Na sociedade hiper-segmentada, sub-tribalizada de consumidores, em que cada qual, para fugir à hemorragia de "informação", quer dizer, ao mar de programas em que se afogaria, procura avidamente o seu nicho identitário, com o qual vai identificar-se (numa completa identificação com o seu fantasma) há uma série de atitudes relativamente à imagem própria que são de extrema comicidade no seu carácter inócuo:
- exposição máxima, caso extremo do sistema super-star
- exposição recatada, do tipo encriptada, só para amigos e só a conta-gotas, por vezes com carácter tribal ou sub-tribal (goticismo, clubes de fãs, etc, etc)
- vontade de reservar a imagem para o seu próprio espelho, como se a consciência, destruída numa suposta e mirífica autonomia anterior, quisesse ainda preservar a sua "verdade" última do mercado, da mercadoria que a consciência é, de si para si.
Talvez esta última atitude, na sua inocência (?), seja a mais cómica. É a da avestruz com a cabeça na areia, imersa no escuro da sua "intimidade", enquanto o sistema já metastasiou todo a extensão do seu desejo, desde o interior. E, neste recato reclinado, as partes íntimas ficam à mercê, ou, como diz o povo, a jeito.
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