Cat Power...adolescente? Olhe que não.. É uma intérprete e compositora de primeira. Daqui a uns anitos...o professor dirá. Vá por mim... que eu também. Tem que se habituar a certas subtilezas.
Austrália-o filme- ao lado desta colecção de efeitos anedóticos..." Música no Coração" é transcendente...e "África Minha" raia o sublime!!! N. Kidman, que nunca foi grande actriz, aqui, para além de grotesca, nem sequer está atraente. Crítica enganosa em muitos jornais!
É todo o "ambiente" deste video que enfim... quando se ouve e se PERCEBE um tipo, por exemplo, como Bob Dylan (nos seus melhores momentos, que são muitos, é incrível, um gajo com uns 67 anos ou assim...) olha-se para estas miúdas com ternura e complacência. É giro. Para mim, neste tipo de música americana, safa-se ainda o Marc Knopfler, apesar de se ter abastardado lamentavelmente a cantar com a dolicodoce Emilou Harris, uma ridicularia. Ou seja, se eu soubesse tocar 1/1000 do que ele sabe, deus meu... que poesia se poderia fazer no palco, sítio por excelência da apresentação... dá deuses as nozes... é como a Nicole, deus deu-lhe corpo, mas parece que o discernimento anda por baixo. As pessoas desbaratam uma enorme força que podiam ter! Quanto a África Minha ser sublime, quem esteve em África sabe que não é, é bilhete postal ilustrado. Música no Coração, quando o vi, despertou em mim grande fúria, porque me pareceu de um ridículo atroz, uma coisa daquelas que é tão hipócrita que apetece fazer algo, entrar na tela e espatifar tudo. Mas, quem sabem hoje se o revisse talvez pensassa diferentemente. Era novo, e eu e os meus amigos fmros para uma fila e lançámos insultos ao filme e às ridículas boas consciências que à volta até choravam. Mas, quem sabe... uma pessoa está sempre a aprender, e a veemência das minhas afirmações não significa nem que me leve muito a sério ne que não esteja disposto a mudar. O que me irrita nos dias e nas coisas e nas pessoas é que confirmam a minha primeira intuição, raramente surpreendem, de forma a eu rever o que primeiro senti. Quando ouvi o primeiro disco do Dylan fiquei trespassado. E ainda hoje, o que já não acontece com os Beatles (embora reconheça que o John Lennon tinha talento) nem com os Rolling Stones, embora reconheça que o líder deles tem energia, tem beat, dança bem, é verosímil em algumas coisas. Mas é muito visual, só ouvido cansa. Claro que há essa canção que é quase um hino e umna denúncia, I can't get no satisfaction. Yes. I can get no satisfaction com tanta porcaria com o o nosso pobre mercado nos inunda. Sempre à procura da surpresa, sempre na prospecção. Mas ouço o Visions of Johanna (espero que se escreva assim, não importa) do Dylan, meu deus, e dá-me um calafrio na espinha, e muitas vezes tenho de escrever, tal qual como quando leio qualquer coisa inteligente, tenho de escrever. Infelizmente não sei tocar, senão fazia música, nem ternho já tempo para me dedicar ao cinema, senão tomava Lynch cmo mestre (é inigualável de perversidade), ou à fotografia, para ser uma espécie de Elliot Erwitt, por exemplo... ou mesmo mais atrevido, adoro algumas "pornografias" do Araki ou do Saudek (este é genial), ou muita fotografia surrealista (tipo Loretta Lux), experimental (tipo Zwir), etc, coisas que exigem ser-se profissional. A arte, para o ser, ter de ser fantasia, sonho, desejo, perversidade, êxtase, transe, quer dizer, algo que está próximo da religião, um misticismo desencantado, sem deuses nem rituais standardizados, algo que seja uma chapada na cara da arte, da história da arte (mas que evidentemente a pressuponha toda). A poesia para o ser não pode parecer demasiado poesia, senão não vale nada. É à beira desse limite que o escritor se situa sempre,numa desmedida.Qem não vive na desmedida, no dia-a-dia, não pode fazer nada de jeito por mais que esbraceje.Sei que isto é um lugar-comum, mas ºe preciso uma certa loucura,e ao mesmo tempo a sua sábia articulação (tempero, como na cozinha) com uma técnica, com um modo de fazer, que cada um tem de procurar por si, por forma a atingir a redenção do que é de facto digno de ser publicado, lido, divulgado.