sábado, 26 de dezembro de 2009

florestal, intenso










Se os olhos se fecham

Ao mesmo tempo

Que os lábios se apartem:

Ao máximo;



Se esse movimento coincide

Com o escurecer dos troncos,

E a floresta engrossa - e se abre:

Ao máximo;



E se a floresta parte

A toda a velocidade para cima -

E ao mesmo tempo se desdobra,

Se vira em todas as direcções,

Ao máximo;



E se a rotação das pernas

Atinge os êmbolos eléctricos,

Os motores das violas nos músculos,

Fazendo ondular o ruído dos lençóis:

Ao máximo;



E se então um fio negro se atravessa,

E liga, faz contacto no fundo para além do fundo,

Cola mais o que já parece estar colado,

Ao máximo;



E se um grito pode ainda evocar

Esta explosão, este assassínio,

Esta insistência, essa violência

Máxima;



Estraçalhar com fúria todo o escrito

Todo o dito, todo o ansiado,

Numa agonia prolongada

Ao máximo.



Quase coincidência.

Quase perfeito

Ajustamento,



Que volta sempre em onda,

Numa nova tentativa,

Arrastando energia, a cor negra

Em atrito e furor;



Se os troncos entram suados

Pela floresta dentro, e a sua humidade

Estraçalha, rompe ao máximo,

Espalhando seios em todos os sentidos,



E se ouve

A coincidência do grito,

A intenção das gargantas

Viradas para cima,

A direcção das luzes voltaicas

Saindo em rompante.



Para quando, diz-me,

verso seguinte,



Esse quase-tudo

Levado ao máximo,



Esse apaziguamento

Dos corpos derrotados pela luz,

pela sua própria corrente,



E essas gotas de sauna

Pingando lentamente



Na floresta negra


toda


tombada.




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imagens: foto de rrp reestruturada por voj; catedral de durham (voj)
texto voj porto 25.12.09

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