sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Trabalho de colega brasileira divulgado pela assessoria de eventos do ICS, Lisboa

Das experiências da sexualidade
(no interior do Brasil, no interior de Portugal)

por Vanda Silva
Centro de Estudos Rurais, do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas,
da Universidade Estadual de Campinas-SP, Brasil.




Vanda Silva: Doutora em Ciências Sociais. Investigadora-Bolseira Pós-doc/ F.C.T. (Fundação para a Ciência e a Tecnologia), no I.C.S.-U.L. (Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, Portugal). Pesquisadora colaboradora e Editora Adjunta da Revista Ruris do CERES/I.F.C.H./UNICAMP (Centro de Estudos Rurais, do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, da Universidade Estadual de Campinas-SP, Brasil).


Summary
This text focuses on two researches, one carried out in Brazil and another in Portugal, involving a convergent subject: sexuality amongst young people from rural environments. It addresses a modified version of the analytical part of a research carried out in the rural district of Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais State, Brazil, which has similarities to the Portuguese context, based on some data from an on-going empirical research in a village located in Lower Alentejo, Portugal. Emphasis is placed on young people from a rural environment, mainly those who are between different spaces (rural to urban or urban to rural, and other migrations abroad), to apprehend some of the similarities and differences regarding sexuality experiences among these different subjects.

Resumo
Este texto centra-se em duas pesquisas, uma realizada no Brasil e a outra em Portugal, porém com um tema convergente: a sexualidade entre os jovens em meio rural. Aborda sobre uma versão modificada da parte analítica de uma pesquisa realizada num município do Vale do Jequitinhonha, Estado de Minas Gerais, Brasil; enquanto traz algumas aproximações da realidade portuguesa, com alguns dados do trabalho empírico, em andamento, numa aldeia localizada no Baixo Alentejo, Portugal. Privilegia-se os jovens em meio rural, sobretudo os que estão entre espaços distintos (rural ao urbano ou urbano rural, e outras migrações para fora do país), para apreender algumas aproximações e distanciamentos acerca das experiências da sexualidade entre estes distintos sujeitos.


Keywords
Experiences, Sexuality, Young people, Rural, Brazil, Portugal

Palavras-chave
Experiências, Sexualidade, Jovens, Rural, Brasil, Portugal



How to refer to this article
Silva V., "Das experiências da sexualidade (no interior do Brasil, no interior de Portugal)", 2007. Gomes Costa R., Janssen S., Vanlangendonck M. (ed.), Omertaa, Volume 2007/2, http://www.omertaa.org/volumes/volume20072/volume20072.html, (last date of consulting this website).



Introdução

As muitas idas e vindas a Rosário das Almas, os meus encontros e desencontros com os jovens, nossas conversas, às vezes descontínuas, fragmentadas, e os fluxos migratórios de rapazes e moças, assim como dos respectivos pais, compõem as experiências da relação entre a pesquisadora e os sujeitos sociais tornando este processo uma tarefa nada fácil devido as múltiplas trajetórias de vida. O objetivo mais amplo do trabalho realizado no Brasil foi o de entender: Quem são estes jovens que vivem entre os contextos rural e urbano? O que é ser jovem nesses contextos e quais as práticas cotidianas e rituais que os caracterizam? Quais os valores que orientam tais práticas? Assim como apreender e compreender quais as transformações pelas quais as famílias rurais estão passando, a partir das experiências dos jovens em trânsito; analisar o processo de aprendiza¬gem sociocultural ao qual estão sujeitos estes jovens através das experiências e representações da sexualidade; quais as marcas do gênero que modelam as trajetórias de moças e rapazes no campo das representações e práticas sexuais; o significado da gravidez precoce, entre estes jovens (moças e rapazes) no processo de passagem da juventude à vida adulta.

A pesquisa com jovens de origem rural, residentes numa Aldeia portuguesa do Baixo Alentejo , segue os mesmos objetivos. Entretanto, neste trabalho em terreno português, destaco também a hipótese de que a mobilidade dos jovens entre espaços distintos (rural ao urbano ou urbano rural), mais as influências dos media, tem desencadeado as transformações dos valores e comportamentos. A “curiosidade comparativa”, entre o rural português e o rural brasileiro e os valores e comportamentos de outrora e de agora, foi despertada a partir de minhas permanências em Portugal, enquanto simultaneamente realizava, no Brasil, a pesquisa com os jovens rurais. Nesta proposta o campo das preocupações refere-se às experiências e representações da sexualidade entre rapazes e raparigas portuguesas, em confronto/relação com os valores comportamentais da família, visando uma comparação de dois universos distintos, qual seja, uma localidade portuguesa e uma localidade brasileira.

Neste texto centro-me, portanto, na exposição analítica do caso brasileiro e, conjuntamente, exponho e reflito sobre alguns dados empíricos da investigação na Aldeia portuguesa, em andamento.


Nos interiores

A sexualidade entre os jovens de Rosário da Almas , tal como foi se revelando durante a pesquisa realizada, configura-se num transbordamento complexo e multidimensional aglutinador de processos de diversas ordens e níveis que acabam por demonstrar que as dimensões biológicas e reprodutivas são apenas um dos aspectos de algo mais amplo da cultura sexual. Por isso, impôs-se a tentativa de apreender a trama das práticas rituais de representações (crenças, imagens, valores, emoções, temores) frente às práticas específicas dentro do conjunto das relações sociais. Neste sentido, os temas transversais que incidem sob as experiências da sexualidade de rapazes e moças, do município brasileiro, como o fenômeno da fofoca, a relação com o universo mágico religioso, através das parteiras, do raizeiro, das benzeduras das mãos da mãe ou pai-de-santo, fazem parte das dimensões da vida cotidiana, afetiva, e da intimidade destes sujeitos sociais e podem ser marcantes, muitas vezes determinantes, em suas condutas, inclusive no que se refere às experiências sexuais e amorosas, posto que compõe os “elementos da afetividade”.

