Transferência "(...) A PSICANÁLISE INVENTOU DE FACTO UMA NOVA FORMA DE AMOR CHAMADA TRANSFERÊNCIA." JACQUES-ALAIN MILLER (Lacan Dot Com)
terça-feira, 9 de outubro de 2007
Bartoli - Casta DIva
Fonte: YouTube
Dedicado à Susana.
Aconselho que consultem o original no YouTube e vejam os comentários: http://www.youtube.com/watch?v=gU6bVIYQnNg.
Já agora reproduzo a opinião de quem postou este vídeo no YouTube:
"This GORGEOUS version of Casta Diva is from Cecilia's upcoming new album "Maria" (no, not Callas...Malibran) tribute to the biggest diva of the 19th century.
Not since Montserrat Caballe has someone sang more beautiful pianissimo high B flats.
Haters, keep it to a minimum...
Remember, this song is meant to be a solemn prayer to the moon, not a screamo fest *cough*Callas*cough*.
The key is in Malibran's version (F) instead of the original (G), but hey...very few sopranos sang it in G, certainly Montserrat and Callas never did."
Não sei se a Callas se tornou numa espécie de vítima do sucesso, consumo de massas, pronto a servir. É verdade que ela sobe bem encarnar esse papel (de vítima). Mas... independentemente de tudo tenho de confessar... gosto mesmo muito da Bartoli. Será por ser Napolitana? Será por transmitir o sentir (um sentir que vai para além do dramático)? Será porque estuda a fundo as suas interpretações? Não sei, mas sei que gosto.
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2 comentários:
Muito tarde comecei a conhecer Maria Callas. Talvez porque a "festa" mediática que a cercava na última fase da sua vida era incompatível com a minha vontade de conhecer "cantores discretos"... Talvez porque sempre preferi mezzos ou altos a sopranos... Talvez porque durante muito tempo me interessei pelo "lied"alemão... Não sei. Lamento imenso não ter conhecido mais cedo Maria Callas, a da década de 50, quando ainda não tinha perdido a voz e era uma cantora absoluta. A minha "descoberta" de Maria Callas deu-se na minha casa do Porto nos anos 70... por acaso. Um velho amigo estava presente. A Casta Diva da Norma começou a soar em vinil pela voz da Callas. Fez-se um silêncio. E o amigo comoveu-se e chorou de
felicidade...Creio que foi a partir daí que comecei a ouvir M.C. com atenção. Atónita...descobria que Maria Callas era um soprano invulgar: não era só uma cantora de técnica quase sempre rigorosíssima..com uma tessitura muito ampla... com recursos vocais extraordinários! Maria Callas mudava tudo em que tocava! Callas era uma actriz que cantava...numa simbiose que nunca encontrei em mais ninguém! A sua tragédia pessoal faz sistema com a vivência musical da cantora.. onde vida e carreira se confundem. No reportório que era o seu, Callas está, para mim, no Olimpo. E é uma pena que a sua arte, intuição, inteligência, não tenham sido ainda comunicados ao grande público...que a continua a identificar como uma diva...não casta...uma espécie de troféu de caça devorado pela sua própria voracidade de viver.
O que a Callas foi, a sua capacidade de cantar , representar ou seja o que for, interessa-me muito pouco. Na verdade não sinto por ela qualquer tipo de sentimento. Tento em vão ouvir a sua voz e de cada vez que tento desisto. Sei muito pouco acerca dela e da sua vida e por isso qualquer juízo de valor que poderia ter para com ela, não tenho. O meu desinteresse vem unicamente da voz que não gosto, faz-me arrepiar os tímpanos. É uma espécie de arrepio desagradável. E por isso desisto. Têm o mesmo efeito em mim os livros do Jonh Steinbeck, não sei porquê tem um fundo que me desagrada.
Não posso fazer nada.
Já com a Cecilia Bartoli o sentimento é diferente. Vi-a a primeira vez num concerto na rtp2, há alguns anos e mal a vi, sem saber quem era pensei que ela tinha algo, um sentir, uma alegria, uma esperança, a vida. Ela sabe transmitir sentimentos e não tem nenhum pudor em fazê-lo. Gosto dela e não me importo que digam que há melhor porque é ela que chega fundo ao meu coração e não os outros, os melhores, os eruditos.
Já dizia Van Gogh nas suas cartas pessoais ao irmão que o que ele mais desejava era que os quadros dele no futuro, fossem vistos como uma aparição e que arte era sentimento. Ele tinha perfeita consciência de si próprio simplesmente não soube viver com isso.
Eu concordo com ele apesar dos quadros dele não serem os meus preferidos....
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