quarta-feira, 24 de outubro de 2007

A propósito de “Pedras Preciosas”

“Já tinha apreciado deveras os outros dois [livros de poemas: “Livro de Horas, Iluminado Obliquamente” e “Pequeno Livro de Aforismos, Seguido de Algumas Alumiações”] que me ofereceu, mas creio que neste há algo de novo. Nos outros a elementaridade, a elegância, o extremo rigor da concisão poética, e neste de agora uma mistura muito equilibrada do “apolíneo” e do “dionisíaco”, espraiada por prismas “existenciais”, amorosos (mesmo eróticos) e metafísicos. Quanto ao existencial e metafísico absorvidos no “poético”, 26 – Safira diz tudo. Mas há em geral a tenaz persistência duma ontologia poética da “presença” e da “ausência” – numa linguagem que diz sempre algo de essencial.
“Fruí muito em particular “Ametista” e “Lápiz-lazúli” (eu não sabia que “os arqueólogos mentem”!), “Malaquite” (fantástico!), “Serpentina”, “Jaspe” e “Cristal de Rocha” (que eu, se pudesse, poderia ter escrito!).
“Refiro apenas, enfim, aqueles que poeticamente mais me deram que pensar. Heidegger disse que “todo o pensamento que manifesta o sentido é poesia, mas toda a poesia é pensamento” (in O Caminho da Linguagem) , e creio que isto se aplica integralmente ao conjunto destes poemas. Ainda que os sentidos, como é natural, fiquem sempre em zonas quânticas de “suspensão” – que são, aliás, os únicos verdadeiros sentidos (para sempre transcender; para sempre transcender...).
“Mais uma vez agradeço e continuarei relendo, de vez em quando, em busca do meu próprio sentido (poesia e pensamento).”


Adélio Melo
Prof. de Filosofia, FLUP
http://sigarra.up.pt/flup/funcionarios_geral.FormView?P_CODIGO=214758
Porto, 20 Out. 2007

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