Mas não só de “elementos da afetividade” é composta esta sociedade rural da qual fazem parte os jovens que foram observados e entrevistados, no caso brasileiro; há também profundos traços que lhes são conferidos cotidianamente através de uma herança oral, introduzidos de diversas formas, dentre elas as manifestações de desigualdade em termos de poder, que se refletem tanto nas estruturas sociais como nas simbólicas, dentro do espaço local. Por vezes, tais manifestações de desigualdade podem se tornar mais assimétricas quanto maior for o desnível nas relações de gênero. Saliento que, nas relações de gênero, houve a preocupação de apurar sobre os conteúdos que nasciam das relações entre pares masculino e feminino – com vistas aos componentes representativos e simbólicos da masculinidade e da feminilidade, trazidos e ou transmitidos, numa primeira instância, no processo de socialização familiar, na relação pais e filhos, dos jovens com os adultos, simultaneamente nas relações entre os pares. Ou seja, houve a preocupação de trazer os modelos segundo os quais estão se guiando os jovens, rapazes e moças, nas suas consolidações identitárias; trazer também as trajetórias e as marcas de gênero na vida desses sujeitos.


Uma localidade em transformação

Rosário das Almas apresenta-se em transformação, cujas conseqüências mais visíveis podem ser resultantes da crescente influência da televisão, do rádio, da estrada, e das migrações, levando os seus moradores a descobrirem as possibilidades de se apropriarem de valores e bens de consumo, assim como, de romperem com as “limitações” geográficas (rural-urbano) e construírem moradias também nas sedes (seja do município ou dos distritos), enquanto estão, cotidianamente em constantes ir e vir. Os moradores (os atores sociais) estão elaborando, re-elaborando o trânsito cada vez mais fácil dos bens de consumo, dos modos de vida de ambos os universos, o rural e o urbano, principalmente no que diz respeito às experiências e representações da sexualidade e os saberes locais. O que se vem percebendo é que, talvez, as sutilezas nas diferenciações entre os membros de famílias que são pertencentes às comunidades rurais e membros de famílias que pertencem ao urbano do município são muito mais regidas por questões que estão ligadas a oportunidades e escolhas dos membros familiares do que, propriamente, devido ao pertencimento a um ou outro universo.

Da categorização social resulta a diversidade dos principais sujeitos da pesquisa devido às diferentes categorias sócio-econômicas da qual descendem. Assim, no topo da hierarquia social do município encontram-se:

A) no rural: os proprietários de grandes extensões de terras, os fazendeiros (alguns falidos); os “gatos” (agenciadores de mão-de-obra para outras regiões, também chamados de encarregados de turma). Estes homens, chefes de família(s), exercem domínio no rural, no entanto, são pessoas que possuem moradia e trânsito de influências nas sedes (seja do município, seja nos distritos). Também é possível avançar e dizer que, muitos destes, estão diretamente dentro das redes de relações político-administrativas e, por isso, são fortes guardiões do curral eleitoral que elege e mantém os políticos locais, estaduais e federais: herdeiros e mantenedores das relações do coronelismo (Nunes Leal, 1975). B) no urbano (sede): os comerciantes; os que ocupam cargos de confiança na prefeitura local ou nas extensões distritais; os que se constituem na intelligentsia local, professores, padre, pastores, artistas, médicos, dentistas (2) e enfermeiros (com exceção do padre e pastores, alguns também são membros da irmandade religiosa de Nossa Senhora do Rosário).

Na base da pirâmide encontram-se: A) os pequenos lavradores que conseguem plantar e colher algum produto agrícola para abastecimento doméstico e comercializar o que “sobra do gasto”. B) os pequenos lavradores que mal conseguem plantar e têm que viver das migrações sazonais em terras produtivas ou trabalhos assalariados nas cidades. Cabe observar que as dificuldades com o plantio e colheita, muitas vezes, também está relacionado a questões do solo, principalmente devido à proximidade ou não de lençóis d’água; e que estes pequenos agricultores podem, também, ser moradores na sede do município ou dos distritos e continuar migrando para os trabalhos nas usinas de cana-de-açúcar ou fazendas de café. Enquanto estão morando nas comunidades rurais, também há casos de famílias cujos filhos, crianças e jovens, são beneficiários de um programa de assistência mantido por uma entidade filantrópica cristã que atua através de uma associação local de assistência ao trabalhador rural e à criança.

Desta maneira, observando os moradores de Rosário das Almas, vê-se que aqueles que já eram moradores do núcleo urbano, embora trabalhando na terra (de herança ou de aquisição posterior), são reconhecidos como sendo da “cidade”. Enquanto que aqueles que nasceram, cresceram, constituíram família em comunidades rurais são identificados como sendo da roça. No entanto, existe a mobilidade dos moradores e estes transitam por um universo e outro sem maiores constrangimentos visíveis. No âmbito de uma análise mais circunscrita, pode-se dizer que os moradores de Rosário das Almas constroem representações sociais que operam as distinções entre os que são da sede e os que são das comunidades; porém, tal classificação não é imobilizadora, não os aprisionam em suas moradas, assim como não há entraves para as trocas simbólicas e dos valores. Se nas sedes estão mais presentes os produtos industrializados, os jovens e demais moradores identificados com os comportamentos citadinos, estes também aguardam e consomem os produtos agrícolas, esperam pela circulação e a solidariedade dos moradores que têm moradia nas comunidades rurais.

Deste modo, apesar da sexualidade poder ser representada como um componente universal da experiência humana, esta está bastante ancorada a aspectos de distintos contextos culturais, ou seja, ela não é verificável conforme modalidades universais. Por isso, foi necessário traduzir o contexto social do qual emergem os jovens de Rosário das Almas, para então se compreender como é que eles vivem a sexualidade e os sentidos que empregam em sua iniciação e práticas sexuais. Nestes termos, pode-se contemplar nas seguintes dimensões da sexualidade: a mobilidade do desejo sexual; as representações sociais relacionadas à sexualidade, buscando compreender outras dimensões do corpo; as modalidades de intercâmbio sexual em relação com os modelos de família/unidade doméstica e a rede mais ampla, a parentela; as relações entre os pares e suas transformações através da vida cotidiana, incluindo as relações de trabalho, processos de controle e subordinação nas relações de gênero (Grimberg, 2002).

