terça-feira, 2 de outubro de 2007

prelúdio instrumental antigo



deus sabe como te esperei com os olhos vermelhos cheios de febre
deus sabe como os meus olhos estão pisados

filha, mãe, irmã,
quem és tu, sombra que esperei
vendo os cogumelos das paredes crescerem
e alastrarem pelo meu corpo deformado

luz que agora te deitas no chão do meu quarto
por que levaste tanto tempo a render-te
todos os pássaros partiram
e só tu chegaste aqui

agora que as chagas das paredes
alastraram pelo meu corpo
meu deus quantas vezes pedi que me aparecesses

e agora não sei que fazer de ti

oh grande, oh único, oh misericordioso,
deixa que me arroje pelo chão
deixa que eu seja bicho e pó sobre o chão

e receba a oferta desta mulher

abençoa o lírio, inala-me de incenso,
agora que ela chegou como tâmara fresca
agora que ela finalmente se dignou chegar
do corredor da eternidade

acende as velas todas em torno de nós!

que tambores rufem,

que as saias rodem num turbilhão;

deixa-me ser bicho do chão
unge-me neste momento decisivo

oh grande, oh único, oh misericordioso
inspira este teu filho, dá-me a túnica branca
com que um homem se aproxima da luz

puro,
transportando a essência,
em direcção da luz

pura!


copyright voj 2007


Fotos: Anja Frers (rep. aut.)
Fonte: http://www.anja-frers.de

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