sábado, 17 de janeiro de 2009

o professor


O Lou Reed disse uma vez que como não sabia fazer nada, ou não sabia o que havia de fazer,
começou a cantar.

Eu sempre tive a mania
de que queria saber alguma coisa,
mas de facto não sei nada.
De modo que comecei a ensinar.


É a melhor forma de se esquecer as dúvidas.
As perplexidades acabam
quando o pano levanta,
ou a porta se fecha,
e é preciso entrar a imagem resplandecente,
começar algo que atraia a atenção.


Uma coisa qualquer,
um acontecimento.
O público aplaude sempre em gravação.

Está tudo no gesto, na arte, na imagem.
Os primeiros acordes e a canção está feita.
Toda a arte, todo o saber é pop.
Toda a realidade é performance.

Algumas pessoas ainda não assumiram isso,
estamos digitalizados,
somos só imagem.

Ou então perceberam muito antes, claro,
e por isso se engravatam todo(a)s,
se aperaltam todo(a)s,
querendo confundir-se,
sobrepor-se de forma mesmo séria,
mesmo a sério,
à sua própria imagem.

É maravilhoso ver isto,
a comicidade
em estado de acção permanente!

Vão como Lou Reeds.
Mas em geral não ganham tanto dinheiro,
nem sobretudo têm tanto gozo
nesta arte do fingimento
profundamente verdadeiro.

Vem pouca gente ao espectáculo
de cada um de nós,
não há condições.


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