Não, não vou falar da célebre canção do Bob Dylan, que todos temos na memória.
Vou antes indicar um conjunto de fontes (artigos) que me foram gentilmente indicados há meses pela minha colega e amiga da Universidade de Leicester Dra Lesley McFayden, e que se tinham estratificado no meio da livralhada que enche tudo, pelo menos aqui no meu pequeno escritório do "farol" (designação humorística que alguns amigos arqueólogos dão à minha casa... talvez por estar perto do mar).
Desde que fiz pública referência a eles têm-me sido pedidos mais detalhes, sem que os pudesse dar, por lhes ter perdido temporariamente o acesso.
Dizem respeito ao velho problema dos "povoados fortificados" e em particular dos "castros", duas expressões consagradas pelo uso, mas evidentemente muito redutoras, porque recobrindo realidades arqueológicas muito diversas e susceptíveis de variadíssimas interpretações. No que toca à Idade do Ferro inglesa, aqueles últimos chamar-se-iam "hillforts", no caso de se localizarem em pontos elevados.
Ora, acontece que também no Reino Unido há muito tempo que se percebeu a complexidade de tais sítios, que de maneira alguma se poderiam subsumir numa qualquer "cultura" local (ou várias), e muito menos numa "função" militar.
Mas vamos, sem mais comentários, à enumeração dessas fontes, que poderão ser úteis para os arqueólogos portugueses que eventualmente ainda as não conheçam, embora se encontrem facilmente disponíveis.
Acrescento só que a própria Wikipedia
que de algum modo representa o conhecimento básico
http://en.wikipedia.org/wiki/Hill_fort
os define assim:
"A hill fort is a fortified refuge or defended settlement, located to exploit a rise in elevation for military advantage. The fortification usually follows the contours of the hill, consisting of one or more lines of earthworks, with stockades or defensive walls, and external ditches."
e ao apresentar um exemplo com foto (acima) descreve-se como: "Dunadd hill fort near Kilmartin in Argyll, similar to ring-forts in Ireland and Iberian castros"
http://en.wikipedia.org/wiki/Image:Scotland_Dunadd.jpg
O mito, portanto, é persistente.
- Stopford, Jennie (1988), Danebury: an alternative view, "Scottish Archaeological Review", vol. 4, pp. 70-75.
- Hill, J. D. (1995), How should we understand Iron Age societies and hillforts? A contextual study from southern Britain, "Different Iron Ages: Studies on the Iron Age in Temperate Europe" (eds. Hill, J. D. and Cumberpatch, C. G.), Oxford, British Archaeological Reports, International Series, n.º 602, pp. 45-66.
- Hill, J. D. (1996), Hill-forts and the Iron Age of Wessex, "The Iron Age in Britain and Ireland: Recent Trends" (eds. Champion, T. C. and Collis, J.R.), Sheffield, Continuum International Publishing Group, pp. 95-116.
- Thomas, Roger (1997), Land, kinship relations and the rise of enclosed settlement in first millenium B.C. Britain, "Oxford Journal of Archaeology", vol. 16(2), pp. 211-218.
- Hamilton, Sue and Manley, John (2001), Hillforts, monumentality and place: a chronological and topographic review of first millenium BC hillforts of south-east England, "European Jornal of Archaeology, vol. 4(1), pp. 7-42.
Boas leituras!
Desde que fiz pública referência a eles têm-me sido pedidos mais detalhes, sem que os pudesse dar, por lhes ter perdido temporariamente o acesso.
Dizem respeito ao velho problema dos "povoados fortificados" e em particular dos "castros", duas expressões consagradas pelo uso, mas evidentemente muito redutoras, porque recobrindo realidades arqueológicas muito diversas e susceptíveis de variadíssimas interpretações. No que toca à Idade do Ferro inglesa, aqueles últimos chamar-se-iam "hillforts", no caso de se localizarem em pontos elevados.
Ora, acontece que também no Reino Unido há muito tempo que se percebeu a complexidade de tais sítios, que de maneira alguma se poderiam subsumir numa qualquer "cultura" local (ou várias), e muito menos numa "função" militar.
Mas vamos, sem mais comentários, à enumeração dessas fontes, que poderão ser úteis para os arqueólogos portugueses que eventualmente ainda as não conheçam, embora se encontrem facilmente disponíveis.
