há dois mil anos que Cristo se estica na cruz na tentativa de ver o pai, os seus olhos de diamante total. entre estremecimentos que sacodem toda a terra, atado pelos pregos ao madeiro que o enlaça, sobe e desce na sua atitude agónica e suplicante. Como figura exposta ao olhar de milhões de crentes (mesmo os que fingem indiferença) é a imagem do excesso pornográfico, expressa o grito que todos fechamos na faringe, assim como esconde o sexo sob o manto que estranhamente nunca cai. vem-se constantemente em sangue e linfa, salpica as mulheres que em baixo lhe recolhem a preciosa semente nos vastos mantos estendidos. rodeia-o um rebanho de ovelhas mansas, os discípulos, aturdidos com a cena, olhando alternadamente para ele e para a erva, sem saberem se hão-de rezar, se hão comer. é este o drama do ser humano: não estamos na cruz e nunca atingimos o pathos que tanto procuramos; não somos ovelhas e não conseguimos confiar, pastar sossegadamente, soltar excrementos como murmúrios; e ainda não vimos maneira de dar explicação a isto tudo.
por isso contemplamos, escrevemos, açoitamo-nos, fornicamos, e por vezes matamo-nos uns aos outros, desesperados por não podermos ter fé. por não conseguirmos, na nossa vã procura, alcançar uns momentos para acreditarmos firmemente em algo, ou cometer algum crime que nos permita ser cruficiados à direita e à esquerda de Jesus, como bom ou mau ladrão, tanto faz.
Fonte:http://www.religion-cults.com/art/cross-dali2.htm
por isso contemplamos, escrevemos, açoitamo-nos, fornicamos, e por vezes matamo-nos uns aos outros, desesperados por não podermos ter fé. por não conseguirmos, na nossa vã procura, alcançar uns momentos para acreditarmos firmemente em algo, ou cometer algum crime que nos permita ser cruficiados à direita e à esquerda de Jesus, como bom ou mau ladrão, tanto faz.
Fonte:http://www.religion-cults.com/art/cross-dali2.htm
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