Foto: Sophie Pawlak
Fonte: http://www.ma-nouvelle-vie.net/index.php
basta um estore, basta uma cortina, uma tela descida.
a tua presença divide-se logo em duas.
aqui há uma cama, parada;
lá fora uma réplica dela flutua na atmosfera.
aqui repousa um maple;
lá fora, como se fosse uma caravana,
uma fila de maples dirige-se
sabe-se lá para onde.
aqui os teus pés encostam-se um ao outro.
lá fora estão ausentes, definitivamente
ausentes.
nunca abras a parede, nunca subas o estore.
max ernst, por exemplo, espreita
por qualquer interstício.
não caminhes sobre os traços da sombra,
pois são lâminas cortantes a partir do momento
em que a escrita como tal o determina.
juro que não me aproximarei jamais de ti
com as mãos dirigidas ao eixo da cintura,
ao arfar do teu peito;
é antes como figura fatiada de alto a baixo,
como uma parede divisória
que os pedaços de mim precisam de te manter
em vez de se perderem lá fora na atmosfera,
antes das figuras de ernst se deitarem na cama
como um casal perfeito dormindo,
de olhos muito abertos, de cores muito vivas,
alaranjadas.
copyright voj 2007
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