Faleceu em Paris, com 95 anos de idade, o Abbé Jean Roche, Maître de Recherches honoraire do Centre National de la Recherche Scientifique.
A sua actividade como pré-historiador levou-o a colaborar com o Laboratoire de Géologie Appliquée à L’étude de l’Homme, dirigido por P. Teilhard de Chardin, transitando mais tarde para o Laboratoire de Paléontologie dés Vertébrès da Universidade de Paris, de Jean Piveteau. Posteriormente, veio ainda a ser nomeado para o Institut du Quaternaire de Bordeaux, dirigido por F. Bordes. Foi nesta qualidade que conheci: vivendo em Paris, mas ligado à equipa do Quaternário de Bordéus.
Em 1949, a convite de Mendes Corrêa, da Universidade do Porto, iniciou as suas pesquisas arqueológicas em Portugal, orientadas para o estudo dos concheiros mesolíticos de Muge (bacia do Tejo) e posteriormente centradas na investigação do Paleolítico Médio e Superior, trabalho esse que se prolongou por quatro décadas.
Paralelamente, criou também a Mission Archéologique Française au Maroc, tendo sido responsável por inúmeras investigações aí realizadas, nomeadamente as escavações da gruta de Taforalt. Uma das suas obras, que possuo, intitula-se "L'Épipaléolithique Marocain" (em 2 vols.).
Na sua actividade em Portugal colaborou com pré-historiadores de várias gerações, sobretudo dos então Serviços Geológicos de Portugal e depois da Universidade do Porto, tendo co-orientado algumas teses de doutoramento na área da Pré-história, como proporcionou também a formação de muitos outros investigadores das Universidades do Porto, de Coimbra e do Minho.
Conheci-o muito novo, era eu ainda estudante, nos Serviços Geológicos (edifício da Academia das Ciências), em Lisboa, e depois de me licenciar, antes de partir para Angola, onde me desejou êxito nas pesquisas que ia tentar realizar (1972, encontro no IAC, então na Praça do Príncipe Real, em Lisboa).
Mais tarde, quando vim para o Porto, e por sugestão de Carlos Alberto Ferreira de Almeida, passei a colaborar com ele, tal como a minha mulher, de forma continuada, nomeadamente nas escavações de grutas do Bombarral (Lapa do Suão em particular).
A primeira campanha em que participámos foi mesmo em pleno "Outono quente" de 1974. Depois, para ali encaminhámos muitos alunos.
Dediquei a Jean Roche 3 números da revista Arqueologia, editada pelo GEAP nos anos 80, e depois reunidos em volume de "Homenagem" pelo INIC. Referi-me naturalmente a ele em muitos textos, nomeadamente em artigos que mais tarde foram insertos nos meus livros.
Privei com ele muitos anos, tendo inclusivamente usufruído da sua hospitalidade em Paris, na Av. du Bel-Air, perto da Place de la Nation, onde vivia (antes de se retirar para uma casa de idosos), e devo-lhe bastante, pelo que, em meu nome e da minha mulher, Profa Susana Oliveira Jorge, não poderia deixar de fazer aqui esta referência saudosa, sentida, e grata, à sua memória. Foi, depois de Eduardo da Cunha Serrão, uma das pessoas que mais contribuíu para a minha formação, nomeadamente pondo-me em contacto com a escola de Rennes, na qual pontificavam os estudos de megalitismo, sob a égide do Prof. Pierre-Roland Giot. A primeira vez que lá estive como bolseiro de estágio (com o apoio de J. Roche) foi em 1977.
Fonte-base da notícia: lista Archport (com acrescentamentos meus)
Foto acima (VOJ, anos 80) - Jean Roche e Susana Oliveira Jorge na nossa casa da Rua Aníbal Cunha.
A sua actividade como pré-historiador levou-o a colaborar com o Laboratoire de Géologie Appliquée à L’étude de l’Homme, dirigido por P. Teilhard de Chardin, transitando mais tarde para o Laboratoire de Paléontologie dés Vertébrès da Universidade de Paris, de Jean Piveteau. Posteriormente, veio ainda a ser nomeado para o Institut du Quaternaire de Bordeaux, dirigido por F. Bordes. Foi nesta qualidade que conheci: vivendo em Paris, mas ligado à equipa do Quaternário de Bordéus.
Em 1949, a convite de Mendes Corrêa, da Universidade do Porto, iniciou as suas pesquisas arqueológicas em Portugal, orientadas para o estudo dos concheiros mesolíticos de Muge (bacia do Tejo) e posteriormente centradas na investigação do Paleolítico Médio e Superior, trabalho esse que se prolongou por quatro décadas.
