Ouço toda a gente a falar de informação, comunicação, conhecimento. Estamos na sociedade do conhecimento. Óptimo para quem consegue!
Vejo quase toda a gente a correr atrás da informação, da comunicação e do conhecimento. Sei muito bem que as máquinas nos ajudam muito nesse desiderato. Mais: que modificam radicalmente o que é informação, comunicação, conhecimento. E saber isto é constatar uma banalidade que está à vista de todos. Como a de que qualquer conhecimento passou a depender estritamente da sua comunicabilidade, da capacidade de importar e de exportar conceitos e métodos com grande rapidez. Evidente.
Só pergunto: andando tudo a correr, consegue-se chegar a algum lado, a alguma conclusão, a alguma reflexão que verdadeiramente acrescente algo ao conhecimento, e que portanto constitua informação que valha a pena ser comunicada?
Por outro lado, e não querendo ser desmancha-prazeres nem culpar ninguém, verifico que as nossas bibliotecas estão em geral mal apetrechadas e que a maior parte dos nossos alunos ainda não tem (às vezes porque gasta o dinheiro noutras coisas, é certo) acesso pessoal à net ADSL.
Ainda não considera isso tão essencial como dispor de um relógio ou de um telemóvel. Ora, sem esses meios tudo se torna muito difícil. Óbvio.
Por fim, com a parcela da população pobre que temos, apenas uma franja mínima tem supostamente acesso ao conhecimento, à tal sociedade em que queremos estar todos.
Deve ser por isso que vejo à minha volta quase toda a gente a correr.
Vivo num meio privilegiado, são os que conhecem. Andam a colmatar a falha dos outros que nem sequer têm os meios para desejar conhecer.
Deve ser isso.
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Foto ("Each thing in its place"): Natasha GudermaneVejo quase toda a gente a correr atrás da informação, da comunicação e do conhecimento. Sei muito bem que as máquinas nos ajudam muito nesse desiderato. Mais: que modificam radicalmente o que é informação, comunicação, conhecimento. E saber isto é constatar uma banalidade que está à vista de todos. Como a de que qualquer conhecimento passou a depender estritamente da sua comunicabilidade, da capacidade de importar e de exportar conceitos e métodos com grande rapidez. Evidente.
Só pergunto: andando tudo a correr, consegue-se chegar a algum lado, a alguma conclusão, a alguma reflexão que verdadeiramente acrescente algo ao conhecimento, e que portanto constitua informação que valha a pena ser comunicada?
Por outro lado, e não querendo ser desmancha-prazeres nem culpar ninguém, verifico que as nossas bibliotecas estão em geral mal apetrechadas e que a maior parte dos nossos alunos ainda não tem (às vezes porque gasta o dinheiro noutras coisas, é certo) acesso pessoal à net ADSL.
Ainda não considera isso tão essencial como dispor de um relógio ou de um telemóvel. Ora, sem esses meios tudo se torna muito difícil. Óbvio.
Por fim, com a parcela da população pobre que temos, apenas uma franja mínima tem supostamente acesso ao conhecimento, à tal sociedade em que queremos estar todos.
Deve ser por isso que vejo à minha volta quase toda a gente a correr.
Vivo num meio privilegiado, são os que conhecem. Andam a colmatar a falha dos outros que nem sequer têm os meios para desejar conhecer.
Deve ser isso.
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Fonte: http://photo.net/photos/gudermane
2 comentários:
"nem sequer têm os meios para desejar conhecer"
Na mouche, caro VOJ !
Na mouche ...
O conhecimento é um caminho, seja ele qual for,é um caminho que se faz caminhando ...
é uma escalada individual, silenciosa, íntima de prazer e dor.
O que existe é muito barulho, mas será isso comunicação ? Resultará em mais conhecimento ?
Tenho as minhas dúvidas ... as minhas sérias dúvidas.
Sobretudo - e indo além da minha postagem - faz-me impressão a realidade do conhecimento ser uma mercadoria como qualquer outra,à luz de uma economia que quer passar por ciência exacta! É essa mesma economia, a nível mundial, que impede muitos de chegarem ao estado humano, com as nossas ilusões e desilusões. Andam a adiar a morte, a tentar sobreviver. São contemporâneos da sociedade capitalista do conhecimento, a que faz deste um bem raro... só para alguns.
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