sábado, 13 de janeiro de 2007

Conhecem a colecção?




Chama-se Biblioteca de Arqueologia, e é da Editorial Afrontamento, Porto.
Página web: http://www.edicoesafrontamento.pt/
Para já publicou estes dois livros cujas capas reproduzo.
Por que é que outros arqueólogos portugueses - com raras excepções, como as de Jorge de Alarcão, João Luís Cardoso, Nuno Bicho, Luís Raposo, António Carlos Silva, Carlos Fabião, António Valera, sem querer de modo algum ser exaustivo - não produzem mais livros dirigidos ao público, legíveis, com boa apresentação, facilmente manuseáveis, em editoras que contribuam para a visibilidade social e cultural da arqueologia, e com obras que o mereçam?
Não precisam de recorrer aos aspectos "românticos e misteriosos" da arqueologia tantas vezes exploradas em literatura de não especialistas ou em programas televisivos. Não quer dizer que a arqueologia não seja também uma paixão, como qualquer outra actividade e saber: mas aparece carnavalizada em muitas instâncias que utilizam recursos fáceis junto do público.
Isso - a edição de obras de autores portugueses que possam, nas feiras do livro, estar ao lado de escritores, por exemplo - é um passo fundamental para a afirmação da nossa disciplina e da nossa profissão. Esse segmento de mercado existe - é enorme o fascínio de muitas pessoas pela arqueologia - só precisando de ser mais "ocupado" por produtos de qualidade, para falar na linguagem dos economistas e gestores.
Por exemplo, o livro de Susana Oliveira Jorge, editado em 2005: é um caso muito interessante porque mostra, ao longo dos seus capítulos, como evoluíu o seu pensamento no decorrer de um processo de investigação de uma década. Ilustra um aspecto essencial da prática e do "ethos" científicos: é que eles são a convivência tranquila com a dúvida e com a tentativa de auto-superação constante. Nesse sentido, está muito para além da mera questão específica que estudou. Exemplifica uma atitude que se pode estender a qualquer campo.
Por outro lado, quer-se recomendar aos nossos alunos do primeiro ano de arqueologia uma boa introdução ao tema, barata, curta, interdisciplinar (algo como uma condensação, em livro de bolso, do célebre manual de C. Renfrew e P. Bahn) - e é difícil encontrá-la. É sobretudo muito importante que haja mais traduções de autores pós-processuais, como por exemplo, o livro de Julian Thomas, "Archaeology and Modernity" (2004), referido noutra postagem...

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