No cotidiano dos moradores do município de Rosário da Almas (Vale do Jequitinhonha - Brasil), há uma divisão simbólica fundamental que se apresenta na vida dos jovens, através de representações que dizem do que é o mundo masculino e do que é o mundo feminino. No entanto, estes princípios dicotômicos não são inteiramente vividos, posto que, na sua experiência social, o diálogo que travam traduz a polaridade dada à complexidade multiforme dos sentimentos e dos sentidos que se reinventam; pois, a desigualdade entre homens e mulheres não é vista como um processo social, mas “uma realidade ontológica”, em que, tal como observa Miguel Vale de Almeida (1995, p. 242), para ocaso português por ele estudo, “(...) os dominadores não têm ‘complexo de culpa’, as(os) dominadas(os) resignam-se”. Cabe recordar trechos dos depoimentos de duas jovens, uma do contexto brasileiro em que diz “os rapazes aqui são machistas!” (19 anos, ensino médio completo, moradora no núcleo urbano do município); e outra, da Aldeia portuguesa, acerca da sua visão sobre a relação das raparigas com os rapazes: “a gente os suporta…” (18 anos, estudante do 9º ano), pois o traço comum do relato destas moças/raparigas de realidades diferentes é reconhecerem que os rapazes (homens) são machistas, mas, de algum modo, têm que conviver com eles.

No município brasileiro, em muitos casos, as mulheres, por sua vez, são meninas e carregam, em seus ventres, “menino” (uma forma de expressão bastante usada, sobretudo, pelas parteiras, quando dizem que uma mulher deu à luz, ou seja, “teve menino”, teve uma criança); e, no campo das relações familiares e da moça com a conjugalidade, carregam o nome de seu pai (acaso tenham herdado o nome deste, pois, no caso de a mãe ter sido abandonada, pode acontecer de a mulher não colocar o nome do pai na certidão de nascimento da criança); depois carregam o nome de seu marido ao se casarem. No entanto, em algumas comunidades e lares que visitei ou dos quais tive acesso a informações através de depoimentos, a fragilidade da autoridade masculina dentro da organização familiar é considerável; pois, se o homem vai embora, abandonando a mulher, ou mesmo no caso de um falecimento ou separação, com pouca exceção ver-se-á a mulher assumir a figura essencial da aglutinação familiar. Disso pode decorrer de a família sofrer uma redução momentânea devido à ausência da figura masculina; ou, então, no caso de gravidez antes do casamento, ou da separação de jovens casais, rapaz ou moça, tendo também filhos, pode decorrer o retorno à casa dos pais com os filhos pequenos, ou a incorporação da criança (da moça ou rapaz solteiro). Em conseqüência disto é que se vê a ativação da rede de parentela (parentes, vizinhos, amigos próximos e íntimos) e das relações de reciprocidade em colaboração com uma dada unidade familiar.

Assim, em Rosário da Almas, há a recriação da família extensa: “um conjunto de duas ou mais famílias conjugais vinculadas por laços de parentesco” e ou com a combinação da família ramificada: “famílias conjugais moram em residências distintas e são ligadas também por fraternidade” (Almeida 1986, p. 69). Portanto, ressaltando que, nesta recriação da família extensa e ramificada em Rosário das Almas, no caso das famílias das comunidades rurais, também é importante chamar atenção para o fato de que várias famílias dividem-se entre duas residências (uma no espaço entendido por rural e outra no espaço entendido por urbano). Apontam como razão para se dividirem entre duas residências:

a) a escassez de água;
b) dividirem-se espacialmente é uma estratégia da família para se manter vinculada a sua terra;
c) a busca por facilidades de conforto, de saúde, a continuidade da escolarização dos filhos.

Ainda atenta à questão da recriação da família extensa e ramificada, ressalto que um outro aspecto que compõe a família extensa é o da “parentalidade”, quando os jovens têm a experiência da maternidade e da paternidade, mas não vêm a coabitar ou assumir uma união consensual, porém mantêm-se ligados e ligam as famílias da qual descendem através da criança, acionando os avós maternos e paternos na colaboração, cuidados e educação do neto. Deste modo, decorrente disto, constatei que a importância da criação da criança, em Rosário das Almas, é percebida como uma questão de honra, para a moça e para a família da moça, sobretudo, posto que ela, por não ter casado, provocou a vergonha familiar que, imediatamente, deverá ser recomposta quando esta assume publicamente a maternidade, dando demonstrações comportamentais de ser uma “boa” mãe.

Para isso, a família também tem papel fundamental, principalmente moral e afetivo; pois, caso não possa socorrer a moça nas questões materiais, outra rede, a de parentela, vem em auxílio; mas o apoio afetivo consolida-se através da aceitação da gravidez. Por um lado, socialmente e para a família, a moça tem de ser capaz de “criar” seu filho, pois é devolvendo a respeitabilidade de seus consangüíneos que a moça irá ter a sua “autonomia moral da mulher/mãe solteira” (Sarti, 1996). Por outro lado, moralmente, o rapaz não fica “abalado”, até porque, nos casos que observei, a família também vinha em socorro, no sentido de guardar a “respeitabilidade consangüínea”, e, mesmo que o rapaz pouco fizesse para colaborar com a educação da criança, verifiquei que era acionada uma lógica de “obrigações morais” por parte da família e da rede de parentesco do rapaz que, direta ou indiretamente, compunham uma rede de colaboração e, também, de “policiamento” quanto à conduta da mãe.

Se nas relações interpessoais revelam os seus conflitos e tensões, é pouco provável que o espaço geográfico seja o que delimita a cultura ou o grupo social, enquanto que a força da mobilidade dos moradores desse município, faz surgir cotidianamente o redescobrimento da corporeidade. Tratar a corporeidade é colocar em evidência o corpo enquanto matéria humana que se mostra como uma certeza sensível e visível. Neste sentido, se faz imprescindível à compreensão de uma dada situação considerar as relações intersubjetivas em que os sujeitos vão construindo e refazendo os valores num interminável processo de interação (Santos, M. 2002).


