar empresários e capitais, que criam empresas, que por sua vez criam empregos... sejamos realistas. Vivemos (gostemos ou não) num quadro capitalista neo-liberal, isso está a uma escala que ultrapassa qualquer um. Há que desenvolver a apoiar outros sectores, sem dúvida. Mas não é a direita que os vai apoiar. O governo de José Sócrates tem sido eficaz em várias frentes, tem obra relativamente a governos de direita anteriores. Como aliás também o governo de António Guterres fez muita coisa positiva, apesar de tudo. Por isso, para mim distingo o que é o meu desejo a longo prazo, o de uma sociedade sem privilegiados, uma sociedade que recupere o sentido profundamente solidário (e até de tradição cristã) do comunismo, ou socialismo, como se queira, e uma sociedade possível, agora em 2009, que eu não quero ver governada por entidades de direita. Mas, se os eleitores de direita votarem em massa, como se espera, e os dos dois pequenos partidos de esquerda também, como se espera, pode ser que tenhamos que gramar isso, um governo de direita. Não personalizemos as coisas. Leiamos apenas os programas dos dois partidos em jogo: PS e PSD. Em quem vota(m), directa ou indirectamente? Eu cá não tenho dúvidas. Nenhumas. Não hesito 1 segundo.
Já agora, acrescentar: evidentemente que esta bi-partidarização, ou bipolarização, que faz dos partidos de margem um mero décor democrático,independetemente da eventual justeza das suas razões ou fascínio das suas enunciações e práticas, é típica do liberalismo burguês, para o qual não se vê fim no CURTO PRAZO. Enquanto predominar no mundo este sistema a sociedade justa com que todos sonhamos é uma fantasia. Sem dúvida, a política é um jogo pragmático, uma luta de interesses. E aí há que defender os de quem não têm mais nada, ou pouco mais têm, do que a sua força de trabalho (é o meu caso - não herdei nada, não herderei nada, tudo o que tenho é produto do meu esforço titânico ao longo de uma vida), e sobretudo aqueles que estão excluídos ou em riscos de o ser, e são milhões. Para isso, no quadro presente, é preciso criar empregos e é preciso uma polºitica sensível a esses problemas gravíssimos, no sentido de os ir atenuando. Não é no quadro de uma legislatura que se põe um barco na rota certa, mas pelo menos não se põe na rota que leva ao porto dos mais ricos e dos privilegiados, a gozarem pensões douradas enquanto há pessoas a morrer de fome. Esses privilegiados deveriam ter vergonha de viver no luxo e na ostentação, mas sabemos bem que não é assim: são de uma frieza total, embora em público digam o que querem. Nós precisamos de um partido de esquerda moderado no poder, que equilibre o sistema, e de partidos como o PC e o Bloco para, na AR, puxarem as orelhas ao PS e não o deixarem colar-se demasiado a uma política de direita. E precisamos de abandonar linguagens politicas do passado.
Quem embarca no PC é normalmente gente honesta e boa, mas muita é ingénua. Nas câmaras municipais fazem boa administração, que é isso a que está hoje de facto reduzida a política de todos. Quem embarca no Bloco é muita malta inteligente, que respeito, mas bastantes deles são filhos da burguesia, iluministas esclarecidos, uma esuerda de malta que vive bem, pensa bem, diz coisas bem estudadas, mas ai de nós se governasse o país...são precisos, todos somos precisos para tentar equilibrar o barco. Mas aqui trata-se de definir quem vai ao leme. É isso que pragmaticamente me importa. Não gosto de muita coisa que o PS fez. Mas não me dedico à política para, dentro dela, lutar por corrigir esses erros. Não tenho energia, nem tempo, nem meios para actuar aí. Então tenho de delegar, de me fazer representar, não por uma força mirífica que não existe no campo de jogo, mas por aquela que é a menos má. E desde o 25 de Abril que o PS tem sido a força, a nível nacional, que tem permitido que o país não caia duravelmente nas mãos da direita. E, com todo o respeito por outros, isso deve-se a Mário Soares, a única figura deste país que me merece de facto respeito pelo enorme lutador que foi e que continua, discretamente, a ser. É a essa "família" que me sinto pertencer... não levem a mal!
ANOTO QUE O GONÇALO E O ZÉ INVOCAM A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA - QUE É MAIORITARIAMENTE MASCULINA - NAS SUAS ARGUMENTAÇÕES SOBRE AS ELEIÇÕES..... ESTÃO MUITO MODERNOS.AVANTE!
