sim, procurei um ramo. uma raiz que saísse das tuas costas e florescesse, meses ou anos depois, sobre o teu peito. uma solução que te fixasse, atravessada, entre os dois extremos de um ramo, a raiz e a flor, a carne das folhas. uma coisa violenta, que fizesse mal ao texto, que provocasse sangue entre as sílabas.
um caminho pedregoso, onde nem tu nem eu parássemos alguma vez. incansáveis nas nossas saias brancas. um casa pequena de madeira, de janelas acesas, de onde saissem incontáveis pedras para a atmosfera. árvores despidas, quer dizer, negras, negras como um corpo nu de negra, espalhadas longe, e por vezes horizontais, como uma caravana que atravessasse a paisagem e marcasse um horizonte.
sim, procurei o diálogo das árvores, a conversa que entabulam quando se debruçam sobre os caminhos, e falam das feridas das noivas que passam, fugindo dos casamentos que os convivas desvirtuaram. para esses restos de ti fiquei, com um inverno a passar-me ao centro, a desproteger-te os seios, e as casas dos poetas românticos todas em volta, dispersas na paisagem a preto e branco, como pombas.
lá dentro há mulheres que tricotam o seu enxoval, debruçam-se sobre os carrinhos de linhas, guardam-nos dentro de caixas para que não voem enquanto esperam.
vi a desordem de cada pessoa, de cada peregrino. nada diziam de interessante, apenas produziam sons diferentes, como se quisessem imitar animais. um afirmava ter-te visto atravessada por um ramo, e estavas a cores, porque à frente o vermelho maculava-te as saias. abri uma pomba, procurei aí o teu coração; mas só encontrei os olhos de uma casa, perguntando por que a tinham posto junto ao rio, longe dos caminhos.
amontoei lenha, com a sensação de estar a fazer uma obra grandiosa, aplicando o meu calor no futuro.
olhei o caminho: ora lá estavas tu, ora apenas pedras, terra, pequenos veios de água das chuvas dos últimos séculos. disse: isto é uma paisagem. disse: preciso de umas mãos em volta do que resta do mundo. umas mãos finas, que segurem um ramo só. que estanquem a raiz. que apertem o sangue nos seus limites.
um caminho pedregoso, onde nem tu nem eu parássemos alguma vez. incansáveis nas nossas saias brancas. um casa pequena de madeira, de janelas acesas, de onde saissem incontáveis pedras para a atmosfera. árvores despidas, quer dizer, negras, negras como um corpo nu de negra, espalhadas longe, e por vezes horizontais, como uma caravana que atravessasse a paisagem e marcasse um horizonte.
sim, procurei o diálogo das árvores, a conversa que entabulam quando se debruçam sobre os caminhos, e falam das feridas das noivas que passam, fugindo dos casamentos que os convivas desvirtuaram. para esses restos de ti fiquei, com um inverno a passar-me ao centro, a desproteger-te os seios, e as casas dos poetas românticos todas em volta, dispersas na paisagem a preto e branco, como pombas.
lá dentro há mulheres que tricotam o seu enxoval, debruçam-se sobre os carrinhos de linhas, guardam-nos dentro de caixas para que não voem enquanto esperam.
vi a desordem de cada pessoa, de cada peregrino. nada diziam de interessante, apenas produziam sons diferentes, como se quisessem imitar animais. um afirmava ter-te visto atravessada por um ramo, e estavas a cores, porque à frente o vermelho maculava-te as saias. abri uma pomba, procurei aí o teu coração; mas só encontrei os olhos de uma casa, perguntando por que a tinham posto junto ao rio, longe dos caminhos.
amontoei lenha, com a sensação de estar a fazer uma obra grandiosa, aplicando o meu calor no futuro.
olhei o caminho: ora lá estavas tu, ora apenas pedras, terra, pequenos veios de água das chuvas dos últimos séculos. disse: isto é uma paisagem. disse: preciso de umas mãos em volta do que resta do mundo. umas mãos finas, que segurem um ramo só. que estanquem a raiz. que apertem o sangue nos seus limites.
copyright voj 2007
Foto: Natasha Gudermane (rep. aut.)
Fonte: http://photo.net/photos/gudermane
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