No terreno de outra localidade: entre cá e lá

A experiência desse modo, então, é vista como um processo vivido na heterogeneidade dos jovens, posto que a categoria juventude como categoria totalizadora não dá conta, uma vez que estes refletem, em diferentes contextos socioculturais, a diversidade de sua experiência e mobilidade que, por sua vez, inside no campo da sexualidade. Desta maneira, verifica-se que da Aldeia alentejana os jovens movem-se, na pendularidade, por outros espaços numa combinatória que é motivada em grande parte pela necessidade de melhores oportunidades de trabalho e renda, estudo, diversão. Quais sejam:

a) jovens que estão na sede da Aldeia e deslocam-se para o campo;
b) jovens que vêm do campo para a sede da Aldeia;
c) jovens que vão para outros centros urbanos e retornam aos finais de semana ou feriados;
d) jovens que migraram para cursar faculdade e retornam e se empregam na Aldeia;
e) jovens que migraram para cursar faculdade e retornam, mas não conseguem se empregar na Aldeia, e empregam-se na sede do Concelho, ou nos Distritos;
f) jovens das áreas rurais que migram para outros territórios, como na Espanha, França, Suíça, e retornam nos feriados prolongados ou após uma temporada.

Nesta Aldeia do Baixo Alentejo encontrei dois casos em que a “aproximação de famílias” tanto pode se dar pela experiência da “parentalidade” quanto pela da “coabitação” dos jovens enamorados na casa dos pais. Neste caso da experiência da “coabitação”, na voz da depoente, o jovem casal não foi posto em causa socialmente, e ora estiveram na casa dos pais da rapariga ora na casa dos pais do rapaz. Isto talvez explica-se pelo compromisso publicizado da união do casal, acordado pelas famílias. No caso de gravidez, a rapariga (19 anos) soube que estava grávida após ter rompido um namoro, e ter iniciado outro. Somente após ter tido a criança é que foi comunicar ao pai (o antigo namorado, 21 anos, migrante, trabalhando em Espanha). A rapariga está com a criança, o pai registrou-a e colabora com as despesas enviando-lhe dinheiro. Do lado do rapaz (19 anos), os seus familiares não vêem com aprovação a postura que a rapariga teve, entretanto, convivem, mantém relações apenas por causa da criança.

No caso do município rural tratado no Brasil, os jovens, rapazes e moças que vêm das comunidades rurais e residem, mesmo que temporariamente, na sede (o espaço urbano do município) para continuarem os estudos, podendo vir a combinar atividades de estudo e trabalho (remunerado), algumas vezes, têm uma casa que é da família para viverem na sede. E, também, acabam tendo que arrumar algum trabalho em casa de família, como empregadas domésticas, no caso de algumas moças, enquanto os rapazes acabam indo trabalhar como entregadores nas casas de comércio. Nesta condição, os jovens vivem experiências de ser subordinados, mas, sobretudo de ser explorados em sua capacidade de trabalho, pois, sob os domínios da extensão doméstica e familiar, reproduz-se a lógica de reciprocidade que é transposta às relações empregatícias; porém, com o agravante de que o empregador age como se estivesse fazendo algum tipo de “favor” por “ensinar” os jovens das comunidades rurais; ou por lhes ensinar algum outro modo de trabalho que julgam ser melhor. Logo, aí repõe-se a lógica de que o trabalho do jovem é uma espécie de “ajuda” (Garcia Jr., 1983). Entrevistando alguns jovens da Aldeia portuguesa, sobre seus trabalhos, quando fazem a análise entre o que ganham pelo tanto que trabalham, tal balanço pode ser aproximado à lógica da “ajuda”, posto que o jovem está em processo de aprendizado.

Neste caso, a saída da casa dos pais para continuar os estudos pode ser exemplar e responsável, por ser uma das primeiras práticas rituais dos jovens que se somam à trajetória sexual, posto que eles passam ao convívio mais intenso com outros jovens e, nestas trocas, dão os passos rumo ao processo de iniciação sexual e ao desempenho sexual posterior. No caso português, o que se observa é que os jovens não precisam sair da casa dos pais para continuar o estudos dos primeiros Ciclos, somente quando pensam na faculdade é que isto poderá ocorrer; entretanto, é nas saídas noturnas para frequentarem os cafés que os jovens mais novos acentuam o convívio inter-geracional, convivem com jovens mais velhos e, por vezes, mais experientes nas artes da sedução, da iniciação sexual, não descartando a possibilidade de serem iniciados “precocemente”.

Todavia, no caso brasileiro, a saída “provisória” da casa dos pais, com vistas à realização da combinação de estudo e trabalho, ou somente do trabalho, também obedece a singularidades históricas dos sujeitos e, por sua vez, está intimamente ligada à família de origem. Assim, observei que, nos fluxos migratórios internos (das comunidades rurais para a sede), as moças e os rapazes vivem experiências que correspondem a situações nem sempre satisfatórias, devido às dificuldades com o espaço e o tempo de adequação próprios de cada um destes jovens, às interações de amizade, ao “ficar” , ao paquerar, à transição para a sexualidade genital, ao sexo, propriamente dito – caso já não se tenham iniciado no seu próprio espaço de origem.


Vida sexual: conjugalidade, prazer, diversão

Se for possível uma generalização, entre jovens do caso brasileiro, a entrada na vida sexual pode se dar de duas maneiras: diretamente através do amigamento (mais recorrente) ou da união legalizada; neste caso, ainda pode ocorrer de ser a moça inexperiente em assuntos de sexo; um pouco mais demorada e exploratória, mas com vistas ao compromisso da união consensual ou legalizada. Este compromisso poderá ser mais demorado entre os jovens que são migrantes das sedes para outros centros ou mesmo para as fazendas da agroindústria. esta saída para o processo da migração sazonal (para os campos da agroindústria), para além do aspecto de trabalho assalariado e complementação da renda familiar, enquanto possibilidade de realização de prazer e diversões, mostra-se reduzida, mas não diminuta quanto à possibilidade de o rapaz ou a moça virem a encontrar alguém por quem se apaixonar.

Nesta construção da autonomia sexual, a sexualidade genital tem um papel bastante importante; por isso, também há um maior grau de dificuldade, posto que há tensões internas na constituição de uma esfera privada das relações de amizades. Notei, entre as moças das comunidades rurais vivendo na área urbana do município de Rosário das Almas, portanto, maior receio quanto ao ficar grávida, e, por outro lado, o sentimento de “culpa” quando se iniciam sexualmente e não sentem segurança de virem a casar-se ou ter um compromisso de namoro com o rapaz. Há um descompasso entre a informação adquirida acerca dos usos de métodos anticoncepcionais e a incorporação destes na vida sexual dos jovens enquanto prática rotineira.

