Transferência "(...) A PSICANÁLISE INVENTOU DE FACTO UMA NOVA FORMA DE AMOR CHAMADA TRANSFERÊNCIA." JACQUES-ALAIN MILLER (Lacan Dot Com)
segunda-feira, 22 de setembro de 2008
que lado
Diz-me para que lado
O meu rosto se vira.
Pois vejo mesas, altares erectos
Entre renques infinitos de flores.
E o seu odor forte
Desnorteia-me, enrola os braços
Da sintaxe num emaranho de lianas.
Diz-me se o que vejo é verdade,
Se estas raízes, estes ramos são
O meu corpo.
Pois seja para que lado me volte
O que vejo são tapetes de flores,
Árvores que largaram a raiz
E agora voam no ar como corpos soltos
Altares arrastando uma cabeleira verde
Enormes pairando sobre a minha cabeça
O meu nariz explodindo em narinas
Por onde corre uma seiva verde
Snifo esta realidade tão irreal meu amor
Com a esperança de que ampares
A minha descida
Vejo corredores ao longe
Cheios de mesas postas para a poesia
Arder sobre elas como animal
Sacrificado
Aras do silêncio, não daquele de que já falaram
Todos os poemas:
Mas um silêncio específico
Deste texto, deste lugar, desta desorientação
Desta embriaguez de linhas
Que se me enrolam nos passos do texto
E o vão tecendo em lenho e cinza, em seiva
E verde,
Tão sem sentido, tão inesperadamente.
Por isso diz-me, vês o mesmo que eu,
Olhas na mesma direcção,
Em que lugar estamos,
Que aparição é esta aqui
Que fazem os altares com as flores
Que fazem os ramos descaídos e viçosos
Que fazem as folhas, que composição
Cheia de pássaros invisíveis é esta,
Que me embriaga, que me excita, que me transporta
Progressigamente para o solo,
O solo do céu, o solo alto,
Onde navegam o passado, o presente e o futuro
Cada um em sua cor, em seu cesto
De flores, em sua ara erecta.
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fotos e texto voj 2008
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2 comentários:
Um Poema! :) Em grande...
curvo-me.
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