terça-feira, 8 de setembro de 2009

conselho



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Aproveita o verão enquanto podes,
Distende as forças sob as árvores de fruto,
E vai até ao âmago das polpas:
Deixa-as correr abundantes sobre o rosto!

Sente-te dentro do teu corpo, e deixa-o
Entregue à nudez das tardes, ao espaço
Dos sofás, entre os olhares atentos das estelas.
Os corredores iluminados espreitam sempre!

Bebe uma bebida de hortelã, fresca e ácida,
De tal modo que o teu corpo se confunda com o campo
Em que essas folhas verdes brotaram e se expandiram:
Aproveita o verde, o âmago da cor verde, enquanto podes.

Entrega-te ao tacto macio dos talos, das folhas,
Das polpas: sê esse tacto dentro de ti mesma,
Goza-o como se pode beber um prazer na máxima
Avidez! Entre a nostalgia dos velhos, estende-te!

De um lado a outro das almofadas, das cores vivas
E contrastantes: sê todos os teus volumes erguidos
No ar, deitados sobre os tapetes, dos vales das nádegas
Aos píncaros dos seios: sente aí o ardor.

O ardor do verão, da luz, das colunas contra o azul.
Enquanto podes, na maior nudez, contra a vergonha e o pudor,
Ergue o umbigo e a sua estranha entrada contra as reclamações
Invejosas dos velhos, desfralda a alegria da juventude,

E das águas e líquidos e suores e fluxos que escorrem pelo
Teu ventre, pelas tuas espáduas: banha-te na consciência
Da tua própria nudez, entrega-te enquanto dura
À dureza dos talos macios e verdes do verão!





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Foto: Pascal Renoux

Site: http://www.pascalrenoux.com/Nudes.html

texto voj set. 2009 porto

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