Uma rapariga (14 anos) entrevistada na Aldeia portuguesa havia tido sua primeira relação sexual, sendo esta não havia corrido como o desejado, pois: primeiro não foi com o rapaz que queria; segundo que não usaram preservativo. Na dúvida de uma gravidez que não fora planejada, ela tinha recorrera à pílula do dia seguinte. Em contraste com as experiências de moças do caso rural brasileiro, aventuro-me em apontar que podemos ter algumas diferenças na maneira de conduzir a experiência de uma relação sexual que não correra conforme o esperado. Fatores como melhor poder aquisitivo somado à rede de solidariedade das amizades pode dar um outro rumo para um caso como o vivido pela rapariga portuguesa. Se em Rosário das Almas, muitas jovens que estivessem desempregadas, ou sem qualquer outra possibilidade de arranjar dinheiro, não teriam condições de recorrer a tal medicamento, ou, então, recorrer à ajuda da rede de amizades para socorrê-la, pois há a combinatória do medo-desconfiança de que isto chegasse ao ouvido dos pais ou se tornasse público; no caso da rapariga portuguesa (14 anos) foi da rede de amizades, composto também de rapazes, a orientação e aconselhamento para tomar tal atitude. No caso brasileiro, dentre muitas das moças que entrevistei não ouvi em seus depoimentos falarem de amizade e solidariedade com os rapazes, ao contrário.

Em Rosário das Almas, tal descompasso acerca do uso dos métodos contraceptivos se dá com os rapazes, somado ainda ao fato de que o machismo ou a idéia de que o homem, o rapaz, estará “imune” às ameaças das doenças sexualmente transmissíveis. Concomitantemente, o rapaz “virgem” sofre o incômodo das pressões por parte de outros jovens mais velhos (ou que já se iniciaram na vida sexual), para se iniciarem sexualmente. Sendo assim, quando se iniciam sexualmente, vê-se que a identidade masculina fica muito mais fortalecida, sendo, portanto, mais um “rito de passagem”, pois, quando se deixa de ser virgem, comprova-se para si a sua virilidade, confirmação privada que, em muitos casos, deve se tornar pública frente aos pares. A ansiedade para a comprovação da virilidade dos rapazes leva-os, em alguns casos, a assumir posturas difamatórias ou vantajosas sobre seu desempenho na conquista de alguma moça. Ou seja, os rapazes ao tecerem fofocas inibidoras contra as moças, visam a corresponder aos estereótipos associados à masculinidade. Não pretendo avançar nesta reflexão comparativa , mas, na Aldeia portuguesa, chama atenção o fato dos jovens cogitarem, insinuarem, uns sobre os outros, sempre que se vê, um rapaz com uma rapariga e vice-versa, a possibilidade de haver um “engate”. Isto gera sempre muitos comentários e inquéritos, dos quais a própria pesquisadora não passou imune.

Em Rosário da Almas, com maior ênfase, percebe-se que, associado à necessidade de comprovar a virilidade, chama atenção também os descuidos e riscos com o corpo, o próprio e o da moça/rapariga, quando desconsideram a prevenção de doenças e da gravidez indesejada. Nessa mesma lógica, agindo assim, sobretudo no caso do estudo brasileiro, também estão correspondendo aos padrões de comportamento masculino correspondentes às gerações de seus pais e avós. A virilidade comprova-se também através do exemplo do filho gerado.

Num processo de transformação motivada pelas imagens que têm dos jovens que vivem em centros mais urbanizados, na área urbana de Rosário da Almas, alguns jovens esperam um tempo maior para darem início à relação sexual e preferem outros contatos corporais e carícias íntimas que se realizam em encontros menos intensos e sem compromisso de parceiros fixos. Os jovens que estão na sede, portanto, aderem mais ao “ficar” (trocas de beijos e carícias íntimas, na maior parte das vezes, sem penetração genital), até se resolverem por uma relação mais estável. Mas isto não elimina a ansiedade do rapaz para ter a experiência genital e, por sua vez, este não deixa de exercer maior pressão na relação com a moça. Dentre a maioria dos jovens com os quais conversei, percebi que as moças querem demorar mais para terem relações sexuais, ao contrário dos rapazes. Elas querem ter segurança, enquanto os rapazes, na maior parte das vezes, apenas querem ter a comprovação de sua potência viril. Mas tanto para as moças quanto para os rapazes a influência dos(as) amigos(as) do mesmo sexo é importante para a entrada na iniciação sexual, porém, não se observou a mesma rede de solidariedade caso alguma coisa não corra bem. Nas sedes, nota-se maior investimento na realização do prazer e da diversão; bem como, a esta, recorrem os jovens das comunidades rurais para se divertirem.


A gravidez é problema para a feminilidade?

De toda forma, retomo a idéia que marcava minhas inquietações de pesquisa no Brasil, acerca da sexualidade entre os jovens rurais, mas que trazia também conteúdos de controle e preocupação social. Ou seja, na formulação inicial, eu perseguia uma hipótese de que a gravidez precoce, já observada em minhas pesquisas anteriores, poderia ser mais recorrente nas famílias de origem rural e que estas também provocavam rearranjos familiares; porém encontrei um outro fator que se sobrepõe à questão da gravidez precoce vista como um problema. Ou seja, diante dos casos que encontrei, no município de Rosário das Almas, a gravidez era precoce quando interpretada biologicamente, uma vez que as gestantes ou mães eram ainda muito jovens, em torno dos 15, 16, 17 e 18 anos de idade; mas não se tratava de casos de mães solteiras ou abandonadas pelos pais da criança, tampouco de moças que afirmavam terem ficado grávidas para se casar, mas, sim, de jovens que deram início à união ainda muito novas através do amigamento e, então, ficaram grávidas. Portanto, a gravidez, entre uma boa parcela das moças, não é vista como um problema ou considerada uma gravidez precoce, é uma solução para entrarem num outro status social – o de ser mãe –, enquanto comprovam socialmente a sua fertilidade, logo, a feminilidade, e entram na conjugalidade. Ou seja, a gravidez precoce visto como um problema social é uma consideração que parte mais das instituições do que propriamente dos jovens (como também de seus pais) que decidem por uma união – sendo que o amigamento ainda é a forma mais preponderante de união. Com a ressalta de um aumento lento e gradativo, os jovens das comunidades rurais estão preferindo uniões oficiais, com casamento no civil ou no religioso, ou em ambos.

