domingo, 23 de agosto de 2009

Equilíbrio psíquico e economia libidinal

O esforço que cada um de nós faz todos os dias para reequilibrar a sua vida psíquica (passe a expressão) é algo de tão secreto, e de tão espantoso e subtil... nesta época de desregulação de tudo, incluindo a nossa economia libidinal (no sentido mais amplo), cada dia é uma tentativa de "salvar o dia", de fazer algo que nos dê prazer e paz, felicidade se quisermos (embora a felicidade seja sempre algo construído a posteriori). Ouvimos notícias, circulamos em busca de objectos de desejo,expandimos-nos, contemo-nos,vamos para a cidade, de ruas maravilhosamente desertas no verão, vimos para casa recuperar o equilíbrio da intimidade, e neste jogo vamos sonhando e vamo-nos inquietando com o tempo que virá e que passa... num jogo imparável, secreto, como se dentro de nós (passe de novo o lugar-comum, não há evidentemente nenhum dentro algures de nós) corresse, subterrâneo, sob uma cavidade, um rio imparável, que começou com o nosso nascimento e só descansará com a nossa morte. O pior é que em relação à morte, como diz Nancy, nós nunca estamos nela, pois ou estamos do lado de cá, na sua expectativa, ou do lado de lá em que a nossa morte já só existe para os outros que nos sobrevivem... sofrimento e prazer de viver tão amalgamados e sobretudo tão irrequietos como dentro (de novo a metáfora fácil da interioridade) de um aquário cujos peixes se movimentam incessantes.

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