quinta-feira, 25 de janeiro de 2007

Duas intervenções na Universidade Autónoma de Barcelona

Em fins de Março deslocar-me-ei a Barcelona (Campus de Bellaterra, onde fica a UAB) para apresentar uma aula/palestra (dia 27, das 10-11,30 h) no respectivo Departamento de Prehistoria sobre

"Castanheiro do Vento (V.ª N.ª de Foz Côa, NE de Portugal): un sítio monumental de los III y II milenios a.n. e. en el Alto Duero portugués y los problemas que levanta a nivel de la Prehistoria Reciente Peninsular".

No dia 30, de manhã, será outra intervenção, a que farei no

I CONGRESO INTERNACIONAL LOS TEXTOS DEL CUERPO
Universidad Autónoma de Barcelona (Departamento de Filología Española)
Del 26 al 30 de marzo de 2007

“CUERPOS QUE CUENTAN: PRÁCTICAS, DISCURSOS, MIRADAS” (ver postagem anterior)

Essa minha comunicação será a seguinte:

A PERPLEXIDADE FACE A FACE: AMBIGUIDADE RADICAL DA IMAGEM COMO ROSTO SEDUTOR

Resumo: O corpo, parecendo um dado universal, e um suporte de signos como Marcel Mauss e tantos outros mostraram, é de facto, como realidade objectivada, uma invenção recente da nossa cultura.
A sua suposta expressividade, e em particular a do rosto (“espelho da alma”, conversa “olhos nos olhos”, etc.), estão também ligadas a uma série de mitos ou obsessões contemporâneas, como as do amor romântico, da sedução, do fascínio.
Pois que é o rosto, ou a sua imagem, senão uma abstracção, uma realidade fluida, uma imagem que se não pode fixar, um fetiche? Que pode um rosto comunicar (isto é, mostrar e ocultar ao mesmo tempo)?
De onde deriva a força de sedução da imagem do rosto erótico e do que é eventualmente considerado “pornográfico” (sendo que a fronteira das duas “realidades” tende evidentemente a esbater-se) ? Qual o poder que tem sobre nós, nós que já não somos aqueles que vêem (controlam) as imagens, mas sim os que são observados e interpelados por elas, por todo o lado, e a cada momento, desde os espelhos à publicidade?
Quem são os eus de mim e quem são os eus dos outros que me olham dessas fugazes (e por vezes fulgurantes, perturbadoras, eventualmente sedutoras) imagens?
Como se pode atingir o cansaço de tanta pseudo-comunicação? Como pode o desejo exaurir-se na multiplicidade dos seus objectos?
As questões da “verdade”, da objectividade, da representação e da auto-representação, e ainda da comunicação interpessoal, entre muitas, estão aqui, necessariamente, presentes.
Interroga-as o poeta e o arqueólogo, mesclados num só ser biográfico, que procura salvar-se da camisa de forças disciplinar com que tentaram encarcerá-lo nos hábitos do senso-comum e nas celas compartimentadas do saber e da experiência, isto é, da vida frustrada.

Palavras-chave: rosto; ambiguidade; sedução.
Keywords: face; ambiguity; seduction.

Irei também estabelecer conversações com os colegas e amigos arqueólogos de Barcelona no sentido de colaborações futuras, ao nível de alunos e de docentes.

2 comentários:

Anónimo disse...

Estimado Professor Vitor Oliveira Jorge

Parabéns pelo blog e pela oportunidade sempre louvável de ler, na língua de camões, questões essenciais sobre teoria e epistemologia em Arqueologia.

Por isso, e a propósito da conferência na UAB, achei uma certa piada à mudança de nomenclatura de “a.c.” para “a.n.e.”! Será este pormenor um indício de uma mudança na abordagem teórica do objecto analizado ou apenas uma concessão à militância ortodoxa, uma tradução mais socialmente comprometida ou uma simples adaptação ao público ouvinte, num local que outrora já se denominou Departamento de Historia de las Sociedades Precapitalistas?

Miguel

Vitor Oliveira Jorge disse...

Obrigado.
a.n.e. = antes da nossa era ou a.C. = antes de Cristo, para mim é igual.
Apenas usei porque é mais habitual em Espanha e naquela zona em particular...
nas questões de fundo tento pensar por mim, como toda a gente, o que bem trabalho dá!