Independentemente da faixa etária em que a gravidez ocorra, entre as moças, ter um filho é a representação de que se entrou para a vida adulta. A responsabilidade de um filho é similar ao de um casamento; porém, socialmente, para as moças, a maternidade tem muito mais impacto sobre sua vida do que a paternidade na vida do rapaz; porém isto se deve ao fato de que, neste município, com relação ao rapaz, outros acontecimentos precisam ser somados para que ele assuma, inteiramente, o estatuto de adulto. Na sede do município (urbano), encontrei rapazes que tinham a idéia de que paternidade poderia ser uma das maneiras de eles conseguirem amadurecer e “terem um objetivo na vida”, criar o filho. Porém, se acontecer uma gravidez com uma moça da qual não gostam o suficiente, não acham que devem assumir a mãe da criança, mas reconhecer a paternidade. Todavia, com a experiência da paternidade antes do casamento, a vida de responsabilidades não lhe é tão cobrada, ficando, muitas vezes, à família do rapaz tal incumbência. No caso de o rapaz ter algum outro projeto, como estudar e ter uma carreira profissional, este não é interrompido por causa de uma paternidade. Quanto ao projeto de estudo e carreira profissional, nas comunidades rurais, isto não ocorre com constância, pois, tão logo os rapazes terminam o 1º ciclo do ensino fundamental, abandonam os estudos e ingressam na migração sazonal. E, muitas vezes, com algum dinheiro guardado, logo resolvem assumir uma união.

Como a maternidade representa atributos da feminilidade, também, esta é vista enquanto “dom” que a mulher tem de reproduzir. Logo, há aspectos de caráter moral e religioso que conferem à maternidade dimensões próximas ao “sagrado”; então, poder gerar e ter um filho é “uma benção de Deus”. Por isso, representativamente e no plano dos valores, pode-se abrir mão do casamento, por exemplo, no caso de não se ter a sorte de encontrar alguém para se casar, porque “casamento é sorte”, mas da maternidade, com algumas exceções, as moças não abrem mão. Todavia, principalmente entre as moças que estão vivendo nas sedes, inclusive moças que vieram das comunidades rurais, a representação da maternidade como “sagrada” pode não ser vivida com tanta ênfase, uma vez que as práticas de aborto fazem parte da realidade destas jovens; porém, isto é um assunto que só surge em tom de “segredo” ou de fofoca. Neste sentido, esta serve também como um mecanismo de coerção social que, como num caso de aborto, por exemplo, restringe e controla as negociações entre valores individuais e coletivos; ou seja, limita os aspectos de individuação da jovem, sobretudo quanto à liberdade de uma vida de hedonismo e não de penalidades, mesmo diante de algum “descuido”.

E no caso Português, na Aldeia do Baixo Alentejo, a maternidade é vista como um atributo da feminilidade? Num depoimento, uma rapariga (21 anos, estudante universitária), afirmou que devido ao fato de estar com um namorado fixo já terem experiência de coabitação (conjugalidade), achava que se engravidasse, uma criança seria muito bem vinda, pois, tanto ela como o rapaz querem ser pais. Contou-me que já deixara de tomar a pílula anticoncepcional, além de não fazerem uso dos preservativos.

Desta maneira, talvez seja possível considerar um outro matiz de aproximação, pois, tanto para o caso da Aldeia portuguesa quanto do município rural brasileiro, o fato de os jovens buscarem viver as experiências da sexualidade com maior liberdade não significa que desistiram do ideal de família. Ao contrário, a família é muito importante na vida desses jovens e por isso mesmo é que a convivência de códigos distintos resulta em ambigüidades nas representações acerca da conjugalidade, da própria idéia de ser jovem e da sexualidade, que são vividas nos espaços de sociabilidade.

Não obstante, e por outro lado, no município brasileiro, não seria prudente afirmar que as jovens mães que entrevistei darão prosseguimento a um padrão de reprodução da prole numerosa, pois algumas delas e mesmo rapazes disseram-me que não pretendiam ter muitos filhos, em comparação à geração de seus pais; dizem que queriam ter no máximo três. Porém, e porque a pílula anticoncepcional e os preservativos não são com facilidade incorporados à vida do casal, por fatores que estão ligados a questões que são de ordem econômica, da moral e de costumes, as jovens mães esbarram num impedimento médico, uma vez que, mesmo vendo a esterilização como um procedimento mais eficaz para não terem tantos filhos nem sempre têm a idade exigida (25 anos).

Os rapazes, por sua vez, em relação às moças, demoram um pouco mais para se amigar e se tornarem pais. Para os rapazes, isto se dá, principalmente, quando já se tem uma trajetória no universo do trabalho – experiências das turmas (grupo de trabalhadores rurais) no trabalho sazonal ou outras, relacionadas ao trabalho – que demonstre mais constância e responsabilidade.

Há algumas moças e mulheres de Rosário das Almas, principalmente as que estão nas sedes, que estão protelando a entrada na conjugalidade, bem como na maternidade, empreendendo esforços no projeto da profissionalização. Neste sentido, elas também reivindicam ter uma experiência da sexualidade mais livre, e também mais divertida e prazerosa, sem a pressa da conjugalidade ou da reprodução, mesmo sob alvos de estigmas, principalmente através das fofocas. Sendo assim, elas esbarram no convívio das relações com outras mulheres, algumas delas casadas, e, então, dão-se as assimetrias entre as pessoas do mesmo sexo que são balizadas pela questão de idade e status.


Na instituição, prazer não entra?