É muito dificil, o artista coloca-se sempre do lado do poder soberano, que pode descambar palhaço, ou seja, como todo o excesso, pode imeditamente cair para o contrário. É essa a ambiguidade do sublime... por isso a maioria dos bons artistas só são reconhecidos realmente (não me refiro à fama nem ao número de exemplares vendidos) após o seu desaparecmento, porque eles, como pessoas, incomodam, são em geral chatos, porque vivem de certo modo nesse limite do suportável, para si próprios e para os outros. O artista procura o excesso, canalizando-o (sublimando o desejo, já sabemos desde Freud) para a criação da obra.Tem de ter uma intransigência politicamente incorrecta, digamos.Uma confiança em si do tamanho de uma catedral e uma auto-crítica que lhe permita ver que muitas vezes não fez mais do que uma casota de cão. Essa capacidade de mobilidade da auto-estima,essa força sempre pronta a recomeçar do zero. E uma energia estramnha mas não tem nada de transcendente nem de estranho. É a associação de um temperamento voluntarioso, com uma técnica, que se aprende (ambos se aprendem).Uma obra que não parte deste núcleo não presta. Veja-se o talento transbordante de H. Helder ou de Llansol - aquilo é normal? Onde está o cinema que corresponde a tais níveis de talento? Está em Bergman, está em Lynch, está nalguns raros filmes... a qualidade é muito, muito rara!
A Cat Power é uma miúda de 37 anos! É uma miúda muito completa: cantora, compositora e instrumentista! A forma como se mexe em palco é muito inspirada. Tem 15 anos de carreira. Canta, por vezes, com uma tristeza... que arrepia! Já não é tristeza... é arte. É uma grande artista!
Como não se pode se perfeito...é fã do teu amigo Bob Dylan! E até lhe dedicou uma canção : SONG FOR BOBBY (live)-sur canal + (youtube). Vai ouvir!
Eu.. aqui deixo o meu testemunho.. que te chocará e a muita gente tb: fico quase sempre indisposta ao ouvir Bob Dylan. Fisicamente indisposta. É uma coisa visceral. Reconheço que ele é um grande criador...mas não amo o senhor!
3 comentários:
Cat Power...adolescente? Olhe que não.. É uma intérprete e compositora de primeira. Daqui a uns anitos...o professor dirá. Vá por mim... que eu também. Tem que se habituar a certas subtilezas.
Austrália-o filme- ao lado desta colecção de efeitos anedóticos..." Música no Coração" é transcendente...e "África Minha" raia o sublime!!! N. Kidman, que nunca foi grande actriz, aqui, para além de grotesca, nem sequer está atraente. Crítica enganosa em muitos jornais!
É todo o "ambiente" deste video que enfim... quando se ouve e se PERCEBE um tipo, por exemplo, como Bob Dylan (nos seus melhores momentos, que são muitos, é incrível, um gajo com uns 67 anos ou assim...) olha-se para estas miúdas com ternura e complacência. É giro.
Para mim, neste tipo de música americana, safa-se ainda o Marc Knopfler, apesar de se ter abastardado lamentavelmente a cantar com a dolicodoce Emilou Harris, uma ridicularia. Ou seja, se eu soubesse tocar 1/1000 do que ele sabe, deus meu... que poesia se poderia fazer no palco, sítio por excelência da apresentação... dá deuses as nozes... é como a Nicole, deus deu-lhe corpo, mas parece que o discernimento anda por baixo. As pessoas desbaratam uma enorme força que podiam ter! Quanto a África Minha ser sublime, quem esteve em África sabe que não é, é bilhete postal ilustrado. Música no Coração, quando o vi, despertou em mim grande fúria, porque me pareceu de um ridículo atroz, uma coisa daquelas que é tão hipócrita que apetece fazer algo, entrar na tela e espatifar tudo. Mas, quem sabem hoje se o revisse talvez pensassa diferentemente. Era novo, e eu e os meus amigos fmros para uma fila e lançámos insultos ao filme e às ridículas boas consciências que
