quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

aterragem




Procuramos muito,
Mas de repente a brancura
Dos Pés Descalços
Pode impressionar
As películas atónitas;

Uma pista de luzes
Pode acende-se;

E o aeroporto que está do outro lado
Da noite imensa
Espreguiça-se e dá sinais
De acordar

Assim o corpo que chega
Sabe
Por onde fazer descer as asas
Sobre o Futuro,

Riscando a grafite
As extremidades
Do Horizonte.

Abatendo o peito enorme
Sobre o asfalto
Entre as Luzes,
Arrastando altares e esquifes

Tocando as cordas inquietas
Que põem a rodar a música
Das esferas.

Que batem com impacte
Nas pulsações do solo
Entre chispas iluminadas

E a imagem
Que se deitara
Ergue-se como um poste,

E de repente sustenta
A Tenda Celeste!

Indica as geometrias
Da direcção
Aos olhos cansados

Com tão tremenda
Veemência,
Com tão doce
Acolhimento,

Que planar assim sobre ela
É encontrar os Pés,

As luzes brancas, certas, justas,
Fosforescentes, vivas

Por onde começa
O voo suave:

Tenso, esticado, numa palavra:

Tenso!

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texto voj jan. 2009 porto
foto: Geoffroy Demarket (rep. aut.)
site: http://source.lab.free.fr/galerie/thumbnails.php?album=lastup&cat=0&page=1


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