domingo, 21 de janeiro de 2007

rubi

uma mulher sabe apartar as nádegas e erguê-las de forma tão completamente conseguida, de modo a expor a brecha central que a atravessa, que chega a lembrar a aproximação incomensurável do pêssego inchado, aquele que abre na sua pele uma fissura a curta distância, entre os nossos olhos.
nesse movimento, encontram-se em curto-circuito uma série de linhas, de volumes, de tensões e de forças. uma alucinação de cores poderosas, sanguíneas.
não é bem o interior do fruto, a sua polpa oferecida; são uma série de cortinas que se revelam, espessas, em dobras sucessivas, sobrepostas, como se entre elas não houvesse tempo, ou como se aquele segundo, aquela visão, desocultasse a eternidade.
é então absolutamente impossível ao Cavaleiro não se curvar, subjugado, tirando do bolso da metálica armadura o rubi aí longamente retido, e que com ele atravessou imensos campos de batalha.

copyright v. o. j. 2007

2 comentários:

Joana C. Teixeira disse...

Tenho parado calmamente a cada pedra preciosa e gosto especialmente de cada uma que vem chegando.
Ainda que o ambar nao seja um mineral nas contas finas da ciencia, espero que seja a excepçao organica no seu livro. Sugestao por um gosto especial, pelo seu torrado solar, as vezes ja como nos fins de tarde.

(peço desculpa pela falta de acentos - vicissitudes de um teclado desconfigurado!)

Vitor Oliveira Jorge disse...

Espero continuar a interessá-la até ao fim do meu mostruário, que já está quase pronto...