sábado, 13 de janeiro de 2007

Eu não queria um blogue....

... que fosse um monólogo, ou uma exibição narcísica de feitos ligados directa ou indirectamente à minha pessoa ou entes mais chegados.
Por isso durante muito tempo não me interessei por tal forma de "exposição"...

Mas embora esta seja uma distinção teórica, é fundamental, e básica: uma coisa é o eu biográfico, que pode ter interesse sobretudo para os meus amigos e familiares, outra o eu-autor, que é identificado com o do meu eu biogáfico, mas que é outra coisa completamente diferente (espero). Esse eu-autor é coisa pública, e é esse que vem tentar dialogar aqui. Nada de confusões entre os eventuais ingénuos!
Não vou entrar na problemática - um pouco descabida neste contexto - que consiste na ideia de que, quanto mais informação, mais enigma, ou seja, quanto mais uma pessoa se revela, mais se adensa o segredo em torno de si! É dos manuais de bolso de psicologia... sendo que não há coisa pior na vida do que um manual, e ainda por cima de bolso - é o saber cinzento, empacotado, classificado, embora às vezes dê jeito.

Vários amigos escritores têm-me enviado cartas ou mails sobre os meus últimos livros. Ao transcrevê-los aqui, não estou a revelar publicamente correspondência pessoal, mas opinião do autor x ou y sobre um "autor" que até tem o meu nome, e cuja escrita a mim próprio evidentemente me escapa. Ou então teria de concluir tragicamente que tudo o que escrevi não tem qualquer interesse poético ou outro, e, aí sim, estaria numa situação embaraçosa...

Cá vão então três mensagens que gostei de receber:

“Peço-lhe que aceite o abraço que vai aqui, de gratidão pela oferta do seu belíssimo "Total Afloração", e de parabéns por ele. O seu mapa poético expande-se cada vez mais aos frutos da Terra, o que é sinal de imparável, e consequente, respiração criativa.”

Mário Cláudio

“Um bom encontro com o seu novo livro – “Total Afloração”. Uma bela apresentação (o desenho na capa do Albuquerque Mendes) e uma poesia que encontra a fluidez em que se procura, como dizem alguns versos, “ o cerne da luz”, “o olhar desmunido”, “a descrição de flor a flor”.

Fernando Guimarães

“Pequeno Livro de Aforismos” e “A Suspensão do Mundo”. Poesia generosa e inspirada (e, portanto, muito sentida) que vou lendo ao sabor das águas do instante, aliás como a poesia deve ser lida. Andam por aqui coisas de que gostei muito, “vem depor o teu centro, / como um ovo branco, / na minha palma.”, e são precisamente essas visões mínimas que me fazem desviar da poesia (do livro) para me levarem a uma reflexão sobre o mistério da vida...”

Casimiro de Brito

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