Se há coisa que demonstra como Portugal ainda está marcado pelo tempo do fascismo é o lugar que a viajem ocupa na fantasia dos portugueses.
"Viajante Acidental" não cabe dentro dos parâmetros dessa fantasia. Viajar por trabalho equivale a qualquer coisa como férias pagas, ou seja, o filme de Kasdan na fantasia portuguesa seria algo como um "bon vivant" de terra em terra (talvez tipo personagem do DiCaprio no "Agarra-me se puderes").
Há razões: após 48 anos de fascismos, onde se habituaram à ideia de que os aviões eram lugar para apenas privilegiados (o que ainda hoje é visível nos vôos da TAP e no estilo burguês-a-atirar-ao-chic), e no país onde hoje se registam dos maiores índices de desigualdade da Europa, viajar é ainda visto como um bem de prestígio.
Por esse mesma ideia é que muitos portugueses ainda imaginam que o trabalho de hospedeira de bordo, é algo de maravilhoso (está a par da velha fantasia em que a hospedeira pergunta:"chá, café, eu?). No outro dia dizia-me uma amiga: acho que afinal não é assim tão bom, aliás penso que é como o trabalho de uma lojista misturado com empregada de café, só que com o agravo de ter de ser feito sujeito a turbulência, etc.
Em suma: estou com jet lag. Vou dormir. Viajem bem.
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