sábado, 8 de novembro de 2008

flor













Quando a flor,
Em toda a expansão das suas pétalas
Cresce sobre a coluna
E alucinada diz:

Vê-me crescer.
Vê a minha expansão
Imensa, magnífica, grave,
Ouve em mim a voz do Criador!

As colunas começam a descer o universo
As colunas começam a descer os poços
Da eternidade.
Procuram os crustáceos
Do início do Mundo,
As conchas da palavra.

E em cada silaba a flor magnífica,
Enorme,
Desabrocha,
E diz.

Assiste ao talento a crescer.
O seu divino momento.
Vê a elasticidade do pensamento,
A soberania da imagem
Descendo do coche celeste.

E mesmo quando a púrpura da doença
Invade a flor, ainda esta se mantém pura,
Intacta, porque todo o seu ser íntimo
Está na reserva inviolável.

E a Inviolável diz:
Subo pelas colunas, expando-me
Nos templos vazios
E é assombrosa a minha extensão.
Vê, ouve a voz do Criador,
Dobra os joelhos sobre a penugem
Do sexo, encosta as espáduas
À verticalidade dos aspiradores.

Subimos todos conduzidos
Pelo baixo profundo
Do Segredo.

Cega-te perante esta majestade,
Perante este poder das corolas.

Sê, por um momento,
À altura da tua condição humana,
Liberta-te dos musgos,
Repete incansavalmente comigo

A expansão dos dedos, estende
A ideia de flor à totalidade da face
Vivida.



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Fonte das imagens - Cecilia Paredes - :
http://www.arthobler.com/artists/cecilia%20paredes/pages/cecilia%20paredes%20home.htm
Cortesia da Galeria Arthobler, Porto

Texto: voj porto novembro 2008

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