quando a libelinha se aproxima
(ampliada mil vezes)
do botão inchado da flor,
do seu rosáceo veludo,
não terá isso algo a ver
com os lábios da jovem
quando carinhosamente se encaminham
para a glande do amado,
ou com o jeito da cobra
que se acerca da presa
num silêncio
muito aberto,
adivinhando-se que a vai
integrar em si,
mesclando-a
pouco a pouco
no amarelo fixo,
compenetrado,
dos seus olhos,
no amarelo místico
do seu corpo todo?
e essa cor de âmbar,
esse indecifrado
exposto,
não será o sítio
de onde nos olha,
fossilizado,
o cerne do mundo?
nisso talvez resida
o princípio geral
da desgustação,
que qualquer um
pode ver
à vista desarmada.
tudo se encaixa
e se acerca
mutuamente,
com uma luxúria
anterior à queda;
pois até o brilhante abraço
do amor e da morte
se encontram presos,
no enlace eterno,
prévio
ao próprio silêncio,
e nele habitam
o interior da jóia.
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