Todavia, no caso de mulheres casadas, já se constata no município brasileiro, casos em que estas estão tomando a iniciativa de se separar de seus maridos quando descobrem a infidelidade masculina, ou então quando o casal “já não vive bem”. Porém não seria possível afirmar que tal comportamento representa ou assinala uma transformação na relação da mulher com a conjugalidade, posto que encontrei referências na geração dos avós em que houve a iniciativa da mulher não aceitar o caso extraconjugal do marido, exigindo que ele saísse da casa. Se isto foi um caso de exceção, para a época, nos dias atuais, tais atitudes estão assumindo maior vulto, porém coexistindo com o comportamento de mulheres que se resignam diante de tal conduta masculina. De outro lado, também há a infidelidade feminina, com distintos modos de serem vividos, mas com a predominância da violência, simbólica e/ou física, contra a mulher adúltera. Desta maneira, tais práticas pensadas à luz das do universo matrimonial são vividas enquanto acontecimentos individualizados dentro do contexto das famílias. Venho observando que as separações na Aldeia portuguesa também passam a chamar atenção, sobretudo por ser, em alguns dos casos que estou acompanhando, por iniciativa da mulher.

Isto posto, este município de Rosário das Almas traduz-se na representação de um universo rural que se torna cada vez mais complexo, sobretudo porque diz das transformações que a família rural está vivendo, implicando reposições e deposições de práticas no universo das relações familiares e da interação conjugal, derivadas de outros fenômenos sociais que apontam para um maior controle da natalidade, mudanças nas esferas do trabalho, dificuldades de se viver da agricultura impulsionando homens, mulheres e jovens a outras estratégias de trabalho. Porém competem para tais sedimentações dessas transformações entraves sociais que correspondem ao convívio de tipos de representações distintos acerca do casamento, do tipo de organização familiar que se pretende reproduzir. Neste sentido e na medida em que os jovens estão tendo outras opções, começa também a se instaurar a diversificação das condutas sexuais.

Em suma, entre estes jovens em meio rural brasileiro, há o predomínio da antecipação à vida adulta, principalmente entre aqueles que desistem do projeto da conclusão ou do prolongamento da escolarização. De outro lado, porém, estão os jovens que intensificam e diversificam seus trânsitos de vida, seja entre as sedes locais e as comunidades rurais, seja em outros centros urbanos, em combinação com as experiências de estudo e trabalho. Estes jovens estão prolongando o tempo para a entrada na conjugalidade, assumindo outras responsabilidades e/ou irresponsabilidades, combinando práticas de vida que propiciam maior direito à diversão, lazer e prazer.

Não obstante, o contexto mundial de preocupações acerca da epidemia da contaminação HIV/aids traduz-se em atenções, cada vez maiores, com a iniciação sexual e a sexualidade e, neste sentido, tais preocupações fazem parte dos temas centrais da Secretaria de Saúde e da escola de Rosário das Almas, como questão social, mais do que moral e política. No entanto, não se pode pensá-las apenas como uma problemática da saúde pública que, portanto, deverão ser vistas apenas sob o ângulo das orientações preventivas de base fisiológica, se não se articularem a cultura e identidade com corpo e saúde – sobretudo quando nesta articulação há questões que dizem de contextos de precariedade e vulnerabilidade material e emocional, de relações assimétricas de gênero, como no caso de Rosário das Almas.

Neste sentido, o ser jovem, em Rosário das Almas, não está associado à categoria de idade, mas à responsabilidade assumida através da maternidade e/ou conjugalidade, para as moças, e da combinação da paternidade, trabalho e casamento para os rapazes. Todavia, há aspectos sutis que apontam para outras transformações na ordem das relações homem–mulher, rapazes e moças, através da individualização destes sujeitos e conseqüente autonomização da sexualidade, despregando-se da procriação enquanto “obrigação” social. Mas isto está, também, ancorado a fatores que dizem respeito ao nível de escolarização, emprego e maior mobilidade social.

Para finalizar, para o caso brasileiro, as experiências da sexualidade dos jovens, em trânsito entre campos e cidades, estão suscitando transformações nas famílias rurais. Paulatinamente, são transformações sutis no âmbito das relações entre pais e filhos de Rosário das Almas – de onde se pode extrair a síntese de que está havendo maior tolerância por parte dos pais e adultos diante da reivindicação, às vezes silenciosa, de maior liberdade e oportunidades de diversão, lazer e prazer. Portanto, numa lógica invertida, na comparação entre os jovens rurais e os jovens urbanos brasileiros, os jovens rurais de Rosário estão construindo ou reivindicando a condição de “ser jovem” tal como os jovens que vivem nos centros urbanos do Brasil. Talvez seja o caso de dizer que eles estão descobrindo que podem ser jovens, distendendo o tempo da entrada na vida adulta; ampliando sua visão de mundo. Principalmente quando avançam nos estudos, os jovens vão expressando novos modos de viver e romper com o cerco de poucas oportunidades que o município lhes impõe. Porém é a partir das situações estudadas que se vêem surgir diferentes grupos de jovens; neste caso, a pesquisa para o Brasil demonstrou que, tal como se observa nos centros urbanos, o rural é, nos dias atuais, uma realidade social constituída também da diversidade juvenil.

De outro lado, em terreno europeu, na Aldeia portuguesa outros matizes que dizem respeito ao contexto histório, cultural e sócio-econômico ainda necessitam de maior aprofundamento, entrentanto, pontos de entrecruzamentos relacionados aos valores e mentalidades podem ocorrer nestes dois campos distintos, o português e o brasileiro. Observa-se que há outros fluxos migratórios e expectativas de vida ocorrendo no âmbito desta Aldeia que venho estudando, no Baixo Alentejo. Estas podem concorrer para questões que coloquem em causa as relações homem-mulher que, por sua vez, venham a revelar-nos a reinvindicação destes sujeitos sociais, principalmente entre os jovens, ou a partir deles, por outras maneiras de viver a experiência da sexualidade e da conjugalidade que não corroborem ou correspondam, se não à da geração do pais, à dos avós. Sobretudo, no que ainda pese o modelo de comportamento de submissão da figura feminina nas relações homem-mulher, marido-esposa. Ou seja, colocando em causa um modelo de masculinidade e de feminilidade, talvez, nos dias atuais, ainda cristalizados no âmbito da sociedade portuguesa. Não menos, quando se desloca o olhar para o interior, para o quotidiano dos moradores de uma Aldeia Alentejana.