Paralelamente, criou também a Mission Archéologique Française au Maroc, tendo sido responsável por inúmeras investigações aí realizadas, nomeadamente as escavações da gruta de Taforalt. Uma das suas obras, que possuo, intitula-se "L'Épipaléolithique Marocain" (em 2 vols.).
Na sua actividade em Portugal colaborou com pré-historiadores de várias gerações, sobretudo dos então Serviços Geológicos de Portugal e depois da Universidade do Porto, tendo co-orientado algumas teses de doutoramento na área da Pré-história, como proporcionou também a formação de muitos outros investigadores das Universidades do Porto, de Coimbra e do Minho.
Conheci-o muito novo, era eu ainda estudante, nos Serviços Geológicos (edifício da Academia das Ciências), em Lisboa, e depois de me licenciar, antes de partir para Angola, onde me desejou êxito nas pesquisas que ia tentar realizar (1972, encontro no IAC, então na Praça do Príncipe Real, em Lisboa).
Mais tarde, quando vim para o Porto, e por sugestão de Carlos Alberto Ferreira de Almeida, passei a colaborar com ele, tal como a minha mulher, de forma continuada, nomeadamente nas escavações de grutas do Bombarral (Lapa do Suão em particular).
A primeira campanha em que participámos foi mesmo em pleno "Outono quente" de 1974. Depois, para ali encaminhámos muitos alunos.
Dediquei a Jean Roche 3 números da revista Arqueologia, editada pelo GEAP nos anos 80, e depois reunidos em volume de "Homenagem" pelo INIC. Referi-me naturalmente a ele em muitos textos, nomeadamente em artigos que mais tarde foram insertos nos meus livros.
Privei com ele muitos anos, tendo inclusivamente usufruído da sua hospitalidade em Paris, na Av. du Bel-Air, perto da Place de la Nation, onde vivia (antes de se retirar para uma casa de idosos), e devo-lhe bastante, pelo que, em meu nome e da minha mulher, Profa Susana Oliveira Jorge, não poderia deixar de fazer aqui esta referência saudosa, sentida, e grata, à sua memória. Foi, depois de Eduardo da Cunha Serrão, uma das pessoas que mais contribuíu para a minha formação, nomeadamente pondo-me em contacto com a escola de Rennes, na qual pontificavam os estudos de megalitismo, sob a égide do Prof. Pierre-Roland Giot. A primeira vez que lá estive como bolseiro de estágio (com o apoio de J. Roche) foi em 1977.
Fonte-base da notícia: lista Archport (com acrescentamentos meus)
Foto acima (VOJ, anos 80) - Jean Roche e Susana Oliveira Jorge na nossa casa da Rua Aníbal Cunha.
1 comentário:
Creio que foi com o Jean Roche que eu aprendi a escavar...e, sobretudo, a ler estratigrafias em grutas: na Lapa do Suão, no Bombarral, nos anos 70. Por essa altura tb escavei em França, em outro tipo de sítios arqueológicos..mas a experiência de campo ao lado de Jean Roche ficou gravada em mim até hoje.
Depois... foram os anos de convívio profissional e pessoal no Porto e no Norte ao longo dos anos 70 e 80! Como meu co-orientador de doutoramento..pude conhecer em J.R. uma personalidade simultaneamente ácida e protectora. Creio que nutríamos um pelo outro uma curiosa admiração mútua baseada em improváveis afinidades de carácter... Sob uma implacável disciplina Jean Roche incitou-me a terminar a tese com aquela frase que dizia, de forma cortante, a todos os seus discípulos:" Il faut terminer!...
Jean Roche foi determinante, nos inícios dos anos 80, a convite de Carlos Alberto Ferreira de Almeida ,da Faculdade de Letras do Porto, para ajudar a consolidar o núcleo do que viria a ser chamada a escola do Porto em Pré-história. Sem ele é provável que tudo tivesse sido ainda mais difícil numa região quase virgem para a investigação da Pré-história...onde o pioneirismo ou era acompanhado de "espírito científico"...ou se teria convertido em puro voluntarismo diletante. Jean Roche respaldou cientificamente um conjunto de jóvens que queriam "fazer novo" e bem! Não apenas o grupo ligado à Faculdade de Letras do Porto como jóvens investigadores ligados, no Norte, à Universidade do Minho. O seu contributo
é incontornável e um dia será certamente identificado como uma das chaves para o eclodir do sucesso relativamente rápido da Pré-história no Norte de Portugal na década de 80 do dec. 20!
Nos últimos anos o nosso contacto foi-se diluindo.... Recordo Jean Roche como um comutador da minha vida profissional... numa época em que... juventude, inocência e uma enorme energia e esperança se entrelaçavam numa conjugação felliz. Por isso, Jean Roche surge-me hoje
associado à memória do começo de algo exaltante: um projecto de vida!
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