SOBRE O VOTO ÚTIL: PARA QUEM NÃO É FILIADO PARTIDARIAMENTE -OS DESCONTENTES DOS PARTIDOS NÃO TÊM PROBLEMAS DE CONSCIÊNCIA EM VOTAR EM QUEM NÃO ACREDITAM COMPLETAMENTE...PORQUE SENTEM-SE ESCUDADOS PELA BONDADE ESTRATÉGIA DAS RESPECTIVAS LIDERANÇAS- VOTAR É NORMALMENTE "VOTAR ÚTIL". DESDE 74 QUE VOTO ÚTIL...COM ALGUMAS EXCEPÇÕES EM QUE VOTEI ACREDITANDO CONVICTAMENTE NA PESSOA E /OU NO PARTIDO X OU Y. A GRANDE MAIORIA DAS VEZES VOTEI À ESQUERDA NO MAL MENOR...TENTANDO IMPEDIR A DIREITA DE OCUPAR ESPAÇO. NÃO QUE ESTIVESSE CONVENCIDA COMPLETAMENTE DA COMPETÊNCIA DE TODA A GENTE...LONGE DISSO. O QUE SIGNIFICA QUE NOS ÚLTIMOS 30 ANOS PASSEI A VIDA A ENGOLIR SAPOS EM NOME DA AFIRMAÇÃO DA CHAMADA ESQUERDA. É UMA EXPERIÊNCIA QUE OS FILIADOS DOS PARTIDOS NÃO TÊM COM FREQUÊNCIA: ENGOLIR SAPOS. ACONSELHO-A VIVAMENTE A QUEM NUNCA O FEZ. FORTALECE A VONTADE E A RESPONSABILIDADE INDIVIDUAL. APESAR DA RESSACA...
PELA PRIMEIRA VEZ, PARA MIM...DESDE 74...NÃO CONSIGO ENTREVER VOTO ÚTIL. CREIO QUE ISTO DEVE ESTAR A ACONTECER A MUITOS PORTUGUESES...NOMEADAMENTE A MUITOS VOTANTES DO PARTIDO SOCIALISTA QUE ENFRENTAM SOLITARIAMENTE A MAGNA RESPONSABILIDADE DE IR VOTAR EM ALGUEM QUE SIRVA OS INTERESSES DO PAÍS...NESTA" ESQUINA" EM QUE O PAÍS SE ENCONTRA. TALVEZ A ESQUINA MAIS PERIGOSA DESDE O 25 DE ABRIL. NÃO HÁ VOTO ÚTIL.
COMO É POSSÍVEL QUE SE TENHA CHEGADO A ESTA CONFRANGEDORA SITUAÇÃO? COMO É POSSÍVEL QUE POR MAIS QUE PROCURE NÃO ENCONTRE NENHUM CANDIDATO A PRIMEIRO MINISTRO QUE NÃO ME REPUGNE E/OU DE QUEM NÃO TENHA MEDO ? OU EM EM QUEM NÃO CONFIE POLITICAMENTE? NEM PARA UM SIMPLES VOTO ÚTIL.... PERPLEXIDADE.
Só dou um exemplo: o TGV. Não é nenhuma obra faraónica, é uma obra de interesse estratégico para Portugal, país periférico, em cujos estudos JÁ SE GASTARAM MILHÕES DE EUROS. JÁ DEVÍAMOS TER O TGV, MAS COM MAIS HESITAÇÕES E DEMORAS, SÓ DAQUI A DÉCADAS. Estaríamos a comprometer o futuro. Além de que a Espanha tem de ser nisto, forçosamente, uma nossa aliada. A friend in need is a friend indeed. Vamos ficar aqui como ilha fora da Europa? Já tenho 61 anos de tão mesquinha e pequena ideia de Portugal. Nisso, o actual primeiro-ministro tem razão! É preciso adiantarmo-nos ao futuro, ter rasgo! O TGV. mesmo depois de iniciada a obra, leva um tempo para se fazer. Ora, mesmo periferizado no Porto (assimetrias regionais que também há que corrigir, veja-se as recentes declarações do Eng. Braga da Cruz) quero chegar depressa a Madrid, a capital da Península Ibérica! Como é óbvio!
Vítor, é óbvio que o voto útil não colhe. O TGV é o argumento que tenta esconder as familiaridades entre este PS e o PSD. Na Grã-Bretanha discute-se a construção da primeira linha de TGV entre Londres e Glasgow (sabia?). O debate é interessante. Por agora decidiram suspender o projecto (o avião, com a revolução low cost, tem por enquanto vantagem, mesmo ambiental) - mas isso são os ingleses (que se aproveitaram como ninguém do low-cost para ganhos económicoss).
Num país com 10% de desempregados, depois do ataque aos professores de todos os graus de ensino, do desmantelamento dos serviços públicos, do ataque à segurança social e ao serviço nacional de saúde, do código de trabalho, do flirt com os grandes grupos, do elogio da precariedade e dos empregos "call center", enfim... é demais.
Li os vários programas e penso que de facto existem falhas em vários partidos de esquerda, agora uma coisa eu sei: pior que o voto útil, só mesmo o voto inútil, ou seja, aquele voto que não afectará em nada o rumo dos acontecimentos (logo é apenas útil para pactuar com o actual sistema).
O voto em branco deverá ganhar mais margem neste eleições, mas o voto em branco não age na A.R. contra a aliança com os grupos económicos na área da saúde, nada faz para resolver a situação dos professores, nem revoga o código do trabalho. Talvez um dia faça implodir a democracia, quando se realize a promessa do Saramago. Até lá...
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