Notas

1. O nome é fictício. O município está localizado na região do Vale do Jequitinhonha-MG.
2. Este trabalho foi realizado no período de 2000-2005, com financiamento da FAPESP (Fundacão de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), e resultou na tese de Doutorado em Ciências Sociais no IFCH/UNICAMP(Institituto de Filosofia e Ciências Humanas, da Universidade Estadual de Campinas, Brasil). A tese está publicada com o título As flores do pequi. Sexualidade e vida familiar entre jovens rurais. Campinas: CMU-Publicações e Editora Arte Escrita; São Paulo: FAPESP, 2007.
3. O dados e análise aqui esboçados traduzem, com algumas alterações, as conclusões do referido trabalho.
Trata-se de uma Aldeia com aproximadamente 1446 habitantes e está localizada na zona de fronteira Portugal (Alentejo)-Espanha (Andaluzia). Fonte: Caracterização Genérica do Concelho de Serpa, C.M.S., 2001. Neste texto opta-se pela não identificação do nome da Aldeia.
Os seus moradores vivem dos cultivos de olival, culturas industriais (por exemplo, o azeite), pastagens permanentes; a pecuária também é expressiva na criação de ovinos, aves e suínos. Além dos pequenos comércios, de roupas, alimentos, remédios; atendimentos nos cafés e restaurantes; serviços administrativos na Junta de Freguesia, no Banco, outras repartições públicas.
4. As entrevistas com os jovens concentrou-se na faixa etária dos 14-19 anos de idade, mas outros na faixa etária subseqüente também foram entrevistados.
5. Na divisão geográfica, o município pertence ao Alto Jequitinhonha – Minas Gerais. Originou-se da migração de ex-escravos e aventureiros à captura do ouro anunciado nas águas do rio Capivari, nos idos de 1728. Conta com aproximadamente 15.225 habitantes (Fonte: IBGE, Cidades@, Censo demográfico 2000). Os moradores das comunidades rurais vivem da agricultura de aprovisionamento e das migrações para outras regiões do Brasil, enquanto driblam os longos períodos da seca nesse ambiente de chapada: terras planas e elevadas com limitadas nascentes d’água (Galizoni, 2000). Também já se constata no município e região do Vale do Jequitinhonha, as migrações internacionais à procura de trabalho.
6. Até porque é na sede que podem ter acesso mais fácil à água, eletricidade, correio, escola, saúde (Carneiro, 1998; Veiga, 2003).
7. Sobre esta associação ver o trabalho da dissertação de mestrado, Sertão de Jovens: Antropologia e Educação, editado pela Cortez Editora, Coleção Questões da Nossa Época, 2004.
8. No Brasil encontrar-se múltiplos significados para esta denominação, podendo ser desde o cultivo do próprio terreno, o trabalhar na própria terra, como ser o que se planta (a roça de arroz, milho…), e a própria demarcação do espaço rural em contraponto ou oposição ao urbano (o morar na roça). Para Rosário das Almas, as múltiplas interpretações cabem, sobretudo quando se olha do lado dos jovens, uma vez que alguns já não querem ser relacionados à roça, mesmo quando nela residem. Neste caso, vê-se acentuar a demarcação da representação do rural em oposição ao urbano.
9. As sedes ficam mais movimentadas e menos desertas com a circulação dos moradores das comunidades rurais que, além da presença física, também consomem e dão lucro ao pequeno comércio local.
10. Cf. Maria Luiza Heilborn, et al. (1993), “o termo parentalidade engloba a idéia de maternidade e de paternidade. O neologismo visa suprir a falta de uma palavra em português correspondente a parenthood, na língua inglesa (p. 15).
11. Conforme observa Fávia M. Galizoni: “No Alto Jequitinhonha família possui um significado duplo. É unidade de reprodução constituída pelo marido, mulher e filhos, quase sempre coincidindo como grupo doméstico, mas nem sempre com o de residência. Significa também rede de parentesco – tios, primos, sobrinhos etc. – uma família ampliada derivada de um ancestral comum. No termo família estão articuladas estas duas definições, sendo que podemos entender a família nuclear como um ciclo de fragmentação da família extensa. Esta assertiva local de família está muito próxima da explicação oferecida por Maria Isaura Pereira de Queiroz (1973:53) em sua reflexão sobre o campesinato brasileiro: ‘a família do sitiante se apresenta como conjugal do ponto de vista econômico, porém se define como parentela, quando tomamos a perspectiva das relações sociais’”. In A Terra Construída: família, trabalho, ambiente e migrações no Alto Jequitinhonha, Minas Gerais. Dissertação de Mestrado. Departamento de Antropologia Social da F.F.L.C.H./USP, 2000, pp. 47-48.
12. Neste texto campo é entendido como uma categoria que emerge do contexto estudado e que pode ser o espaço entendido como mais rural, para os moradores da Aldeia. Outras nominações aparecem também para destacar e indicar o local, como o monte, a ermida.
No Alentejo, monte pode ser uma propriedade rústica cuja composição, geralmente é de montados (terreno com sobreiros ou azinheira) e terra de semeadura. A ermida é uma pequena igreja ou capela que está localizada fora da povoação.
13. Estudos do investigador Daniel Melo (ICS-UL), acerca da emigração portuguesa, observa que do Alentejo partem um dos principais contingentes migratórios de Portugal, sendo expressivo a população de emigrados, inclusive no caso estudado por ele, na Bégica.
14. Nestes termos, não se descarta que a sexualidade pode ser agregada a outros tipos de experiências que atrela a condição juvenil e as perspectivas profissionais, tanto no caso brasileiro como no caso português.
15. Cf. Sheyla P. da Silva a palavra deriva do “flirt: palavra de origem inglesa, que significa “flertar, namorar, paquerar” e, segundo o Dicionário Collins Gem. “é o ‘olho no olho’ com intenções de sedução e conquista”. In “Considerações Sobre o Relacionamento Amoroso entre Adolescentes”. Silva, V. & Magro, V. M. M. Caderno CEDES 57. Educação, Adolescências e Culturas Juvenis: diferentes contextos. Centro de Estudos Educação e Sociedade – 1ª Edição, agosto/2002, pp. 23-43.
16. Tal expressão é empregada no município para dizer de duas pessoas que se unem, coabitam, sem terem legalizado tal união no civil ou religioso.
17. Até porque ela pode ser prematura e ineficaz.
18. O uso de tal expressão entre os jovens portugueses e mesmo entre adultos quer dizer que se procura alguém para ter uma relação íntima/sexual de curta duração.

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