quinta-feira, 23 de abril de 2009

caminho (possível)


Há décadas que isto é óbvio:

A arqueologia dita pré-histórica precisa de se libertar do tempo para se aproximar do espaço, em sentido geral, de se desvincular da história para se interessar pela arquitectura. A muitos níveis. Mas precisa de desenvolver a arquitectura em terrenos que esta nunca pisou!
Precisa igualmente de alargar o campo da antropologia, para além do que a etno-arquelogia já tem feito. No sentido de obter um leque de referências sobre sociedades que não estão (estiveram) submetidas a um aparelho de Estado nem a um sistema de anotação escrita (e aos dispositivos de poder e de controlo que ele implica).
Não se trata de importar nada de disciplina alguma. Trata-se de as ampliar com a esperiência ESPECÍFICA do arqueólogo.
Como nem a arquitectura nem a antropologia têm experiência de pensar sobre estas coisas que a arqueologia dita pré-histórica traz - sobre o seu específico modus faciendi - obviamente que não é no já escrito nelas que vamos encontrar soluções. Temos de as construir nós. É aqui que passa a importar o pensamento crítico contemporâneo, numa volta que não é fácil - e implica tempo. Não se improvisa à pressa, tudo colado com cuspo, passe a expressão!
É preciso de algum modo, e ao mesmo tempo, pensar-se em muita coisa de forma cruzada e não linear. Essa é a dificuldade. O arqueólogo da dita pré-história digno desse nome não tem só de inventar um trabalho: tem de inventar as regras de o fazer, como o artista.
Está quase tudo por fazer, neste domínio, desta maneira. É este o percurso que tenho tentado seguir, esquematicamente.
Para ser arqueólogo ou outra coisa qualquer não se pode ir por traçados lineares, como numa lógica de comboio, a comer terreno, a somar mais do mesmo, a acrescentar carruagens e percursos. É preciso mudar de veículo!




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