domingo, 15 de fevereiro de 2009

Comunicado do Museu Nacional da Imprensa


Textos de Amor

Vítor Oliveira JorgeGanha concurso do
Museu da Imprensa



O historiador Vítor Oliveira Jorge foi o vencedor do Concurso de Textos de Amor
do Museu Nacional da Imprensa, com um poema intitulado “Margem”.
A escolha feita pelo júri resultou da análise de mais de 300 textos enviados para a oitava edição do concurso que aquele museu promove desde 2001, no intuito de estimular a escrita lírica portuguesa.
O segundo lugar foi atribuido a Paulo Lima Santos, pelo texto “Espaços em Branco”, e o terceiro, ex-aequo, a Filipa Susana Martins Ribeiro e a Marcos G. C. Pinho da Cruz, respectivamente com ‘Secreto Apêndice de Recordar a Alma’ e “Roma”.
O Júri - constituido por Pires Laranjeira, da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Manuel António Pina, escritor e jornalista, e Luís Humberto Marcos, director do Museu Nacional da Imprensa – decidiu ainda a tribuir seis Menções Honrosas aos seguintes textos: “Deixa-me falar-te de amor” (de Ana Rita Rocha), “Amor em Caixa de Sapatos” (de Maria Paula Carvalheiro), “14 de Fevereiro” (de Mário Rui Simões Rocha), “Ritual” (de Paulo Lima Santos) , “Algures entre 15 de Setembro de1996 e 25 de Outubro de 2007” (de Rita Peixoto Lopes de Figueiredo) e “Amor sem Carregamentos Obrigatórios” (de Tiago Joel Moreira de Almeida).

Em termos globais, o júri considerou que esta 8ª edição do concurso ficou marcado por uma qualidade geral superior às anteriores.
Entretanto está a decorrer, até 21 de Fevereiro, a nona edição do Concurso de Textos de Amor, cujos prémios continuam a ser viagens, livros e/ou CD-Roms.

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Meu poema
(in CASA DAS MÁQUINAS, Porto, Papiro Editora, 2008 - como indicado em postagem anterior)


MARGEM


Dantes, quando pousavas
Em qualquer beira, como pássaro
Magnífico;
E o teu corpo, os seus poros,
Atraiam as ondas,
Os uivos litorais dos bandos;

Dantes, quando era possível
Cantar uma ária inteira
Caminhando sempre na mesma praiaSem vir ninguém,

A não ser o inverno, as suasGrandes ondas gordas, azuis, paradas;

E as rochas em que te sentavas
Em risco de rasgar a pele nas asperezas,
Eram também azuis;

E o teu olhar puxava a camisola para baixo,
Como se fingisses proteger-te da nudez
Perante um eu, um mim, que de facto
Acalentavas já dentro de ti.
Dantes, quando eu olhava os teus pés
Como um sinal da fragilidade em que assentava
Toda a tua arquitectura,

E te dizia:
É bom que eu os veja já com saudade,
Para não ser mais tarde surpreendido;
E mais tarde apenas me repetir
Quando te vir de novo pousar sobre a falésia
Como um pássaro, para me visitares

E, tal como hoje, não me dizeres nada:

Porque, contra tudo o que seria de esperar
Me possuis, e a tua presença bate aqui -
Como uma maresia distante, como uma praia
À noite, para um cego que não sabe
O que vai acontecer,

Mas no entanto caminha
Na aspereza das rochas,

Fascinado pelo iodo, pelo ruído
De um outro mundoQue vem dar a este limite:

O tacto, as nádegas sobre a rocha.
Esse conhecimento.


voj 2008
para a susana




Susana
Foto voj fev 2009 porto

1 comentário:

Chinezzinha disse...

E eu que já o conheci, não tivesse ele sido professor e amigo pessoal do meu irmão?
Mas isso que interessa agora?
Os meus parabéns, Professor!
Li há pouco o seu poema no porosidade etérea.
:)
Beijinho