sábado, 31 de outubro de 2009



















Onde a noite.
Onde a jovem.
Com o sexo rodeado de pétalas vermelhas.
Com as virilhas cheias de lantejoulas.


A jovem,

já.


Todo o corpo do carro o exige,
Todo o tempo se projecta em frente,
E os tubos, e os orgãos, e as rodas, e a música,


Já.

A mais absoluta desvergonha.
O mais total carinho, não de palavras:
Mas o acto simples, simples, desdobrado
No silêncio eterno e impiedoso.


Despido de lirismo, nu de literatura.



São as batidas do coração
Nas baterias da noite:


já!



A jovem do sexo completamente forrado
De veludo, exalando um odor a incenso,
De rosto completamente coberto por camélias,
De sexo exposto e belo.



De boca debruçada amorosamente
Sobre este sexo seguro no ar, todo um calor envolvendo
A púrpura inchada, a única força que resiste
No meio da noite, entre os lampiões.


A última beleza que resta.
A única noite que há.


A única jovem, a jovem única, a jovem
Já,


Dando totalmente sua ternura,
Não de bejinhos e carinhos e outros inhos
que poluem a cidade,

Mas do acto carnal, maravilhosamente
Desbragado e saboroso.

O sexo rodeado de corações de veludo,
E o coração rodeado de sexos de pétalas,


E esta urgência
Por ruas íngremes


A agonia, a ternura da agonia
Para morrer já
Com a boca da jovem abraçando a púrpura
Da cabeça do sexo altivo, feliz, em júbilo,



Essa cumplicidade jovem e simples.

No meio da noite,

Já.



Já.


Esperma, esperma jovem e grosso e feliz
A descer para as águas negras e
Já grossas e velhas do Douro,


Aqui. Agora, Já.



texto e foto voj out. 2009 porto

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