Transferência "(...) A PSICANÁLISE INVENTOU DE FACTO UMA NOVA FORMA DE AMOR CHAMADA TRANSFERÊNCIA." JACQUES-ALAIN MILLER (Lacan Dot Com)
sábado, 31 de outubro de 2009
já
Onde a noite.
Onde a jovem.
Com o sexo rodeado de pétalas vermelhas.
Com as virilhas cheias de lantejoulas.
A jovem,
já.
Todo o corpo do carro o exige,
Todo o tempo se projecta em frente,
E os tubos, e os orgãos, e as rodas, e a música,
Já.
A mais absoluta desvergonha.
O mais total carinho, não de palavras:
Mas o acto simples, simples, desdobrado
No silêncio eterno e impiedoso.
Despido de lirismo, nu de literatura.
São as batidas do coração
Nas baterias da noite:
já!
A jovem do sexo completamente forrado
De veludo, exalando um odor a incenso,
De rosto completamente coberto por camélias,
De sexo exposto e belo.
De boca debruçada amorosamente
Sobre este sexo seguro no ar, todo um calor envolvendo
A púrpura inchada, a única força que resiste
No meio da noite, entre os lampiões.
A última beleza que resta.
A única noite que há.
A única jovem, a jovem única, a jovem
Já,
Dando totalmente sua ternura,
Não de bejinhos e carinhos e outros inhos
que poluem a cidade,
Mas do acto carnal, maravilhosamente
Desbragado e saboroso.
O sexo rodeado de corações de veludo,
E o coração rodeado de sexos de pétalas,
E esta urgência
Por ruas íngremes
A agonia, a ternura da agonia
Para morrer já
Com a boca da jovem abraçando a púrpura
Da cabeça do sexo altivo, feliz, em júbilo,
Essa cumplicidade jovem e simples.
No meio da noite,
Já.
Já.
Esperma, esperma jovem e grosso e feliz
A descer para as águas negras e
Já grossas e velhas do Douro,
Aqui. Agora, Já.
texto e foto voj out. 2009 porto
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