Acrescento só que a própria Wikipedia
que de algum modo representa o conhecimento básico
http://en.wikipedia.org/wiki/Hill_fort
os define assim:
"A hill fort is a fortified refuge or defended settlement, located to exploit a rise in elevation for military advantage. The fortification usually follows the contours of the hill, consisting of one or more lines of earthworks, with stockades or defensive walls, and external ditches."
e ao apresentar um exemplo com foto (acima) descreve-se como: "Dunadd hill fort near Kilmartin in Argyll, similar to ring-forts in Ireland and Iberian castros"
http://en.wikipedia.org/wiki/Image:Scotland_Dunadd.jpg
O mito, portanto, é persistente.
- Stopford, Jennie (1988), Danebury: an alternative view, "Scottish Archaeological Review", vol. 4, pp. 70-75.
- Hill, J. D. (1995), How should we understand Iron Age societies and hillforts? A contextual study from southern Britain, "Different Iron Ages: Studies on the Iron Age in Temperate Europe" (eds. Hill, J. D. and Cumberpatch, C. G.), Oxford, British Archaeological Reports, International Series, n.º 602, pp. 45-66.
- Hill, J. D. (1996), Hill-forts and the Iron Age of Wessex, "The Iron Age in Britain and Ireland: Recent Trends" (eds. Champion, T. C. and Collis, J.R.), Sheffield, Continuum International Publishing Group, pp. 95-116.
- Thomas, Roger (1997), Land, kinship relations and the rise of enclosed settlement in first millenium B.C. Britain, "Oxford Journal of Archaeology", vol. 16(2), pp. 211-218.
- Hamilton, Sue and Manley, John (2001), Hillforts, monumentality and place: a chronological and topographic review of first millenium BC hillforts of south-east England, "European Jornal of Archaeology, vol. 4(1), pp. 7-42.
Boas leituras!
6 comentários:
Porque não edita isto: http://pt.wikipedia.org/wiki/Castro para ficar mais interessante e ajudar a desfazer o mito?
Bastou-me ler a primeira frase para não ter vontade de ler o resto. Entre outras coisas dizia que os castros eram declaradamente defensivos ?????
Mas estamos a brincar?
o primeiro anónimo não me entendeu. Não passo a vida aqui a transcrever da Wikipédia, por transcrever. Utilizo-a como o conhecimento mais básico. No artigo que refere nada se encontra de interessante para o meu objectivo nesta postagem, que é o de disponibilizar umas referências bibliográficas úteis, que não vejo cá muito citadas. Mas nãp sou especialista da Idade do Ferro, como é bem sabido.
_________________________
Quanto ao segundo anónimo, não sei sequer o que pretende com o que diz.Se as pessoas discutissem seria e detalhadamente os assuntos, em vez de anonimamente "mandarem bocas" à toa, este blogue tornava-se mais interessante.Há no blogue, na sua concepção, um princípio de honestidade, de seriedade, de transparência, permitindo às pessoas usarem o anonimato, mas com a ideia de ir ser feito num sentido construtivo. Não se procura consenso. Procura-se a expressão (sustentada) da diversidade.
A quem ou a que é que se refere o segundo anónimo quando pergunta "estamos a brincar?" Pode precisar?... ou estava a brincar?
Os castros alimentaram o imaginário mítico da arqueologia portuguesa e galega durante mais de um século.
É curioso que as estruturas que nós associamos aos castros, nomeadamente as estruturas em pedra, são na maioria já da época romana e, em alguns sítios, de fases bem tardias. São muito poucos os castros que podemos considerar exclusivamente como "Idade do Ferro".
Os castros não "fossilizaram" na Idade do Ferro.
Caro professor, não percebeu o meu comentário! Estava a sugerir que alterasse, editasse, que enfim contribuisse para a Wikipedia com precisamente a informação que passou no comentário, "que existe uma visão redutora desses sítios como simples povoados fortificados"!
Porque este seu blog peca pela sua extensão exacerbada, creio bem que poderia fazer render mais os seus talentos se os organizasse ou distribuisse de outra forma, pois alento não lhe falta!
Ora consulte outra vez:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Castro
Editei usando as suas palavras, se calhar não devia sem permissão, mas como estou anónimo não há problema...
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