passamos a vida a ver chegar e partir pessoas.
e às vezes, essa sequência é tão rápida,
que já não recordamos quem vimos,
quem nos disse o quê,
quem nos deixou uma lembrança.
as emoções não têm tempo para nascer
e se desenvolver como dantes.
de modo que a antecipação
se colou à rememoração,
mas de uma maneira alucinada.
e nesse minúsculo intervalo
- que apesar de impossível
ainda parece querer ser resto
de presença, em que a emoção ardia
como vela - ,
o que julgamos ver espreitar
é já o esplendor, o halo
da hora da nossa morte:
quando olharmos da cama pela última vez
as flores no seu movimento de líquenes,
junto à parede.
voj texto e foto
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