à volta até choravam. Mas, quem sabe... uma pessoa está sempre a aprender, e a veemência das minhas afirmações não significa nem que me leve muito a sério ne que não esteja disposto a mudar. O que me irrita nos dias e nas coisas e nas pessoas é que confirmam a minha primeira intuição, raramente surpreendem, de forma a eu rever o que primeiro senti. Quando ouvi o primeiro disco do Dylan fiquei trespassado. E ainda hoje, o que já não acontece com os Beatles (embora reconheça que o John Lennon tinha talento) nem com os Rolling Stones, embora reconheça que o líder deles tem energia, tem beat, dança bem, é verosímil em algumas coisas. Mas é muito visual, só ouvido cansa. Claro que há essa canção que é quase um hino e umna denúncia, I can't get no satisfaction. Yes. I can get no satisfaction com tanta porcaria com o o nosso pobre mercado nos inunda. Sempre à procura da surpresa, sempre na prospecção. Mas ouço o Visions of Johanna (espero que se escreva assim, não importa) do Dylan, meu deus, e dá-me um calafrio na espinha, e muitas vezes tenho de escrever, tal qual como quando leio qualquer coisa inteligente, tenho de escrever. Infelizmente não sei tocar, senão fazia música, nem ternho já tempo para me dedicar ao cinema, senão tomava Lynch cmo mestre (é inigualável de perversidade), ou à fotografia, para ser uma espécie de Elliot Erwitt, por exemplo... ou mesmo mais atrevido, adoro algumas "pornografias" do Araki ou do Saudek (este é genial), ou muita fotografia surrealista (tipo Loretta Lux), experimental (tipo Zwir), etc, coisas que exigem ser-se profissional. A arte, para o ser, ter de ser fantasia, sonho, desejo, perversidade, êxtase, transe, quer dizer, algo que está próximo da religião, um misticismo desencantado, sem deuses nem rituais standardizados, algo que seja uma chapada na cara da arte, da história da arte (mas que evidentemente a pressuponha toda). A poesia para o ser não pode parecer demasiado poesia, senão não vale nada. É à beira desse limite que o escritor se situa sempre,numa desmedida.Qem não vive na desmedida, no dia-a-dia, não pode fazer nada de jeito por mais que esbraceje.Sei que isto é um lugar-comum, mas ºe preciso uma certa loucura,e ao mesmo tempo a sua sábia articulação (tempero, como na cozinha) com uma técnica, com um modo de fazer, que cada um tem de procurar por si, por forma a atingir a redenção do que é de facto digno de ser publicado, lido, divulgado.É muito dificil, o artista coloca-se sempre do lado do poder soberano, que pode descambar palhaço, ou seja, como todo o excesso, pode imeditamente cair para o contrário. É essa a ambiguidade do sublime... por isso a maioria dos bons artistas só são reconhecidos realmente (não me refiro à fama nem ao número de exemplares vendidos) após o seu desaparecmento, porque eles, como pessoas, incomodam, são em geral chatos, porque vivem de certo modo nesse limite do suportável, para si próprios e para os outros. O artista procura o excesso, canalizando-o (sublimando o desejo, já sabemos desde Freud) para a criação da obra.Tem de ter uma intransigência politicamente incorrecta, digamos.Uma confiança em si do tamanho de uma catedral e uma auto-crítica que lhe permita ver que muitas vezes não fez mais do que uma casota de cão. Essa capacidade de mobilidade da auto-estima,essa força sempre pronta a recomeçar do zero. E uma energia estramnha mas não tem nada de transcendente nem de estranho. É a associação de um temperamento voluntarioso, com uma técnica, que se aprende (ambos se aprendem).Uma obra que não parte deste núcleo não presta. Veja-se o talento transbordante de H. Helder ou de Llansol - aquilo é normal? Onde está o cinema que corresponde a tais níveis de talento? Está em Bergman, está em Lynch, está nalguns raros filmes... a qualidade é muito, muito rara!
A Cat Power é uma miúda de 37 anos! É uma miúda muito completa: cantora, compositora e instrumentista! A forma como se mexe em palco é muito inspirada. Tem 15 anos de carreira. Canta, por vezes, com uma tristeza... que arrepia! Já não é tristeza... é arte. É uma grande artista!
Como não se pode se perfeito...é fã do teu amigo Bob Dylan! E até lhe dedicou uma canção : SONG FOR BOBBY (live)-sur canal + (youtube). Vai ouvir!
Eu.. aqui deixo o meu testemunho.. que te chocará e a muita gente tb: fico quase sempre indisposta ao ouvir Bob Dylan. Fisicamente indisposta. É uma coisa visceral. Reconheço que ele é um grande criador...mas não amo o senhor!
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