Conheces as plantas carnudas, rasteiras, que crescem pela superfície do deserto, a sua presença extensa, alucinada, amarela, como a de um mar parado e escondido? Então conheces tudo. Acaricia-as como se fossem o dorso brilhante de uma fêmea jovem. Que mais precisa aquele que vai desfalecer à beira do prazer horrível, tão insuportável como uma dor? Enfia as mãos pela realidade dentro, colhe a sua humidade, nem que ela seja a do sangue indescernível, pois não sabes se sai do teu corpo ou do corpo carnudo que apertas. Não era isso que procuravam os que se abeiravam dos limites, tornarem-se materiais comuns, reduzidos à paragem definitiva das plantas, à sua serenidade amarela?
texto e foto voj 2008
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