apanho já demasiado tarde
o movimento que começou algures
e aqui começa a subir os degraus
da intensidade, com a dispersão das forças
em todas as direcções:
uma implosão parada, com as roupas
e os elásticos todos esticados,
um desespero estático, uma máquina
de atirar os músculos para o ar, contra
as paredes invisíveis:
um desligamento de ligas, uma febre
de tendões, uma electricidade que vem
não sei bem de onde, quando as aves
se tentam desesperadamente desprender
das suas penas, e encontrar no centro
da moela o próprio núcleo da intensidade:
é um concerto em que todos os instrumentos
dão o seu máximo, e no entanto estão parados
como pássaros capturados dentro da sua função
desesperada, tentando virar as vulvas do avesso,
desdobrar no ar as luvas em punho pelo interior.
um revoltejar de fluidos e de silêncios
que precisam apenas do som dos músculos
para encenar toda uma tragédia pianíssima.
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Fotos: Ernesto Timor
Texto: voj porto agosto 2009
2 comentários:
tanto quanto pianíssimo pode ser o movimento do lado de dentro dos corpos... retesados se encontrem os sentidos.
Um abraço
isso !!!!!!!!!
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